Just like Fire ➣Yoonmin

●06●

Senti cada fibra de mim gritar por liberdade. Meus pulsos já estavam cansados de estarem presos à estas algemas de pulseiras geladas que qualquer movimento meu fazia as correntes emitirem sons graves por estas paredes geladas.

Tudo que eu queria era saber o que está acontecendo, mas tenho medo do que realmente pode ser essa verdade. Até agora não sei direito o que imaginar, é muito estranho o modo como as pessoas sumiram em um piscar de olhos, mas poças de sangue forravam o chão daquela lona que deveria ser um motivo impressionante para que as pessoas saíssem de casa.

E de fato era impressionante, mas não do jeito que as pessoas queriam que fosse.

Em momento algum a voz de Heyona abandonava minha mente, parecia que havia um despertador infeliz que fazia a voz delicada e infantil dela ecoar em meus pensamentos a cada minuto que eu tentava me concentrar em achar um meio de fugir.

ㅡ Olá moço bonito chamado Park Jimin ㅡ Aquela voz grossa ecoou pela 'prisão', e eu dei um salto assustado.

Não que o Mágico Kim seja motivo de susto por ser feio ou aterrorizante, mas suas aparições repentinas fariam qualquer pessoa se assustar.

Ele carregava um sorriso quadrado, que dava um ar descontraído. Subi o olhar, vendo sua maquiagem deliniando seus olhos e desta vez sua cartola estava em suas mãos, deixando seus fios louros e bagunçados à mostra.

Os olhos escuros do Mágico começaram a percorrer os arredores daquele espaço, procurando rapidamente mas com atenção, alguma coisa.

ㅡ Percebi que o Pianista matou a borboleta que eu havia te dado ㅡ Comentou com um bico nos lábios, mas sua expressão chateada foi embora rapidamente ㅡ Fazer o que, meu querido Min Yoongi tem talento pra matar o que dou vida.

ㅡ Yoongi? ㅡ Perguntei confuso.

ㅡ Sim, um dos pianistas.

Um dos pianistas? Isso significa que existe outro? Bom, mas eu tenho quase certeza de quem me trouxe pra cá foi esse tal de Yoongi, porque o Mágico deve saber muito bem o que aconteceu.

ㅡ Quem é o outro pianista?

ㅡ Jeon Jungkook ㅡ Taehyung passou as costas da mão sobre os lábios e jogou sua cartola sobre a cabeça.

ㅡ O que mandou que me prendessem? ㅡ Tentei controlar o tom de voz, mas a cada segundo que passava eu sentia a raiva subindo por meu peito.

ㅡ Ele mandou? ㅡ Fez uma careta confusa.

Ele também não iria responder à isso, já seu olhar entrega que Taehyung nem ao menos sabia que esse tal Jungkook é quem mandou que me prendesse aqui.  Bom, eu acho que O Mágico não sabe disso.

ㅡ Mágico... ㅡ Murmurei, sentindo minha garganta seca ㅡ Por que... insiste em vir aqui?

ㅡ Não sei, acho que gostei de você ㅡ Sorriu de forma estranha, e deu de ombros.

ㅡ Se gosta... por que não me ajuda a escapar? Não sabe como é terrível... ㅡ Minha fala se perdeu, quando minha garganta arranhou pela seca.

ㅡ Vejo que está com sede... ㅡ Ele deu um salto de entusiasmo, e veio caminhando em minha direção.

ㅡ Vai tirar um copo de água da sua cartola agora? ㅡ Falei ironicamente e ele riu como se tivesse escutado algo hilário.

ㅡ Não posso mexer com água ㅡ Deu de ombros com um sorriso sem graça, mas logo arregalou os olhos como se tivesse tido uma ótima idéia ㅡ Mas conheço alguém que pode... Já volto.

E do mesmo jeito que surgiu, ele sumiu.

Observei aquela breve fumaça branca que subia do chão como se abaixo do piso estivesse guardando fogo, e a fumaça conseguisse escapar e subir para cima.

Fiquei em silêncio, sentindo o silêncio amortecer a queda do meu pânico. Mesmo tendo o Mágico aqui, eu sei que ele não vai me ajudar. Mesmo tendo a droga do Pianista aqui eu também sei que ele não vai me ajudar, me sinto cercado de pessoas que me fazem sentir sozinho.

Risos.

Risos altos e finos pareciam se aproximar pelo corredor. Eu conhecia aquela risada fina de palhaço, que era uma imitação de criança, mas dava para perceber que era forçado por debaixo de uma voz masculina e grossa.

Meu olhar ficou paralisado na porta, como se eu esperasse que a qualquer momento ela fosse explodir.

Parecia que sapatos enormes se arrastavam pelo chão do lado de fora, fazendo com que cada som da sola do sapato batendo contra o chão fosse uma parte do meu coração explodindo em sangue quente, para que minha respiração continuasse.

Os passos se aproximavam mais, até que pararam.

Era estranha a maneira a qual eu conseguia sentir o som de meus batimentos cardíacos em meus ouvidos, mas tudo que eu queria ouvir era o som de passos se distanciando naquele momento, tendo certeza de que o palhaço havia ido embora.

ㅡ Baby ㅡ Uma voz forçada de palhaço soou, fazendo meu corpo tremer ㅡ Eu quero brincar contigo, posso entrar?

Eu não conseguia responder, muito menos queria.

ㅡ Tenho balões, posso fazer um cachorrinho pra você ㅡ Riu baixinho, e tudo que eu queria era pedir era paz ㅡ Tenhos balinhas também.

O trinco da porta havia sido destrancado.

Me sinto uma criança sendo alvo de alguém abusivo. É horrível a sensação de sentir medo, e estar preso à correntes de pânico que fazem o desespero ser sua única companhia íntima.

ㅡ Tenho cera aqui... ㅡ A porta foi arrastada levemente, fazendo minha garganta fechar ㅡ Posso aquece-la.

Lentamente a porta foi se abrindo. Eu pedia internamente para que o Pianista aparecesse. Eu queria o Pianista naquele momento.

ㅡ Podemos brincar, eu posso te deixar igual a mim... ㅡ A porta se abriu completamente.

O grito de horror ficou preso em minha garganta, enquanto eu via o rosto macabro daquele palhaço derretendo. A peruca vermelha era a única coisa intacta em sua cabeça. As peles da bochecha pareciam rasgadas e estavam pendidas como papéis rasgados. Os olhos queimados e da boca escorria um sangue escuro de forma abundante.

ㅡ Vou cuidar de você, vamos rir muito, não dói quase nada ㅡ Sorriu, deixando sua gengiva composto de dentes podres a mostra, já que as peles das laterais de sua boca estava queimadas.

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🍃Boa noite ^-^🍃