Não sabia o que me esperava, não sabia nada da vida que possivelmente ia ter, como pessoa normal, porque como louca sabia muito bem o que me ia acontecer, ficaria sozinha para o resto da minha vida, as pessoas que entravam a 100 na minha vida saiam a 1000, nunca percebi qual é que era a graça de magoarem as pessoas, humilhá-las perante toda a gente, quem é que gosta de ver pessoas a sofrer? Eu posso odear muita gente mas não as vou fazer sofrer, sei lá, eu sofro e não quero que ninguém sinta o que eu sinto, é mau demais. Culpam o diabo de todo o mal que acontece no mundo...esquisito, sim, pensam que tudo o que é bom é Deus que faz, mas esquecem-se que o diabo é um anjo caído e que ele é o preferido de Deus, então Deus prefere aquele que só faz coisas más...não faz sentido dizerem essas coisas, o diabo já foi um anjo só que perdeu as asas e por não as ter é que o julgam diabo, afinal o que é um anjo sem asas? É aquele que só faz mal...que estupidez pensarem assim, na escola eu sou o diabo e os outros todos são os anjos. Com tantos pensamentos distraí-me, quando dei por mim já tinha passado o parque, onde supostamente devia ter parado para desenhar, como não me apeteceu voltar atrás fui para o café, sentei-me numa mesa e pedi um capuccino. Estava concentrada a desenhar e a beber o meu capuccino quando sinto alguém a sentar-se na cadeira à minha frente.
- Desculpe lá...Lucy, bom dia, dei-te autorização para te sentares na mesma mesa que eu?
- Bom dia Taylor, acho que temos de ter uma conversinha, não achas?
- Desculpa?! Não, não acho, se fazes favor levanta-te e vai-te embora.
- Não, não vou.Ontem passaste das marcas Taylor, foi por ter estado lá o teu novo amiguinho?
- Eu não respondo assim só quando estou com amigos, como vês ele não está aqui e eu estou a mandar-te embora.
- Olha Taylor, se me voltas a falar dessa maneira nós vamos ter problemas.
- Olha Lucy, se me voltas a ameaçar podes ir comprar uma peruca, porque se o voltares a fazer eu arranco-te o cabelo, fio a fio.
- Tu não sabes com quem te estás a meter Taylor, se eu fosse a ti tinha cuidado.
- Digo o mesmo.
- Eu pensava que tu eras fixe, mas enganei-me, és uma grande cabra.
- Como eu sou educada não te vou insultar, sim, porque eu não vou descer ao teu nível.Bebi o resto do capuccino, paguei, peguei nas minhas coisas e fui para a escola deixando a Lucy sozinha e sem resposta possível. Fui para a escola, sentei-me nas escadas da entrada e pus-me a ouvir música e a ver as pessoas que chegavam, enquanto não tocava comecei a pensar na conversa com a Lucy...comecei a ficar preocupada, pensava no que é que me podia acontecer se continuasse a responder daquela maneira. Tocou e eu fui para a aula, saía às 13h da escola e não tinha mais aulas. Num dos intervalos, estava eu no meu canto a desenhar quando chegaram a Lucy e as suas amiguinhas, agarraram-me pelos braços e levaram-me para a casa de banho das raparigas.
- Olá outra vez Taylor, acho que ainda não acabámos a nossa conversa.
- Eu acho que já Lucy.
- Não. Já conheces as minhas amigas? Esta é a Brittany, a Sophie e a Jennifer.
- Eu sei, somos da mesma turma.
- E sabes o que elas vão fazer quando eu não estou a ver-te?
- O quê?
- Vão vigiar-te.
- Nas aulas?!
- E quando eu não estou.
- Que estupidez.
- Olha Taylor, eu já estou a perder a paciência contigo.
- Será que elas me podem largar?
- Não.
- Estão-me a magoar, só por isso.
- Sophie, o meu estojo de maquilhagem, por favor.
- Uma líder de um grupo de estúpidas não pede "por favor".
- Mas eu não sou uma líder de um grupo de estúpidas, isso és tu, mas faltam-te pessoas.
- Deves pensar que tens graça.
- Segurem-na bem, Sophie segura-lhe a cabeça, vamos "maquilhar" a cabrinha.
A Lucy começou a escrever na minha cara, nos meus braços e pernas nomes horríveis como cabra, pega, gorda, emo, gotica, estranha, falsa, esse tipo de nomes. Finalmente acabou e deixaram-me sair da casa de banho, eu sai a correr e ouvi-as a rirem-se, percorri a escola inteira, faltei à última aula e fui para casa. Corri para a casa de banho, olhei-me ao espelho e comecei a chorar incontrolavelmente, olhava para os nomes que tinham escrito na minha pele e chorava ainda mais, chorei mais de 3h, mandei uma sms ao Jeremy a perguntar se ele queria sair à noite, 2h depois ele respondeu que sim, que era uma ótima ideia. Eu precisava de desabafar, eu precisava de ter alguém ao meu lado e o Jeremy é o único que o pode fazer. Liguei o computador e comecei a escrever o meu dia, enquanto escrevia todos os detalhes caía-me várias lágrimas pelo rosto, acabavam por me cair nas mãos. Deitei-me na cama a pensar no que tinha acontecido e acabei por adormecer, quando acordei já era de noite, jantei e fui ter com o Jeremy a casa dele.
Quando vejo o Jeremy sentado a olhar para as estrelas, como ontem, e corri até ele.
- Boa noite Taylor.
- Jeremy!
- O que se passa? Porque estás a chorar Taylor?
- Aquelas quatro raparigas de ontem...a Lucy arrastou-me até à casa de banho com as amigas e escreveu nomes horriveis na minha pele só por eu lhe ter dado aquelas respostas.
- O quê? Mas essa rapariga está parva ou quê?
- Eu faltei à última aula, estava toda riscada e a única coisa que queria era ir para casa e limpar o que elas escreveram.
- Oh Taylor, eu nem sei o que dizer para te animar ou acalmar...
- Não precisas de dizer nada, eu tinha de contar isto a alguém...
- Podes sempre contar-me tudo, já sabes.
- Obrigada Jeremy...
- Vamos dar uma volta, vamos até à praia, deitamo-nos na areia a ver as estrelas pode ser?
- Sim...
- Eu vou só buscar uma toalha grande e depois vamos, entra comigo para não ficares com frio.
- Está bem.
Entrei em casa do Jeremy e esperei por ele. Saímos e fomos para a praia mais próxima, o Jeremy estendeu a toalha e deitou-se nela, fez sinal para eu me deitar ao lado dele e eu assim fiz.
- Um dia nós vamos estar lá em cima como essas pessoas todas, vamos ser estrelas e tu vais ser a mais brilhante, porque és uma pessoa fantástica.
- Tu não me conheces bem...
- Conheço-te o suficiente para dizer que és fantástica, que és linda, não falo só por fora, falo especialmente por dentro, eu sei que só te conheci ontem, mas acredita, não estou a ser convencido, eu sei ver quando uma pessoa é boa ou má logo quando a conheço e tu és uma boa pessoa, disso eu tenho a certeza.
- Obrigada Jeremy, és muito querido, a sério.
- Eu faço os possíveis para o ser, e eu sei que consigo sempre ser querido.
- Agora já estás a ser convencido Jeremy!
- Eu? Não, eu sei o que sou, sou um lunático fofo.
- Um lunático?
- Sim, era o que me chamavam quando andava no 1º ano.
- Esquisito, mas ok...
- Vê lá se adivinhas o que me chamavam no 3º ano.
- Idiota?
- Achas? Para mim idiota é um elogio, chamavam-me de demónio.
- Porquê?
- Porque eu escrevia coisas que não eram santânicas, mas que para as pessoas estúpidas eram, nos meus braços, diziam que eu era filho do diabo.
- Isso é tão mau...
- Um dia fizeram um circulo à minha volta e começaram a dizer "sai diabo, sai do corpo desta criança, vai-te embora diabo".
- Que estupidez!
- É verdade.
- E nunca contaste aos teus pais?
- Eu mal os via, e quando os via não podia falar com eles porque estavam a trabalhar em casa.
- Então tiveste de ultrapassar essas coisas sozinho?
- Sim.
- Quem me dera ter-te conhecido antes...
- Digo o mesmo.
Nesse momento calei-me e abracei-o, eu sabia que não o conhecia há muito tempo, na verdade só o conheci na noite anterior, mas sentia que ele era especial, que ele era diferente. Ficámos mais um bocado na praia em silêncio e depois o Jeremy levou-me a casa. Fui para o meu quarto e vi uma sms dele a dizer "Dorme bem, sê forte e não chores por causa das raparigas estúpidas, tu és linda. Beijinhos.", sorri como da primeira vez e fui dormir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Don't Trust The People
Teen FictionApenas uma história de dois adolescentes que se apaixonam e fazem de tudo para estar juntos.