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Vinte e três de Junho

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Vinte e três de Junho.

Passou-se um ano desde o pior dia da minha vida.

Parece que foi ontem. Os documentos, a chamada, a arma, os tiros... o som dos malditos tiros.

Não dormi muito na noite passada. Sempre que fechava os olhos, ouvia aquele som horrível e não havia forma de o parar.

Os comprimentos não ajudaram. Nem os cigarros ou o álcool.

Sentei-me no pátio e esperei outro nascer do sol. Esperei que fossem horas decentes para tomar um banho, sair de casa e ir até ao cemitério ter uma conversinha com os amigos de quem não mantenho segredos.

Eles não podem dar-me sermões. É por isso que falo mais com eles do que qualquer pessoa viva que possa responder-me e dizer-me o que não quero ouvir.

Muita coisa mudou este ano, mas não necessariamente para melhor.

A vida ainda é uma merda, eu apenas aprendi a não me importar com isso.

Não que tenha outra escolha.

"Anna, estás aqui?" A Leah balança a mão à frente do meu rosto, fazendo-me erguer a cabeça e levantar-me do sofá imediatamente ao ver o Robert junto ao Andrew.

"Boa tarde." Recomponho-me tentado disfarçar o facto de que estava quase a adormecer.

"Está tudo bem?"

"Sim. Eu cheguei e não encontrei ninguém."

Então quase adormeci no sofá da receção.

"Estávamos na sala ao lado. O Robert apareceu para verificar como estão as coisas."

"Está exatamente como estava ontem. Não há nada para verificar." Encaro-o enquanto falo vendo-o vaguear o olhar pelo meu corpo antes de me olhar nos olhos com um sorriso satisfeito.

"Bom, o edifício e o investimento são nossos."

"Do seu superior." Relembro algo que tem a tendência de esquecer.

"Somos uma empresa, remamos todos para o mesmo lado. Parte deste investimento também é meu. O meu superior deu-me total liberdade para gerir este projeto."

"A Galeria é do meu irmão e quem está no comando neste momento sou eu. Nada do que vá dizer vai fazer qualquer diferença."

Eu tento ser o mais simpática possível, porque sem a sua aprovação nunca estaríamos aqui neste momento mas hoje não estou com paciência para palavras mansas.

Isto pertence ao Wally e só o Wally pode mudar o que quer que seja.

"Sempre tão desafiadora. Estava apenas a brincar, Anna. Está a fazer um ótimo trabalho."

"Eu sei." Afirmo sem me deixar levar pelos seus elogios.

"Quando é que o seu irmão regressa? Estou desejoso por conhecê-lo."

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔 𝐹𝑟𝑒𝑒𝑑𝑜𝑚Onde histórias criam vida. Descubra agora