NICHOLAS
O dia amanhece nublado, mas não está chovendo. Tenho a sensação de que os céus concordaram comigo sobre os acontecimentos para hoje, e enquanto me arrumo para fazer o que devo fazer, me pergunto qual é o motivo de eu não estar me sentindo feliz como eu deveria, embora eu saiba a resposta exata para essa pergunta. A peça no dia anterior foi aclamada por toda San Pier, e meus pais, que me tinham visto beijar um outro homem pela primeira vez de maneira pública, disseram que estavam mais do que orgulhosos de mim por ter recebido aquele papel e ter desempenhado ele de forma tão linda. Na verdade eles deveriam agradecer à Alison, ela foi a principal responsável por esse acontecimento, e se tudo der certo daqui pra frente, é graças à ela que estarei com um futuro mais que garantido naquilo que mais almejo fazer, e é com esse pensamento que tomo coragem para descer as escadas de casa até alcançar a sala, onde encontro a minha mãe sentada no sofá, fazendo tricô.
— Não vai chorar agora, vai? — ela arqueia uma das sobrancelhas, olhando para mim.
— Ainda não.
Mas sei que não vou conseguir aguentar até que ele vá embora.
— Boa sorte, meu amor.
É a última palavra que trocamos antes que eu saia de casa. Derek está me esperando na porta de casa, com um moletom preto e uma mochila nas costas. Está sozinho, embora o tio Fred e a tia Rouse sejam os responsáveis a nos levar para o aeroporto, a Alison e a Kimberly se despediram ontem após a peça, afirmando para mim que o momento de hoje deveria ser um momento meu e dele. Eu concordei com isso, precisamos ficar a sós pela última vez antes que ele se vá por seis meses.
— O grande dia chegou. — tento esboçar um sorriso sincero. Derek concorda com a cabeça, me encarnado de volta. — Como você está se sentindo?
— Estranho. Ainda não consigo acreditar que estou deixando San Pier para trás.
— É por uma razão maior.
— É.
O silêncio se instala por alguns minutos.
— Você mandou bem ontem. — ele elogia outra vez, fez isso durante a noite toda em nossas trocas de mensagens. — Estou orgulhoso de você, Danvers.
— Fico feliz por saber que você ficou aqui até hoje só para me assistir, acho que isso me deixou nervoso, mas determinado a dar o melhor de mim do começo ao fim. Obrigado.
— Eu sempre irei parar o tempo por você.
Me sinto estranho. As palavras soam estranhas porque agora eu sei que existe mais coisas do que existia antes, e agora ele sabe o que ele quer, para onde apontar, para onde ir.
— Posso fazer isso pela última vez? — minha mão encontra sua bochecha que aperto até que ele comece a rir e meu indicador entre no espaço da sua covinha.
— Não é como se eu fosse morrer, Danvers. — ele ainda está rindo quando dá um tapa em minha mão para me afastar. — E eu sei que prometi que terminaríamos isso juntos, então eu sinto muito por ir embora assim, desfazendo e quebrando a nossa promessa.
Sequer reclamei do tapa.
— Eu vou ficar bem, você não precisa ficar com essa preocupação.
— Posso te abraçar agora?
— Não quero começar a chorar aqui, talvez no aeroporto. — dou risada.
O momento é salvo pela chegada do tio Fred que traz consigo o resto das malas, ele está acompanhado pela tia Rouse, que reclama pelo atraso de minutos que eles estão tendo por causa do tio Fred. É dessa forma que eles se amam. Os dois me cumprimentam ao me ver, e então recebo aquele beijo na testa da tia Rouse antes que ela diga que eu fui incrível na peça.
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Depois do Ritual (romance gay)
Novela Juvenil[HISTÓRIA COMPLETA] Todos os anos antes do retorno das aulas, os alunos da Zaco Beach School se reúnem em volta de uma fogueira para participar do tão famoso Ritual na Praia, durante muito tempo o Ritual foi algo extremamente normal, até chegar a ve...