11

240 14 4
                                    

"Como está o Zayn?"

"Veio trabalhar," Levanto algumas folhas e aponto para a porta fechada, em direção de todas as outras salas onde ele deve estar. "Então, a boa notícia é que ainda está vivo."

A Beatrice inspira profundamente. Ela não gosta quando faço este tipo de piadas sobre a situação do Zayn.

"Ele é teu amigo."

"E o que é que queres que faça com esse facto que claramente não lhe diz absolutamente nada?" Ergo uma sobrancelha perante o seu rosto sereno mas aborrecido.

As consultas com a Cecília, embora poucas, ajudaram imenso. Descobri alguns traços em mim, tenho trabalhado no meu tato, honestidade, compreensão, compaixão e capacidade de colocar-me no lugar do próximo.

Mas às vezes é difícil manter o idiota dentro de mim adormecido. Especialmente quando lido com alguém tão idiota quanto eu. E esse alguém é o Zayn.

"Um vício é como uma doença. Devias saber isso a esta altura. Passaste pelo mesmo."

"Não andei a cheirar nada." Defendo-me erguendo as sobrancelhas.

"Álcool, drogas... mesma coisa." As suas mãos juntam-se em cima da minha secretária. "Tu também não ouvias ninguém."

"Acabei por ouvir." Rebato novamente, focado nos documentos que leio. "Ele não ouve ou quer sequer ouvir alguém. Desisti de tentar ajudá-lo."

Ainda estou profundamente irritado com a cena que fez na Sexta-feira e é por isso que hoje tenho ainda mais desapego por ele do em qualquer outro dia.

Talvez amanhã mude de ideias e decida que quero ajuda-lo novamente.

A porta do meu gabinete abre-se revelando a Verónica, que entra sem bater e que está claramente impaciente e irritada por ter a Beatrice a empatá-la há mais de vinte minutos.

"Desculpem interromper mais uma vez." Ela abre um sorriso forçado, dando enfase ás folhas que segura. "Eu preciso mesmo de falar com o Harry."

Aproximando-se da secretária, envia um olhar à Beatrice que indica que está na hora de ir embora. 'Se puderes deixar-nos a sós, agradeço."

"Claro que sim." A Beatrice reúne as suas coisas de forma atrapalhada, acanhada com a autoridade. "Continuamos esta conversa mais tarde."

"Não." Murmuro sem a olhar enquanto se despede da Verónica.

"Até à próxima." A Verónica nem sequer se vira para a encarar enquanto acena em despedida esperando pelo clique da porta a fechar-se. "Agora visita-te no trabalho?" Refila largando as folhas em cima da minha secretária.

"Desculpe, chefe. Não sabia que não podia receber visitas no trabalho."

Ela esboça um sorriso falso e vago, fingindo rir da minha piada.

"Há quem precise trabalhar. Eu não tenho um pai milionário que me sustente." Refila sentando-se na cadeira à minha frente para ser interrompida por duas batidas na porta. "O que é?"

Adoro quando assume o controlo e age como se fosse a dona de tudo isto.

Virando-se, vê o Zayn entrar e ambos trocam olhares pouco harmoniosos entre si.

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔 𝐹𝑟𝑒𝑒𝑑𝑜𝑚Onde histórias criam vida. Descubra agora