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Bianca e Raul desceram do segundo andar nas pontas dos pés. Viram manchas de sangue pelo corredor e um revólver com um dedo preso no gatilho. Raul tirou o dedo com o mínimo de contato possível e pediu para Bianca guardar a arma. Um primo do rapaz havia morrido brincando com uma arma doméstica na sua frente, e por isso não se sentia confortável. A garota prendeu o revólver entre a calça e as costas.

- E agora? - Perguntou Raul.

- Agora você morre.

Irmã Sophia se jogou do teto e aterrisou em cima de Raul. Das suas costas saíam vários ossos, de suas bochechas também. Seus cotovelos e joelhos sangravam enquanto ossos pontudos brotavam deles. Suas mãos estavam em pele e osso, literalmente. Sua pele se esticava e arrebentava enquanto seus ossos se expandiam. Raul gemeu baixo enquanto era pisoteado pela Irmã. Bianca gritou com força por tempo suficiente até Sophia lhe chutar o estômago.

Após ouvir o rapaz embaixo de si estalar como uma barata de banheiro, ela andou em direção á menina.

Bianca se esforçou para levantar a cabeça e encarar aquela coisa nos olhos. Seus olhos se enchiam de lágrimas.

- SUA PUTA! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?

- Abaixe esse tom de voz. - Sophia mandou, chutando o rosto da garota, que agora sangrava do lábio inferior. - Ele ainda respira, se é isso que você quer saber. Se eu quisesse matar vocês, colocaria aula nos sábados.

- Quem... é Schulz 2? - Bianca perguntou. A garota precisava ganhar tempo, sabia disso, ou seria esmagada igual Raul. - E o que você fez com todas aquelas garotas?

- Hum. Vejo que seu narizinho empinado andou pelas minhas coisas. É isso que você quer saber na última vez que sua voz será ouvida?

Bianca estremeceu e concordou com a cabeça.

- Veja bem, aquelas meninas foram usadas para educar vocês. Graças ao sangue delas que eu fui capaz de me manter viva por 136 anos. E essa escola chegaria onde chegou sem mim? Jamais.

Os braços de Bianca tremiam e sua respiração se agitava.

- C-como? - ela conseguiu cuspir a pergunta.

- Tudo graças ao único homem de verdade que essa terra já viu. Dr. Roberto. Um gênio. - Sophia falava com uma voz doce, mergulhando em suas memórias. - Um gênio tanto no trabalho quanto na cama.

- E onde ele está? - Bianca perguntou, sentindo um pouco de nojo ao tentar imaginar aquela coisa cheia de ossos ter algum tipo de relação sexual.

- Morto. - sua voz voltou com amargura. - Aquela maldita garota, Maria, o matou. Ingrata...

Sophia gostou de Bianca. A lembrava de uma versão jovem de si mesma. E não era sempre que podia desabafar sobre tal assunto...

- Ele tinha um coração bom. Era uma noite fria de inverno, então Dr. Roberto decidiu levar um cobertor para Maria... e como ela agradece? Cortando suas tripas fora. Graças a Deus ela reagiu devidamente aos medicamentos. Seu sangue ficou purificado, e com isso veio a imortalidade e este pequeno efeito colateral. - Sophia disse, olhando para seus ossos. - Portando só tivemos que mantê-la viva.

- Vocês bebem o sangue dela?

- Sim. Só que a danadinha resolveu escapar. E infelizmente, isso eu não posso permitir.

Sophia andou até Bianca e posicionou o pé sobre a cabeça da menina.

- ESPERA! - Bianca gritou. - Você não me disse quem é Schulz 2!

- É verdade. Veja bem... meu irmão sempre foi o curioso, e eu a inteligente, assim como você e seu irmão. Ele encontrou Maria, por acidente, e resolveu ajudá-la. Não tive escolha senão lhe fazer uma lavagem cerebral, então o pus para trabalhar como faxineiro aqui na escola. Precisava manter ele perto, e também os corredores não se varrem sozinhos.

- E como tu faz pra ele beber o sangue?

- É só botar no seu café-da-manhã. Coitadinho, é tolo como uma porta, mas sangue é sangue...

- Teu café sempre foi uma merda. - Disse Max, que ouviu tudo escondido nas sombras. O homem correu em direção á sua irmã e a derrubou. Bernardo correu junto e puxou Bianca para longe. '' Raul...'' ela cochichou para Bernardo, antes de desmoronar chorando.

Bernardo correu até Raul. O rapaz ainda respirava, mas como um trator enferrujado. Bernardo levantou sua cabeça e o deitou no colo.

- Relaxa cara, vai ficar tudo bem.

- Eu sei que vai. Cuida bem dela hein?! - Raul disse, cuspindo sangue para o lado. - E tu tinha razão... tenho uma quedinha por ti.

Raul abriu um sorriso leve e então fechou os olhos.

MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora