❂ nineteen ❂

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Não foi para a escola no dia seguinte, pois estava cansado demais e o seu tio viera fazer-lhe uma visita. Claro, Jisung sabia que tinha algo por trás daquilo. Principalmente pelo fato de seu tio ser um psiquiatra. Mas fingiu estar surpreso quando o mesmo anunciara que viera ver como estava.

Sua mãe estava na cozinha preparando um chá, e Jisung ainda estava vestido com o seu pijama. Abraçava as pernas enquanto recebia o carinho na cabeça pelo seu tio. Não queria ter incomodado-o.

— Estou bem. — afirmava. — Me sinto ótimo. Apenas cansado.

— O cansaço te fez jogar o aparelho da janela, Ji Sung? — o tio lhe fizera a pergunta.

Jisung fez um bico, pensando sobre o assunto, e depois se esticou para pegar um dos biscoitos da sua mãe.

— Talvez — respondeu após mastigar. Seu tio suspirou pesadamente e depois se recostou no sofá. Era óbvio que Jisung não queria falar sobre aquilo.

— Algo aconteceu? Raiva...? Ódio...? Medo...?

— Eu não tenho medo de nada! — afirmara o garoto, erguendo o queixo e mostrando uma certa maturidade. Mas o seu tio apenas abaixou o olhar.

— Sua mãe me contou que você não parava de chorar e que gritou algo sobre... — apertou os olhos, tentando lembrar — ... parar algo. Estou certo?

— Talvez. — continuava sendo a resposta do garoto.

— Eu quero te ajudar.

— Por quê? Eu estou muito bem, para a sua informação. Nada aconteceu.

— Não é comum alguém jogar um aparelho eletrônico da janela. Ainda mais quando ela está fechada. Pode ser perigoso, por conta dos cacos de vidro...

— Eu estava assistindo um anime, então aconteceu algo que me deixou enfurecido e eu fiz aquilo. Foi isso. Simplesmente isso.

— Oh, ahn... — o homem pensou um pouco. — Tem certeza disso?

— Por que eu não teria? Eu fiz.

— Tudo bem. Eu voltarei amanhã, Jisung. — e se levantou.

— Oh, espere... Não vai querer o chá? — a mãe de Jisung apareceu, com as xícaras.

— Não, obrigado. Estou atrasado agora. Amanhã posso voltar, sim? — e Jisung olhava para ele.

— Sim, pode sim. — permitiu a mãe, e então ela colocou a bandeja na mesa e, junto com Jisung, saiu com ele para levá-lo até o carro.

— Tchau. Tenha uma boa manhã. — desejou Jisung para o seu tio, que apenas sorriu e concordou.

Antes do carro desaparecer na rua, Jisung curvou-se rapidamente e depois virou-se para a sua mãe.

— Não há nada de errado comigo. Apenas estou cansado. — e entrou em casa.

Não que Jisung simplesmente fosse a pessoa mais normal do mundo, mas se considerava bem e psicologicamente estável. Não precisava daquilo tudo. E até fora bom ter feito aquilo com o aparelho, pois assim nunca teria que ver aqueles comentários ridículos naquele vídeo.

Seu único problema seria a escola, pois não há como jogá-la da janela do seu quarto. E seria inevitável não se decepcionar por lá também.

Sun Boy ❂ MarksungOnde histórias criam vida. Descubra agora