Capítulo VII - Ressurreição

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 — Então, finalmente você chegou até aqui, garota!

— Nadine! — ali, frente a frente com Capitu, estava um de seus alvos. A baronesa Nadine Raj era uma mulher alta, ainda mais alta usando um salto agulha que parecia ser o prolongamento de sua roupa de vinil colante preto, que lhe cobria todo o corpo, deixando de fora apenas a cabeça e um decote em V que realçava os seios volumosos. A pele era pálida como de todos os vampiros e os olhos vermelhos como sangue. O cabelo era extremamente longo e preto. Segurava nas mãos um chicote de fibra de aço com o cabo de madeira.

— Devo admitir que uma criatura insolente e impertinente como você me surpreendeu ao chegar até aqui. Mas eu já a esperava.

— Que lugar é esse? — perguntou Capitu, olhando de soslaio para as paredes, sem perder Nadine de vista. A sala era circular, as paredes de uma cor estranha, vermelha com fios brancos e marrons, como se fosse carne. E não era lisa, havia uma espécie de alto relevo em forma de corpos, como se pessoas tentassem escapar. Capitu pode ver as expressões de agonia e desespero em todos os rostos.

— O 69º andar é a minha casa, meu escritório e meu salão de festas. O que você vê nas paredes são as minhas vítimas, humanos que atravessaram o meu caminho. A argamassa e o revestimento usados aqui são de carne, ossos, pele e músculos. Pena que você vá virar cinzas em questão de segundos, porque eu adoraria tê-la em minha coleção. Mas, depois de matá-la, irei esculpi-la em um lugar de honra na parede. Uma homenagem por toda sua bravura durante esse século.

— Não, obrigada. — a resposta era um escárnio.

— Sei..., mas sinceramente, não acho que o que você fez durante todos esses anos foi bravura, e sim heresia, uma profanação! Matar seus próprios irmãos, seres de sua própria espécie, em troca de poder?

— Não tenho nada a lhe falar. Vai morrer. Agora!

— É o que veremos! — Nadine balançou seu chicote em direção a Capitu, o cabo de aço se abriu em várias pontas com garras afiadas e brilhantes. Capitu apenas levantou o braço esquerdo e o chicote enrolou nele, penetrando em sua carne.

— Peguei você!

Mas não era verdade. Capitu segurou o chicote com força e começou a correr de maneira circular em volta de Nadine, numa velocidade tão alta que ela não teve reação. E antes mesmo que percebesse, estava enrolada em seu próprio chicote, todo o corpo preso, enquanto a outra segurava as pontas, com tanta força que ficava cada vez mais apertado.

— Não! Eu que peguei você!

Com isso, a vampira chutou com a sola do pé o joelho da baronesa, partindo-o ao meio com um estalo alto, que não foi abafado pelo urro de dor. Nadine caiu e Capitu esmurrou sua cara de maneira selvagem. Quando o rosto da vampira ficou inchado e desfigurado, Capitu deu o golpe final. Suas mãos pareciam as garras de um animal poderoso quando abriu o peito da baronesa e arrancou seu coração.

— Seu sangue é nojento, baronesa Nadine, mas vai servir.

Colocou o coração ainda pulsante entre os lábios, mordeu e sugou o sangue. A vampira se deteriorou rapidamente. Quando virou cinzas, Capitu se ergueu, seu corpo pulsou e teve espasmos rápidos e agradáveis. Nadine era poderosa, e todo o aquele poder correu por suas veias. Poder mais que suficiente para derrotar o conde Ericus, seu alvo principal, que se encontrava no andar de cima.

*

A sala do conde Ericus tomava todo o 70º andar. Era ampla, sem paredes internas, sustentada apenas por colunas retangulares dispostas geometricamente de modo a formar um pentagrama. As paredes externas eram de vidro, e havia também uma sacada de onde o barão, à noite, vigiava a cidade.

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⏰ Última atualização: Aug 06, 2017 ⏰

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