# 10 Vingança

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O sol nasceu e se pôs, e outra vez, durante cinco dias, a companhia viajou, parando para descansar o corpo e a mente, sempre quê paravam em pequenos bosques e campos, vez ou outra em pequenas florestas, Raegal afinava seu Alaúde e cantava durante a noite, parava apenas quando Fhorturin ameaçava dar uma machadada nele, Rubky por sua vez não parava de ler seu grimório de magia, grimório este quê Arquimago Léoric deu para ele recentemente e ainda não tinha decorado, Ari curvava a cabeça sempre tentando formar palavras, mas só conseguia ler o título do grimório que estava em élfico, Runas antigas: por Vaegar Anallar.
- Quem foi Vaegar Anallar? - Perguntava ela para Rubky.
- Eu já não disse três vezes?
- Foram duas na verdade - arrumou o cabelo do rosto deixando suas orelhas pontiagudas aparente. - Mas eu sempre me esqueço.
- Vaeghar foi um grande estudioso de magias e runas antigas, ele foi aprendiz do grande mestre da magia atual, que está na torre Arcana.
- Ah sim, é verdade, e por que lê tanto sobre runas antigas? Se elas estão perdidas.
- Não estão perdidas. - Disse o rapaz fechando o grimório e olhando para ela com olhar de irritação. - As forças das trevas usam muito as runas antigas, em cavernas e masmorras da legião está cercada de armadilhas e runas mágicas que podem nos matar, e se eu não saber como desarmá-las vamos estar todos mortos.
- Pensei que Shaco saberia lidar com armadilhas. - Disse Elric caminhando ao lado deles.
- E sei como lidar com elas. - Disse Shaco franzindo a sobrancelha.
- Pode até saber lidar com armadilhas humanas, mas as runas antigas, estão muito além de suas habilidades. - E voltou a ler seu grimório.
Passaram por um bosque imenso de gramado muito verde, e o sol forte deixava a paisagem ainda mais bonita.
- Que árvore linda! - Adimirou Mhysa tocando suavemente sua mão no tronco de Carvalho da árvore.
- Imagine só como isso seria, se a carroça dos Goblins tivesse passado por aqui. - disse Raegal coçando a barba. - essa paisagem linda estaria morta e destruída.
- Tem razão. - Concordou ela olhando para as nuvens, que na frente do sol fazia o reflexo. - Olha como as nuvens estão lindas.
- Da onde eu venho eles diziam que as nuvens nos mostra boas lembranças, basta só você olhar para elas, e se lembrava de momentos felizes que viveu.
- É verdade! - Disse a garota olhando para cima e sorrindo. - Eu vejo, minha mãe fazendo torta de nozes no fim da tarde, meu irmão e eu competindo tiro ao alvo e meu pai rindo ao lado.
- Quando eu olho. - Disse o bardo. - Vejo apenas Keyla, é uma ótima lembrança, mas logo em seguida me dou conta de tudo que aconteceu, e não é uma lembrança tão boa assim.
Depois que passaram pelo bosque, desceram uma colina e subiram pela trilha e quando o sol começou a se pôr Arianna pôde ver, uma montanha, alta e escura, com geada no topo e rochas e colinas quebradas entre seu meio.
- Pessoal! eu vejo! A montanha está a algumas milhas de distância, talvez chegamos amanhã ao amanhecer ou hoje se apertármos o passo.
- Será hoje! - Disse Fhorturin com uma voz aguda e cheio de raiva. - Aquele Maldito Orc morrerá!
- Então vamos hoje. - Disse Elric. Vamos apertar o passo pessoal.
- Galera. - Disse Mhysa olhando por entre alguns arbustos. - Não é por nada não, mas logo á frente tem o acampamento da legião.
- O quê? - Disse Rubky agachando para olhar também. - É, de fato, é um agrupamento de orcs e tem um troll imenso com uma maça com correntes enorme ali.
- Vamos acabar com eles! - Exclamou Fhorturin sacando seu martelo.
- Não Fhorturin! - Disse Elric olhando nos olhos dele. - Pelo menos uma vez nos escute e não vá para cima sem pensar nas consequências!
- Eu não sigo suas ordens humano!
- Não é questão de seguir ordens, e sim que é um perigo real dessa vez, um acampamento orc irá nos massacrar se não irmos com cautela.
- O Elric tem razão. - Disse Raegal. - Vamos pensar bem antes de agir.
- Irei mandar meu corvo espectral para fazer um reconhecimento e podermos saber quantos inimigos tem nesse acampamento.
- Acho que seria sábio fazer isso.
Rubky então saca sua varinha e conjura o corvo espectral que surge em sua mão, o corvo fica em seu braço como se fosse um poleiro velho, o feiticeiro levanta um pouco o braço e o corvo sai voando em direção ao acampamento, o rapaz levanta o orbe de cristal da pequena bolsa de couro e todos se juntam em roda para poder ver. Dentro do orbe são capazes de ver a visão do corvo, ele sobrevoando a floresta até chegar mais perto do acampamento e gira em torno dele por completo, - Três...quatro...cinco... Ao leste . - Conta o rapaz. - seis...sete...
- O quê é aquilo enorme no canto superior? - Pergunta Ari.
- É ele! - Grita Fhorturin. - É o Thror o Tenebroso.
- Tudo bem, mas e aquilo ali? - Pergunta Elric, apontando para um troll de no mínimo dois metros e meio de altura, com quatro braços e carregando quatro maças com correntes.
- Aquilo sim será um problema...
O corvo espectral vai chegando cada vez mais perto do troll de quatro braços.
- Tira ele dali Rubky! Vai nos entregar.
- Eu disse que era uma magia que eu não tinha aperfeiçoado ainda... Não tenho total controle sobre ela.
O corvo desce e se empoleira no ombro do Troll, Thror o Tenebroso caminha em direção ao seu companheiro Troll, e ele olha curioso para a ave esquisita, o Troll gigante apenas olha meio abobalhado.
- O quê é aquilo mestre? - Diz um orc na língua da legião, caminhando para perto de Thror.
- Com toda a certeza isso é magia, nosso acampamento está sendo vigiado, toquem os berrantes, e se armem vamos descobrir quem ousa se opor a Thror!
- Sim mestre! Imediatamente mestre!
O orc correu e comunicou outro com o berrante que fazia a vígia, ele acenou com a cabeça e foi até uma torre arqueira improvisada, com ossos e panos velhos formando uma proteção, e lá dentro estavam dois orcs arqueiros e ainda tinha espaço para o estandarte escarlate da legião. O orc subiu as escadas com dificuldade pois levava o berrante em suas costas, quando chegou ao topo, assoprou com toda a sua força, o berrante ecoou por toda a região, fazendo com que uma rajada de vento fizesse a folha das árvores se agitassem.
- Não creio que fomos descobertos. - Disse Shaco colocando seu capuz.
- esse corvo estúpido nos entregou.
O segundo rugido no berrante foi quase mais alto que o primeiro.
- E agora? perguntou Mhysa sacando seu arco de suas costas. - Não temos escolha, para chegar até a montanha precisamos passar pelo acampamento, e para piorar já sabem que estamos aqui.
- Então vamos agora!! - Trovejou Fhorturin, e foi correndo segurando seu martelo com as duas mãos. - Será hoje que irei me vingar Thror!
Elric desembanhou sua espada e seu escudo de corpo. - Então vamos companhia! - E correu junto de Fhorturin, e todos atrás dele.
Chegando na frente do acampamento, a companhia conseguiu ver toda a armada de Thror com suas armas em mãos, inclusive o medonho Troll com quatro braços.
- Sobreviveremos a isso? - Perguntou Shaco a Raegal. - Não. - Respondeu ele. - Com certeza não.
- Mhysa! Ari! Vocês ficam atrás atirando suas flechas, Rubky se puder ajudar com magias de proteção, seria útil, não é hora para aperfeiçoar magias, todo erro será fatal.
Os orcs começaram a correr para o ataque depois do grito de ordem de Thror, o Troll foi na frente girando suas maças com correntes, com seus quatro braços e todos atrás deles.
A companhia começou a correr em direção ao ataque, Fhorturin e Elric na frente, Raegal e Shaco atrás, e Rubky, Ari e Mhysa na retaguarda.
- Ari! - Gritou Mhysa - Foque no Troll e deixe os menores para depois.
- Não mate o Troll. - Disse Raegal. - Ele será nosso trunfo.
- Como assim?
- não o mate! Apenas retarde-o.
Fhorturin correu e agachou da maça do Troll, e corria em Direção ao Thror, que estava gritando no fundo. - Vitória ou morte!!
Mhysa e Ari lançaram duas flechas de seu arco ao mesmo tempo, derrubando quatro orcs, Elric empurrou um com seu escudo e derrubou o outro com uma espadada, quando olhou para cima viu o Troll babando e lançando sua maça em Elric que caiu no chão com tamanha força.
- Elric! - Gritou Mhysa, ela correu e se esquivou de um orc que veio com uma clava de aço, e Ari o derrubou com uma flecha.
Três orcs ao leste e dois ao oeste correram para impedir que Mhysa chegasse a Elric, os três voaram para longe depois de receber uma bola de fogo vinda de Rubky, e os outros dois caíram após Shaco passar a adaga em suas gargantas.
- Você está bem? - Ajoelhou a garota ajudando ele a levantar.
- Mhysa... Cuidado! - Disse Elric com dificuldade ao ver que o Troll levantou suas maças para atacar, mas ele para no ar e Todos ouvem uma canção, Mhysa olha para trás e consegue ver Raegal com seu Alaúde cantando, e o Troll lutando uma luta interna dentro de sua mente a qual perdeu, e se virando e atacando os orcs aliados, girando sua maça contra eles.
- O que está fazendo idiota?!! - Gritou os orcs. - estamos do seu lado!
O Troll olhou para eles completamente enfeitiçado, parecia não dar atenção ao que eles diziam, e continou a lançar suas maças contra eles, e seus aliados orcs não podiam fazer nada, a não ser se defender dos ataques, o que para muitos, era muito difícil.
Fhorturin correu e deu uma martelada no orc que veio correndo em sua direção, mais alguns trotes, e finalmente, estava frente a frente com seu pior inimigo, aquele que havia assinado seus irmãos da montanha, e seu mestre na colina dourada.
- Finalmente no encontramos no campo de batalha Fhorturin. - Diz o Orc em tom de Deboche.
- Esperei muito tempo por esse dia, em que eu vingarei meus irmãos e meu mestre. - Apertou o cabo do martelo com força. - Em meus sonhos eu lhe mato todas as vezes.
- He, he, então é aqui que começa.
- Não, é aqui que termina!
- Está certo, então me mostre!
Fhorturin com fúria em seus olhos correu segurando seu martelo de batalha com as duas mãos, enquanto que Thror empunhava um Machado grande de dois gumes, com runas dos anões, e riscos orcs entalhados por cima. O anão deu o primeiro golpe de cima para baixo com força, e Thror bloqueou com agilidade, o barulho de aço batendo em aço ressoou, e Fhorturin continou batendo em fúria, e Thror bloqueava todos os golpes, um mais firmes que os outros, eles foram digladiando e dando passos largos para trás, Thror defendeu mais um e girou, conseguindo achar uma brecha na defesa do anão, e acertou uma machadada muito forte, fazendo com que Fhorturin voasse ao chão, seu elmo desprendeu de sua cabeça, e saiu rolando, os anéis que prendiam sua barba se soltaram ao chão, e sua barba se esvoaçou ao ar, ele pôs a mão onde recebeu o golpe e ungiu de dor.
- O que foi Fhorturin?!! - Você era melhor! Os anos lhe deixaram lentos?
Fhorturin pegando força para se levantar, tossiu, e levantou com dificuldade segurando o ferimento quê estava sangrando.
- Você sabe que seus irmãos precisaram morrer! Pelo sacrifício da legião!
- Fique calado! - Trovejou Fhorturin. - Não diga uma maldita palavra para se dirigir a eles! Você não tem essa honra!
- Honra? - Riu Thror. - Olha o estado deplorável que você se encontra, e vem me falar de honra, você não conseguiu me derrotar e não conseguirá agora, mas não se preocupe logo você estará com eles, dançando com eles no inferno, quando eu esmagar a sua cabeça! Igualzinho eu fiz com eles!
Fhorturin espumou sua raiva pela boca e apertou seu machado tão forte que trincou o cabo de madeira, correu gritando e deu uma machadada no peito de Thror, com a força da machadada o orc caiu no chão, e Fhorturin em cima dele.
- Muito bom! - Riu Thror. - Pena quê sua fúria não foi o bastante para atravessar Minha armadura. - O Orc colocou suas mãos monstruosas na cabeça do Anão e apertou, apertou muito,e riu ouvindo Fhorturin gritar. - Agora morra como seus irmãos!
Mhysa deu uma pirueta e lançou uma flecha no orc que estava na torre de vigia, fazendo com que ele caísse gritando.
O troll de quatro braços girando derrubando muito de seus aliados.
- ele não para! - Berrou um orc. - Vamos matá-lo!
Os últimos seis orcs que sobraram flanquearam o Troll, o de zarabatana atirou um dardo no olho do Troll, ele gritou alto e pôs uma de suas mãos no rosto, o outro deu um apoio para o outro que pulou e enfiou sua espada no peito do Troll, fazendo com que ele desse três passos para trás desequilíbrado.
- Elric! - Gritou Raegal. - O encanto da minha canção da hipnose está acabando!
- Não se preocupem! - disse Rubky abrindo seu grimório de magia. - Apenas saiam de perto de todos eles!
Mhysa voltou correndo limpando sua capa, Ari derrubou o outro orc no parapeito e voltou ao lado de Mhysa, Elric colocou seu escudo nas costas e voltou procurou por Fhorturin. - Onde está o anão?
Os últimos orcs ficaram de frente para o grupo.
- Agora acabou! - Disse um orc com uma voz asquerosa levantando sua lança para atacar.
- Acabou mesmo! Tempestade de gelo! - Conjurou Rubky. E em cima dos orcs surgiu uma aura azul e gelada, e dela começou a cair estacas enormes de gelo, os orcs de dentro começaram a gritar e relutar. - Está acabado.
Thror rindo da dor de Fhorturin, esmagando a cabeça dele. - Não se preocupa você logo verá seus irmãos, he,he!
- É você... Que verá eles...! - Disse o anão dando uma martelada no seu próprio machado que estava enficado na armadura do Orc, fazendo com que a armadura se rompesse e a lâmina de aço anão, perfurasse o peito robusto de Thror, que gritou tão alto como um ogro, ele aos poucos soltou a cabeça de Fhorturin e seus olhos cheio de expressão e força foi se perdendo até ficar sem vida.
Fhorturin levantou com dificuldade, e olhou para o céu, com um olho fechado, tossiu, respirou fundo e pensou. Foi por vocês meus irmãos, finalmente acabou, eu consegui.
- Fhorturin! Você está bem?! - Disse Mhysa correndo em direção ao anão.
Ele se virou e viu todo o grupo. - Estou, Obrigado pessoal, obrigado mesmo!
Mhysa achou muito estranho ver o Fhorturin agradeçendo, mas ela apenas sorriu.
- Pessoal! - Disse ela colocando seu arco preso as costas, arrumando o cabelo e respirando fundo. - o sol esta se pondo, e a montanha sombria está logo a frente, vamos nos preparar.
- Por hora, vamos apenas descansar, ao amanhecer marcharemos até a montanha.
- E esperar que os deuses nos ajude...

A Lenda do Éther e a Montanha Sombria (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora