Passaram-se dois dias, era a consulta do Jeremy com o psiquiatra. Eu estava cada vez mais preocupada, não sabia se o plano ia dar certo, tinha medo que descobrissem tudo e fizessem ainda pior.
Estava sentada na cama à espera que um guarda decidesse aparecer e levar-me para o refeitório, estava cheia de fome, o que não era normal mas finalmente um guarda, que nunca tinha visto na vida, chamou-me e levou-me para o refeitório. Sentei-me na mesa habitual com o tabuleiro à minha frente, estava à espera de ver a Emily e, por isso, comecei a comer muito devagar até ela aparecer.
- Bom dia Emily.
- Bom dia Taylor.
- Estás bem?
- Sim e tu?
- Também. O Jeremy vai ter hoje outra consulta com o psiquiatra.
- Espero que esteja a correr tudo como planeado.
- Espero bem que sim.
- O que achas de esquecer por hoje o assunto "Jeremy" e irmos vasculhar este edifício?
- É uma boa ideia, tenho que desanuviar.
- Ótimo! Começamos agora?
- Sim, vou só pôr ali o tabuleiro e já vamos.
- Vamos começar lá por baixo.
- Lá por baixo? Isso é um pouco assustador, é a cave.
- Não está lá ninguém, guardam coisas na cave, como é normal.
- Por isso mesmo! As caves são um bocado assustadoras.
- Queres começar pelo sótão?
- Não, prefiro a cave.
- Então vamos.
Saímos do refeitório e fomos, com o maior cuidado possível, em direção à cave, fomos de escadas porque iriam achar estranho ver o elevador na cave.
- Emily, está muito escuro aqui e eu não quero estar aqui quando acenderes as luzes.
- O que é que achas que pode haver aqui?
- Pessoas, pessoas queimadas.
- Cadáveres?
- Sim!
- Fecha os olhos, eu vou acender a luz.
- Antes de me dizeres para os abrir diz-me primeiro o que está aqui.
- Ok, só estão aqui caixas de cartão.
- A sério?
- Sim, abre os olhos e confirma.
Eu abri os olhos e vi que a Emily dizia a verdade.
- Porque estão aqui tantas caixas de cartão?
- Não faço a miníma ideia mas também não precisamos de saber.
- Esta cave é muito grande?
- Já estiveram aqui pessoas, deve ter outras divisões.
- E devem ser nessas divisões que estão os cadáveres!
- Uma rapariga como tu tem medo de cadáveres?
- Eu não tenho medo.
- As pessoas já estão mortas, não te podem fazer nada!
- E se houver aqui alguém ainda vivo?
- Isso é quase impossível.
- Mas é possível.
- Porque iriam deixar aqui uma pessoa viva?
- Sei lá! Castigo!
- Que filmes é que andaste a ver antes de vires para aqui?
- Não vi absolutamente nada, estive sempre às escuras.
- A tua imaginação é enorme.
- Vamos ver o resto ou não?
- Claro, claro.
Continuámos a andar, haviam muitos corredores e quartos, tal como a Emily tinha dito. Às vezes parecia que a Emily já tinha cá estado muito antes, ela sabia coisas incríveis acerca deste hospital psiquiatrico, coisas que eram muito difíceis de explicar.
- Vamos entrar nesta divisão.
- Até tenho medo do que pode estar aí.
- Medricas.
A Emily acendeu a luz e só haviam camas de hospital, estas tinham um gênero de cintos para amarrar as pessoas nas mãos e nos pés.
- Que bárbaro.
- Há coisas piores neste hospital e tu sabes.
- Sim.
- Vamos embora daqui, as outras divisões devem ter as mesmas coisas.
- Haviam assim tantos malucos?
- Não te esqueças que também vinham pessoas normais para aqui, como tu.
- Pois.
Saímos daquela horrenda divisão e fomos para dois andares acima da cave, estes também só tinham quartos com macas, algumas com pessoas. Por fim, chegámos ao sótão, este era frio e muito escuro mas parecia-me pequeno. A Emily acendeu as luzes e nada, não havia nada no sótão, estava completamente vazio, as paredes a cair e o chão rachado.
- Pensei que houvesse aqui alguma coisa mas não.
- É o único sítio que está vazio, porquê?
- Não sei.
- Bem, mas também não interessa.
- E com isto conseguimos passar o dia.
- É verdade.
- É mehor irmos lá para baixo, já devem estar à nossa procura.
Fomos diretas ao nosso andar e fomos para o pátio, ficámos pouco tempo porque rapidamente chegou o fim da tarde e tivemos de ir para os quartos.
Durante o dia ocupei a minha cabeça com medo do que podia estar em cada andar mas agora que a noite chegou os pensamentos habituais voltaram e as perguntas também, já estava cansada das mesmas perguntas e de nunca obter respostas. O que mais me preocupava era o Jeremy, ele já teve duas consultas com o psiquiatra depois de eu ter ido falar com ele, não sei como estão as coisas e isso não me deixa dormir.
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Don't Trust The People
Teen FictionApenas uma história de dois adolescentes que se apaixonam e fazem de tudo para estar juntos.