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"Vejo-te daqui a pouco, ok?"


O Enzo entra na porta de metal à direita da porta de entrada do bar para poder preparar-se para mais uma noite de trabalho.

Cumprimento o segurança que apenas vejo por aqui em noites especiais e subo as escadas vermelhas até ao cimo onde o homem mais alto que já vi em toda a minha vida me espera com um sorriso simpático no rosto.

"Boa noite, Anton."

"Boa noite, Anna." Os seus olhos investigam o andar de baixo e ao ter a costa livre, estica um dos seus robustos e musculados braços para me abraçar. "Vieste com o Enzo?"

"Sim. Ele foi preparar-se." Tento abraça-lo de forma apropriada, mas é impossível. Os meus braços são demasiado pequenos.

Pelo menos já tenho coragem para o abraçar. Nas primeiras vezes em que nos cruzamos, eu ficava aterrorizada pelo aspeto robusto, a barba enorme, as tatuagens, a voz forte e o olhar duro que recebia. Acredito que demorei umas sete noites até conseguir ser minimamente educada e dizer-lhe boa noite.

Mas aos poucos, depois de muitas conversas em grupo de fim de noite, descobri que o interior do Anton em nada se reflete no seu exterior. É um doce de pessoa e é visto como a figura paterna por todas as pessoas que aqui trabalham.

"Vais ficar até tarde?"

"Sim, é provável." Assinto. "Porquê?"

"Quando conseguir uma pausa, podemos conversar? Preciso da tua opinião num assunto."

"Claro. Sabes onde me encontrar."

"Obrigado." Agradecido, abre a porta que até agora abafava o som da música alta. "Diverte-te."


Caminho em direção do fumo branco que escapa pela porta aberta e das luzes vermelhas que pintam cada canto do enorme bar. O chão treme ao som da batida da música, o ar é quente e húmido num mar de corpos quase despidos que dançam de forma promiscua. 

Esta é a noite mais selvagem do mês. Todos os meses acontece a noite a que chamam especial onde tudo o que costuma acontecer numa noite normal se intensifica. Todas as pessoas aqui presentes procuram toque, sensualidade, sexo, drogas e strippers. É a única noite em que não há regras. 

Normalmente nestas noites o bar é frequentado por mais homens do que o normal porque o Josh contrata strippers femininas para agradar a todos os públicos, tal como a maravilhosa Lola.

Aceno-lhe quando discretamente faz o mesmo sem nunca parar de girar no varão. Paro por um momento para a observar porque, como não? Ela é espantosa no que faz. 

Como sobrevivo aqui? Mesmo sobre o efeito de substâncias ilícitas e muito álcool, a maioria das pessoas respeita o espaço e os limites do próximo.

Quando a música termina, desvio o olhar e entro no mar de corpos para me dirigir para o bar.

Mesmo antes de conseguir aproximar-me, avisto o Josh sentado em um dos bancos altos completamente vestido ao contrário de todos nós com a sua postura dominante e rosto fechado.

Do outro lado do balcão, o Alex e o Paul parecem atarefados em manter o balcão organizado.

"Boa noite." Sento-me ao lado do Josh como habitualmente faço, esperando que termine de beber o seu whisky. "Feliz aniversário."

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔 𝐹𝑟𝑒𝑒𝑑𝑜𝑚Onde histórias criam vida. Descubra agora