CAPÍTULO 14

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Alguns carros deslizavam velozmente suas rodas pelas ruelas molhadas da universidade em direção à cena do crime.

Os faróis acesos anunciavam o desespero da imprensa e seus repórteres que haviam sidos impedidos de entrar na universidade de forma irregular. Uma barganha de Andrômeda com alguns seguranças do campus e policiais locais para ganhar tempo e mostrar o que havia acontecido a Eduardo de maneira mais confortável. Sem a pressão jornalística em seu encalço.

Hendo e Andy esperavam uma postura ou decisão de Eduardo uma vez que ele havia dado margem para fazer algum anuncio e descoberta.

Os faróis dos carros de reportagem se aproximavam cada vez mais. Yuri se levantou lentamente e saiu de perto do cadáver sem nada dizer. Apesar de em seu semblante percebia-se o vestígio de saber que Eduardo havia notado de diferente depois que lhe incitara a pensar diferente.

Andrômeda não via nada demais no olhar do homem e continuava aguardando sem entender.

- Isso não é um "E". - revelou Eduardo. - O desgraçado que fez isso tem um conhecimento de misticismo muito elevado e ele com certeza conta que alguém que está investigando também o tenha.

A policial deu de ombros sem entender. Abriu os braços como quem pedisse ironicamente para continuar o dialogo. Yuri Hendo abriu um sorriso sagaz com seus dois filetes oculares que fitavam Eduardo com veemência.

- Esse "E" não quer dizer a inicial do nome de minha filha Esther. Essa letra tem relação com uma deusa.

Sem dizer uma palavra sequer, Andrômeda fez uma cara "O que ele está dizendo?".

- De que deusa está falando? - perguntou o perito, curioso.

- Demorei muito pra perceber. Mas você me deu um estimulo senhor Yuri quando mencionou que a letra não poderia ser o nome de minha filha. Até por que isso seria evidente. Pensei comigo e lembrei do significado planetário de Yesod: Lua. E eu já falei isso.

Assim como mencionei o deus Marduk como um dos símbolos de Malchut, pensei em alguns nomes femininos para as deusas de Yesod. Lembrei da deusa caçadora grega Ártemis ou sua correspondente romana Diana.

Os ouvintes permaneceram calados, apesar de que seus outros companheiros policiais se remexiam de um lado pro outro com a derradeira chegada dos carros da imprensa.

- Ártemis era conhecida pela arte da caça e também por ser arisca e selvagem. Sua arma era o arco e flecha.

Yuri continuou com o sorriso estampado enquanto Andrômeda ainda sofria com a dificuldade de entender.

- Ainda não entendi - se explicou a policial - Essa letra é o nome dessa deusa?

- Não, essa letra é o desenho do arco de Ártemis, na verdade é a própria lua em seu estado crescente com a flecha da deusa grega no meio.

- Não, essa letra é o desenho do arco de Ártemis, na verdade é a própria lua em seu estado crescente com a flecha da deusa grega no meio

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Eduardo apontou para o símbolo e continuou sua explicação.

- Percebam que a priori nos faz pensar ser uma letra, mas é um símbolo. A curva é saliente e não vertical como a letra "E" do qual achávamos está se tratando.

Andrômeda entendia as referências, mas não conseguia visualizar em seus pensamentos de maneira fiel todos aqueles simbolismos.

Eduardo percebeu o aparecimento dos repórteres que preparavam seus instrumentos de trabalho e os profissionais de jornalismo se aprumando para entrarem em campo com suas incansáveis entrevistas.

- Mas preciso sair daqui, voltar pra casa, pensar no que isso pode significar, apesar de Ártemis há outras deusas que giram em torno da lua. O seu próprio nome diz respeito a uma dessas deusas - Andrômeda é uma deusa lunar. Além da esposa de Thoth, a deusa Sefkhet dos egípcios, divindade das estrelas e tempo; Teczitecatl da mitologia Asteca, deusa do sexo e das quatros estações da lua; também entre os gregos temos a filha de Hiperion e Tea; Selene que por muitas vezes é associada à própria Ártemis. Eu poderia citar várias deusas, inclusive Iemanjá com sua forte influência nas fortes marés em dia de lua cheia. - Eduardo pôs as mãos na cintura com seus ombros caídos. - Mas estou exausto, preciso digerir tudo isso e com calma eu poderei...

A policial teve um "insight" no exato momento em que Eduardo se esforçava pra parear as deusas que tinha conexão direta com a lua.

- Espera, quais deusas você acabou de falar? - seus olhos estavam atentos - Repita sem os detalhes, só os nomes.

Eduardo acatou sem delonga.

Rapidamente a mulher pegou a prancheta com o arquivo do caso de cinco anos atrás. Correu os olhos pela lista de nomes dos sobreviventes que no total contabilizavam 11 pessoas.

- Aqui está! - disse com o dedo indicador em cima de um dos nomes.

Os dois homens semicerraram os olhos olhando um para o outro, agora era eles que não entendiam.

- Você acabou de nos mostrar uma pista concreta professor Kohen. - disse a mulher com seu rosto revigorado. - Lígia Selene é uma das sobreviventes do incêndio no ônibus. E se essas vitimas estão relacionadas com aquele acontecimento é possível que ela esteja em apuros.

A mulher beijou o rosto do terapeuta em um comportamento abrupto, sinuoso e reflexivo, entregou a prancheta com força no peito de Yuri e saiu correndo. Antes de desvencilhar dos repórteres que já viam como um rasante de urubus.

- Cuide dele Yuri eu preciso encontrar a sobrevivente Selene. - disse a policial correndo em direção contrária aos urubus e sacando seu celular do bolso.

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⏰ Última atualização: Aug 13, 2017 ⏰

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