O pedido

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2014

– Bel, antes era só pelo programa, mas agora eu me apaixonei, quero você pra mim e você ser só minha, não deixarei homem nenhum mais te tocar, quero ser teu, e quero que você seja minha, só minha, larga tudo e casa comigo?

Meu coração parou, estávamos deitados na cama, eu com a cabeça sobre o peito dele, ao ouvir essas palavras uma lágrima involuntária escorreu, não estava nada doendo em mim, não era uma lágrima que trouxesse dor, pelo contrário, ela trazia alegria, e eu queria dizer "sim", mas eu estava tão espantada por alguém sentir algo assim por mim, logo eu...

– Herbert, eu.... - Ele tapou a minha boca com um dedo.

– Psiiiiu, não fala nada agora, vou precisar viajar por uma semana, não vou te ligar, sinta a minha falta, perceba que você não vive sem mim, quando eu voltar ao Rio irei te procurar, e quero ter sua resposta esta bem?

Concordei com a cabeça, eu iria dizer que aceitava, mas estava com medo, afinal já sofri muito, e não queria apanhar mais dessa vida, tudo que eu quero é tirar a minha filha da casa dos meus pais, poder cuidar, amar e nunca mais deixar que ninguém a tire de mim, e é claro, ser feliz ao lado do Herbert, o homem que tem me amado e mostrado que esse sentimento existe, aaah se não fosse os meus medos...

– Bel preciso ir, já esta na minha hora! Nos levantamos, tomamos um banho rápido, colocamos nossas roupas e ele me deixou no exato lugar onde havia me encontrado, o lugar onde eu fazia o meu ponto.

Horas passaram e eu não conseguia atender a cliente nenhum, rejeitava todos, minha cabeça estava no Herbert e no que ele havia me dito, seria a chance de recomeçar a minha vida, se tudo aquilo que ele disse for de fato verdade, eu poderia ser feliz, quem sabe para sempre.

– Nossa, que mulhergostosa! Entra ai, vamos conversar!

Estava tão perdida nos meus pensamentos que não notei a PalioPreto que parou ao meu lado, um moreno magro, não muito bonito, barbas por fazer, deveria ter uns 30 anos e queria meus serviços. Ele usava uma fina aliança na mão esquerda, possivelmente sua mulher deve estar em saldo devedor, mas não me importei, entrei no carro.

Pouco mais de 100 metros percorridos e eu já queria descer, não conseguia parar de pensar na proposta que havia recebido a menos de uma hora.

– Para o carro! - Falei num tom firme de voz, ele parou assustado, eu desci sem olhar pra trás e peguei o primeiro ônibus que vi passar, e fui para o apartamento em que dormia. Me larguei na cama, pus a cabeça no travesseiro e mergulhei nas lembranças.

Doce VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora