Capítulo 10 - Corações partidos

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O que será que estão conversando?

***

Giulia:

- A Liz tá estranha hoje, você sabe o que aconteceu? - Diz Felipe.

- Você não sabe? O avô dela faleceu, por isso ela não veio ontem na aula.

- Pensei que ela estivesse assim por outro motivo.

- O que mais aconteceu?

- Eu chateie ela, eu acho. Ela me beijou outro dia e eu disse que tenho outra. - Ele olha pra baixo triste.

- Por que você fez isso? - Digo brava.

- Eu só disse a verdade, ela mexeu comigo de verdade, por isso vim falar com você, não sei o que fazer. - Ele parece realmente triste.

- Se você realmente gosta dela terá que ser sincero com sua namorada, não pode mentir pra ela e nem pra si mesmo. - Falo calma e ele não diz mais nada.

***

Ele pega sua mochila e se afasta dela. Giulia veio até a minha mesa.

- O que estavam conversando? - Digo curiosa.

- Nada demais. - Diz despreocupada.

A professora entra na sala, passa a matéria mas estou tão avoada que nem percebo o que está acontecendo ao meu redor. Fico apenas parada olhando a parede, até que ouço o sinal. Volto pra terra, pego minhas coisas e mudo de sala, Giu vem logo atrás. As aulas passam e eu nem percebo. No intervalo sento com as meninas mas não consigo comer nada. O tempo continua passando, imperceptível. Estou saindo da escola e Felipe me para.

- Posso ir com você?

- Tanto faz. - Continuo andando. Ele me segue.

- Eu fiquei sabendo o que aconteceu, sinto muito mesmo. Se precisar estou aqui.

- Pra depois fazer o que fez? Não, obrigada.

Ele fica quieto e continua me seguindo. Até que de repente atravessa a rua. Fico pensando, será que eu deveria ter sido tão rude? Não, não se questione, o errado é ele.

Chego em casa, checo o celular e não tem nenhuma mensagem, vou para a cozinha e minha avó está cozinhando, só está eu e ela em casa. Meu avô faleceu ontem e ela de pé, cozinhando. Como ela consegue ser tão forte? Bom, cada um supera de um jeito, ela pode estar fazendo isso para não pensar na dor, estavam juntos a mais de cinquenta e cinco anos, muito mais da metade de sua vida.

Felipe:

Chego em casa e já mando mensagem para a Amanda, preciso resolver essa história logo.

"Amanda, pode me encontrar em 30 minutos em frente a praça?"

"Posso sim, amor."

Eu não queria ter que fazer isso, mas se quero ficar com quem eu realmente gosto, com quem faz meu coração palpitar, vou fazer.

Passa-se o tempo, estou esperando e lá vem ela. A abraço e sento num banco.

- Amanda, precisamos conversar sobre uma coisa séria.

- O quê? - Ela parece preocupada.

- Aconteceu uma coisa, na verdade descobri uma coisa, estou bem triste com isso, mas não vejo outra solução.

- Tá bom, eu admito. Mas foi só uma vez. Eu te amo, Felipe.

- O que? Eu não acredito nisso. Eu não estava falando disso, nem sabia que isso tinha acontecido. Mas agora que você já admitiu está tudo mais fácil.

- Não, por favor! - Ela está chorando.

- Foi você quem escolheu.

- Me diz qual era o motivo pelo menos.

- Não, não te devo mais satisfações, acabou. Agora vá ser feliz seja lá com quem você me traiu.

***

Estou em casa vendo TV com minha avó quando a campainha toca.

- Eu atendo, vó.

Vou até a porta, olho pelo olho mágico, Felipe. Pera, ele está chorando? Abro a porta.

- O que aconteceu?

- Minha namorada.

- O que tem ela? - Sério? Ele veio Aqui pra isso?

- Ela me traiu, fui terminar com ela, porque quero ficar com você, mas acho que ela entendeu que descobri que ela me traiu e admitiu antes que eu pudesse dizer o motivo. - Seus olhos estão cheios de lágrima.

Fecho a porta atrás de mim e fico conversando com ele na porta. Fico horas ali, tentando confortar ele, do mesmo jeito que fez comigo no dia que meu avô sofreu o acidente.

- Acho melhor eu ir. - Fala levantando.

- Te vejo amanhã na escola? - Digo com um sorriso.

- Sem dúvida.

Entro em casa, a TV está ligada mas minha vó não está ali, começo a procurar ela. Quando entro em seu quarto ela está deitada, a chamo mas ela não responde, tanto a acordar e nada, aí meu Deus vó. Ligo correndo para a emergência. Quando a ambulância chega eu não posso ir junto, minha tia acompanha minha vó. Queria entender o que aconteceu, ela estava tão bem. Vou para o quarto e fico pensando no que aconteceu. Estou sozinha agora.

- Por favor vó, não me deixe. - Falo olhando o teto. O telefone toca.

- Tia, como a vó está?

- Ela está bem, ela apenas desmaiou, vai ficar aqui somente essa noite.

- Que bom, até amanhã. Se cuidem. - Desligo.

Durmo e no outro dia acordo vou para a escola como sempre. Quando entro na sala não vejo o Felipe, ele não está lá. Cadê ele? Ontem ele estava muito mal, será que aconteceu alguma coisa? Não, não pense no pior. Um pouco depois a coordenadora entra na sala e fala em particular com a professora, ela fecha a expressão na hora. Não estou gostando disso, a sala está em silêncio. Estou preocupada.

- Turma, o Felipe está no hospital.

AMOR NA DOROnde histórias criam vida. Descubra agora