Soulless.

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- a liberdade pode custar mais que sua sanidade.

Charlotte Brown.

Eu estava feliz em vê-lo conseguir levantar, e falar. Meus olhos estavam cheios d'Água, eu não queria chorar por aquilo. Uma parte de mim dizia que sempre enquanto Justin acordasse, eu estaria no inferno. Mas eu não consegui conter a empolgação de ouvir sua voz, e ver seus olhos abrirem-se, minha mente estava confusa, tão confusa quanto antes. Mas eu não queria transparecer o quanto estava vulnerável aos seus comandos. Engoli o choro, mordendo meu lábio inferior. Suas mãos grandes, agarraram minha cintura e puxaram-me para mais perto, envolvendo-me em seus braços sujos. Recordei do dia em que eu falhei na tentativa de libertar a garota, fechei os olhos rapidamente, tirando os pensamentos que atormentavam-me da minha maldita mente.

— me ajude Charlotte.– sussurrou. Era bom saber que agora eu iria seguir suas ordens, aliviava-me e aos mesmo tempo conseguia me deixar amedrontada. Oh, céus, eu preciso de ajuda.

— eu pedi a Henry para trazer um médico. Você vai ficar bem.– ele me encarou, um pouco nervoso e recuei.

— não peça ajuda a ele Charlotte. Você dá conta. A única coisa que tem que fazer e sair daqui. O mais rápido Char.

Olhei para trás um pouco assustada ao ouvir a porta ser aberta, Henry passou por ela com dois homens atras dele, grandes como armários. Me levantei, forçando meu corpo a não entrar em pânico e ficar tenso, eu estava com medo, medo de tudo. Como eu sempre tenho.

— o que você quer?– perguntei, receosa.

— vim ajudar vocês, apenas.– neguei com a cabeça repentinamente.– o que? Quer que ele morra?

— não precisamos da sua ajuda.– Justin disse por mim, sentando-se na cama.

— olha como está Bieber. Você vai morrer se não cuidar disso.– Justin riu nasalo, como se Henry contasse uma piada. Eu não entendi muito bem, porém me mantive calada.

— você tentou matar minha mãe quanto eu era pequeno, me deixou em uma casa em chamas. Tem certeza que não quer que eu morra, irmãozinho?

Irmãozinho. Meu coração acelerou-se e eu arregalei meus olhos, intercalando-os entre o rosto de Justin e Henry. Virei-me para Justin, sentando na cama antes que eu caísse no chão, ele segurou em meu rosto pedindo calma. Eu respirei diversas vezes, como se o ar estivesse fugindo dos meus pulmões. Eu imagina tantas coisas, eu me recordei de Melanie, da minha irmãzinha. O tanto que ela já me machucou, mas que no final eu tirei sua vida miserável. Não é possível. Eu estava ficando tonta, talvez o pânico sempre toma conta de mim ao imaginar meu passado, e meu futuro. Era impossível não ver a escuridão e o medo que me causava.

— Justin... Justin.– ele me olhou com piedade. Talvez sabendo o quão eu me sentia machucada por isso.

— fique calma. Eu vou te explicar. Por favor.

— vocês são lindos juntos.– abaixei a cabeça, contanto meu dedos, a voz de Henry parecia que se multiplicava dentre das paredes do quarto.– deviam se casar, ter mais filhos. Não pensam nisso?

— cale sua boca.– gritou Justin, alterado. Eu os observava, o ódio que havia entre seus corpos, o peso em seus ombros, o tom de suas vozes, as expressões. Era tudo tão pesado. Lembro-me do ódio que eu sentir por Melanie, me fazia querer vomitar. Voltar a trás e não ter ido atras dela.– o que mais você quer de nós, bastardo?

— não me chame assim, senão eu acabo com sua vida agora desgraçado.

— está vendo medo na minha cara? Diferente da sua, não é homem o suficiente para fazer isso Henry.– ele tentou se levantar, mas estava fraco e machucado demais, Henry riu.

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