O céu crepuscular se estende em seus tons de laranja, azul e rosa, o topo das montanhas iluminadas com os últimos raios de sol. Harry caminha entre as vinhas, seus passos ecoando silenciosamente e uma garrafa de vinho em sua mão, o caminho mais fácil para a casa de Eve em mais um jantar que ele foi convidado.
Em sua segunda semana em Provence, Harry pode dizer que sua paixão inicial pelo local foi aprofundada a esta altura, os detalhes e peculiaridades não só do local como também de seus habitantes um elixir para sua mente consumida por padrões.
Há seus defeitos, obviamente. No chalé o sinal do celular é horrível e ele somente encontra área quando anda até a bifurcação em frente à casa e fica andando de um lado para o outro, mas não é realmente um problema quando isso contribui para menos ligações de chefes e editores; a pressão do chuveiro deixa a desejar e não há secadora. Mas, como grande objetivo para essa viagem sendo a busca por inspiração e esta área em progresso sem vista de interrupção, ele pode dormir à noite tranquilo e com a consciência de uma decisão certa.
No último ano e depois de um fim de relacionamento mais que desastroso, Harry se viu disposto a quebrar um padrão de longos relacionamentos exaustivos, concentrando-se mais no eu ao invés do nós. Vir para um país diferente por conta própria o levou considerar a ideia em razão de que estaria sozinho, mas no fim de tudo não era um ponto que realmente mudaria algo, e que nesse momento, quando sai dentre as vinhas e entra diretamente no quintal de Eve e rapidamente é reconhecido e cumprimenta conhecidos em seu caminho, esse pensamento parece uma preocupação boba.
Todo o crédito a isso se deve a Eve, que o acolheu e o fez sentir-se familiarizado rapidamente com suas dicas e bom humor inalterável. Ele a encontra na cozinha com as mãos sujas de farinhas e bochechas vermelhas enquanto conta a Harry sobre a nova receita que ela está fazendo para o jantar, uma canção em francês que ecoa pelas paredes, e sobre um sobrinho que ela quer o apresentar e o mesmo que ela tem vagamente falado, mas nos momentos certos na última semana.
Com duas filhas casadas, sem netos e sobrinhos solteiros, Eve toma como objetivo arrumar companheiros para todos solteiros conhecidos e que ela considere. Ela tenta ser sutil, e por mais que Harry geralmente não goste, está sendo realmente divertido para ele.
- Oh, Harry, você vai amá-lo! – Eve comenta, balançando a cabeça enquanto pica tomates. – Eu tenho certeza que vocês vão se dar bem.
- Você acha? – Harry brinca enquanto recolhe a louça de um armário, tendo pego para si a tarefa de colocar a mesa. – Pelo modo em que você o elogiou, ele parece ser o tipo perfeito, e infelizmente, parece que eu só me atraio para os cafajestes!
Harry dá de ombros, seus braços cheios com os pratos enquanto sai da cozinha, a voz de Eve clamando em francês em meio a risadas ecoando atrás de si.
Enquanto põe os pratos e talheres com a ajuda de Lénna, uma garotinha de dez anos que sempre pede Harry para dizer palavras em inglês e ri do modo estranho como elas soam ao idioma desconhecido. Ele está no meio de uma tradução de uma frase, um prato em sua mão, quando seus olhos vagam rapidamente ao redor, nenhum rosto em particular chamando sua atenção, até que ele encontra um que o faz perder a linha de pensamentos e a voz, seus lábios partindo-se em choque momentâneo.
Ele está a alguns passos a distância, e como que por percebendo estar sendo observado, vira-se e seus olhos se encontram. Harry não tem reação, mas de algum modo e como na primeira vez, a primeira estrofe de Sweet Child O'Mine ecoa em seus pensamentos mudos quando ele olha para Louis Tomlinson.
É quase irreal demais para Harry acreditar, e depois dos primeiros segundos de choque, ele duvida e considera estar confundindo o primeiro homem que ele amou e o primeiro que o magoou com um qualquer, mas quando ele pisca, os mesmos olhos azuis estão voltados para ele. Então ele reage rapidamente, e age como um homem adulto e maduro de vinte e cinco anos, e foge.
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Clair de Lune • l.s.
FanfictionUm vilarejo particularmente isolado em Provence, no sul da França, pode não ser a primeira opção de viagem de modo geral, mas para Harry o local parece perfeito em sua busca por superar o declínio criativo dos últimos anos. Mas a bela região traz...