Capítulo 04: Encontrando Os Irmãos

3.6K 200 68
                                    

[Jasper]

Eu senti a tormenta passando através de Alice enquanto dirigíamos no carro. Ela sentia desespero, como se quisesse me avisar de algo, mas as emoções de criar uma mentira, a sensação de duplicidade e culpa, também estavam fazendo pressão contra mim. Meu peito frio contraía-se em resposta. Eu não suportaria que mentissem para mim. Não ela. Não agora.

Pela primeira vez em quase um século, eu finalmente sentia como se tivesse encontrado um lar. Eu havia começado a deixar velhas barreiras caírem, enquanto ela se importava comigo e tentava se certificar de que minhas necessidades fossem supridas. Eu havia até mesmo relaxado perto dela, deixando-a tocar-me como ninguém jamais havia feito. Eu ainda conseguia sentir o formigamento relaxado de quando seus dedos passaram pelo meu cabelo hoje mais cedo. Eu nunca havia sentido tanto conforto como quando ela fazia aquilo.

Agora ela estava mentindo ou talvez escondendo algo, o que era equivalente a mentir. Senti minhas barreiras se levantarem em resposta à ela.

Ela se virou para mim, sua face espelhando a incerteza que se agitava dentro de si.

“Jasper, Ivan e seu irmão Vasily são bons amigos meus, mas eles podem ser um pouco desconcertantes a princípio,” ela começou enquanto suas mãos reviravam-se no volante. Será que sua tormenta teria algo a ver com o bando que estávamos prestes a encontrar?

“Eu percebi isso pelo telefonema.”

“Sim. Bem, eles ladram muito pior do que mordem, então não se sinta ameaçado nem nada do tipo, ok?”

“Eles são uma ameaça?” Talvez essa fosse a fonte de sua desonestidade.

“Não. Absolutamente não. Se eles fossem, eu não te traria aqui. Apenas não deixe eles te atingirem.”

“Alice, eu preciso saber se isso é seguro. Eu não vou deixar nada te ameaçar, mas eu preciso saber. Você compreende?” Se isso fosse uma mentira, então ela seria uma mentira fatal para mim. Eu não deixaria que eles me machucassem, ou à ela. Senti minhas barreiras se fortalecerem quando o medo dela cresceu.

“Se houvesse qualquer tipo de ameaça, eu não estaria aqui, eu juro,” disse ela, mas uma nova onda de culpa emergiu dela. Meu corpo ficou tenso, como se fosse para uma batalha, com a sua resposta. Desta vez, não era para proteger eu mesmo; desta vez, a urgência era para protegê-la.

Ela tomou um fôlego, e pareceu chegar a uma conclusão. “Eu preciso que você saiba que eu nunca lhe traria perigo ou deixaria qualquer um te ferir. Eu não vou deixar nada te ameaçar. Se houver qualquer perigo, eu vou fazer qualquer coisa para acabar com ele. Você acredita em mim, não acredita?”

Eu acreditava?

Não. Ela não estava me contando a história inteira. Isso era certeza. Entretanto, parecia que ela queria contar, então eu decidi pressionar. “Alice, há alguma coisa que você prec-”

“Alice!” Uma mulher deu um gritinho e veio correndo, puxando Alice do carro. Eu abri a porta com tudo e saltei por cima do carro antes que sequer percebesse o que estava fazendo. A mulher, Lena, estava simplesmente a abraçando. Os sentimentos de Lena, pelo menos, eram diretos e excitados. Ela estava quase atordoada de alegria.

“Você deve ser Jasper,” ela disse enquanto recuava um passo e dava um aceno de cabeça para me cumprimentar. “Venha! Nós ficamos esperando vocês chegarem o dia inteiro.” Ela nos conduziu pelas grandes portas para o interior da casa. “Os garotos estão na sala. Eles mal podem esperar para conhecer Jasper.”

Minha mente deu voltas enquanto entrávamos na opulenta casa e íamos até o quarto dos fundos. Alice mandava olhares para mim. Eu estava bem consciente de que nós não estávamos de mãos dadas. Eu estava zangado. Estava zangado comigo mesmo por não ser capaz de confiar, zangado com Alice por não me dizer a verdade, e zangado com a péssima hora que a mulher russa chegou. Raiva e frustração mantiveram minha mão ao meu lado enquanto o forte desejo de tocá-la crescia em mim.

CoalescenceOnde histórias criam vida. Descubra agora