Consequências

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Isabele

Abri lentamente os olhos e a claridade fez com que eu os fechasse rapidamente. Me concentrei nos barulhos a minha volta, bipes, uma televisão ligada num volume baixo, pessoas distante de mim conversando. Fiquei por um tempo assim, apenas tentando descobrir porque meus olhos doeram tanto ao abrir, meu tórax doia a ponto de ser dificil respirar. Não sentia o aroma de lavanda que eu gostava de manter em minha casa, sinal que eu não estava em casa; também não tinha o mal cheiro que eu senti nos últimos dias.

Últimos dias? Despedida de solteiro... Quartos com casais... Renan... Sequestro... O que aconteceu comigo? Onde eu estava?

Sirene... ambulância... emergência... Hospital. Estou em um quarto de hospital, alguém conseguiu me achar, graças a Deus, minhas esperanças de sair viva do sequestro eram tão poucas, mas no fundo eu sabia que Herbert estava me procurando, ele ia me encontrar, ia me salvar.

Herbert será que você esta aqui no hospital? Será que ainda tenho uma chance de não ter estragado tudo? - Ouço uma porta abrir e um toc toc de um sapato de salto se aproximando me tira do meu devaneio.

–Senhora o resultado dos exames da Senhorita Isabele ficaram prontos, e o médico responsável pelo caso dela não esta podendo vir aqui um momento. Poderia me acompanhar até a sala dele? -Uma mulher que eu julguei ser alguma enfermeira perguntou.

– Sim claro! -eu conhecia essa voz que respondeu, mas não conseguia me lembrar de quem era. E então ouvi os passos agora dobrados se afastarem e a porta ser fechada.

Senti minha cabeça latejar, uma dor crescia gradativamente no meu peito, tentei me mexer e percebi que havia algo de errado com meu corpo. Abri os olhos e vi que meu tronco estava imobilizado, havia curativos nos meus braços e pernas. Algum medicamento intravenoso entrava através do acesso posto no braço direto.

Apesar de eu ter acabado de acordar, eu ainda estava com muito sono e me deixei mergulhar, em poucos minutos eu já dormia profundamente.

Tive um pesadelo horrível, sonhei que uma pessoa que eu amava muito morria, e eu me desesperava e chorava muito, enquanto todos a minha volta mantinham a calma. Eu corria por um enorme túnel escuro completamente descontrolada até levar um tombo e cair de cara no chão, lugar onde eu fiquei e chorei mais ainda...

–Nãããããão!- acordei no susto e percebi que eu chorava copiosamente. A mulher loira que estava sentada na poltrona ao lado da minha cama ficou de pé num pulo.

–Hey, calma, calma, esta tudo bem! - ela falava calmamente enquanto limpava minhas lágrimas com uma mão e a outra afagava meus cabelos.

–Amanda?! - disse por fim, eu não acreditava que ela estava ali, na minha frente depois de tanto tempo. Senti vontade de abraça lá, mas eu estava muito fraca e dolorida para me mexer. O que ela estaria fazendo aqui depois de tanto tempo?

– Sim, sou eu! Que bom que lembra de mim! Estou muito feliz em ter te reencontrado! - ela me deu o seu melhor sorriso.

– Há quanto tempo estou aqui? -perguntei confusa.

– Hum... Umas 47 horas mais ou menos!

– O que aconteceu? Tem mais alguém aqui? - perguntei olhando para os lados em busca do Herbert.

– Não, só tem eu. O Ruivo já esteve aqui com a namorada dele, mas você estava dormindo e ele ficou de voltar talvez hoje mais tarde. Você lembra o que aconteceu? - ela me perguntou com suas sobrancelhas levantadas e pude perceber um pouco de pena em seu olhar. Eu odiava que sentissem pena de mim

– Mais ou menos. Cadê meu irmão? Cadê o Paulo? Onde eles estão? - perguntei sentindo meu coração acelerar e a respiração falhar.

– Isabele, não é o momento ideal para falarmos deles, quando você sair daqui e estiver melhor conversamos ta bom?

Doce VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora