12º Capitulo

243 10 0
                                    

                                                                                 ***

Neste mundo uma pessoa não consegue viver em paz, se és diferente és julgado, se és igual és criticado, neste mundo nada faz sentido, nunca se está completamente bem com alguém, e quando estamos bem ao lado de uma pessoa alguma coisa tira-a de nós, simplesmente para estarmos sozinhos, sem ninguém em quem confiar, para ultrapassar os nossos problemas sozinhos mesmo que isso nos leve até à morte, as pessoas são más, mas disso toda a gente sabe, só não sei como é que conseguem não ligar a essas pessoas.

Sinto um peso enorme na minha cabeça, ainda não parei de chorar, mal consegui dormir. Os meus pais não estavam em casa da minha tia, por isso, levantei-me da cama e fui à cozinha beber água, fui diretamente para a casa de banho, os meus olhos estavam inxados e vermehos, a minha pele cada vez mais branca e o meu corpo...o meu corpo, notavam-se cada vez mais os meus ossos, nestes dois anos não tenho comido nada e ando a emagrecer muito depressa. 

Fui-me arranjar para ir para a escola, a vontade de ir para lá, nunca a tive e também nunca a vou ter.

Cheguei à escola e sentei-me num canto a desenhar e a ouvir música.

      - Bom dia horrorosa! 

Olhei para a Lucy e voltei a baixar a cabeça para continuar a desenhar.

       - Eu disse bom dia minha grande estúpida, responde!

Permaneci calada e com a cabeça baixa.

      - Está tristinha, o namorado foi para o hospital psiquiátrico, deixou a menina sozinha, rapaz maluco aquele.

        - Porque é que me estás a fazer isto?

Levantei-me arrumei as minhas coisas e quando ia a sair daquele lugar a Lucy agarra-me no braço.

      - Tu devias ir ao médico, estás tão magra...

      - Deixa-me em paz.

      - Querida, eu nunca te vou deixar em paz.

      - Mas porquê?!

      - Não precisas de saber as razões.

      - És uma grande cabra Lucy, deixa-me ir embora!

      - Lá o que pensas que eu sou não me interessa nada. Meninas, lá para trás com ela.

Traseiras da escola, outra vez. Não sentia nada, elas davam-me pontapés, murros, chapadas e com as malas delas. Mais uma vez fui para casa toda negra, mas desta vez não tinha o Jeremy para tratar de mim, não tinha ninguém para o fazer.

Fiquei fechada no quarto até as marcas desaparecerem, foi bastante tempo e quando voltei à escola os meus pais estavam sempre a ser chamados porque eu só desenhava e ouvia música nas aulas, resposdia mal a toda a gente. Em casa falava sozinha, os meus pais perguntavam-me sempre com quem estava a falar e eu dizia que era com o Jeremy, os meus pais ficavam perturbados, pois não viam ninguém no quarto e não tinha o computador ligado, achavam-me maluca, como todos os outros.

Um dia, estava eu no meu quarto, como era habitual quando tocam à campainha da minha casa, os meus pais abriram a porta e comecei a ouvir uma voz, eu conhecia aquela voz, não me recordava bem de quem, estava demasiado fraca para pensar, aquela voz estava a fazer queixa de mim aos meus pais, só metiras, até que comecei a ouvir passos a virem para o meu quarto, peguei na minha navalha e esperei que a pessoa entrasse. Era a Lucy.

      - Olá Taylor. 

      - Que fazes aqui? Sai do meu quarto!

      - Eu não te vou fazer mal.

Don't Trust The PeopleOnde histórias criam vida. Descubra agora