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... ve ter tido problemas ao dar à luz Geórgia — ele disse, a voz sem qualquer nota de emoção.
Ela se enrolou na toalha.
— Nina?
— Não quero falar sobre isso.
— Precisamos conversar, querendo ou não. Preciso saber.
— O que você precisa saber? — Nina voltou-se para ele. — Quer saber como foi dar à luz a Geórgia depois de 15 horas de trabalho de parto? Saber como o pai dela se recusou a reconhecer sua existência?
Marc apenas a olhava.
— Não tem o direito de fazer qualquer julgamento — ela continuou. — Tem idéia do que é estar grávida e sozinha? Tem?
Marc respirou fundo, então suspirou.
— Não, não tenho. Você tem razão. Não tenho o direito de julg�-la.
— Geórgia precisava de um pai e minha. digo, eu precisava de alguém que me ajudasse a criá-la, mas seu irmão não demonstrou interesse.
— Ele não tinha planejado ter um filho com você.
— E daí? Quaisquer que sejam os fatores envolvidos na concepção de uma criança, é dever dos pais cuidar de seu bem-estar. Além disso, acidentes acontecem. — Ela o encarou incisivamente e acrescentou: — Não o vi usando preservativo ainda agora.
— Eu não. você sabe. —As palavras desapareceram, um forte rubor tomando o rosto de Marc.
Ela ergueu as sobrancelhas.
— Não sabia que os fluidos pré-ejaculatórios contêm milhares de espermatozóides? Talvez esteja na mesma situação de seu irmão agora.
— Se for o caso, estou preparado para assumir minhas responsabilidades.
— Mesmo que me odeie, que mal suporte olhar para mim.
Marc respondeu sem titubear.
— Colocarei meus sentimentos de lado se necessário.
Nina sentiu um aperto no coração. Ele era tão diferente do irmão, que fugira das responsabilidades sem pensar duas vezes. Sabia que Marc manteria a palavra, custasse o que custasse. Como queria lhe contar a verdade!
Virou-se antes que ele notasse qualquer coisa em seus olhos.
— Não precisa perder o sono. Não pretendo ficar grávida.
— Mas se acontecer. — Ele passou a mão pelos cabelos, considerando a possibilidade. — Vai me contar?
Nina o fitou por um instante.
— É o mínimo que posso fazer. Marc desviou o olhar primeiro.
— Vou ver Geórgia. Você deveria ir pra cama; parece. exausta.
Nina pretendia retrucar, mas percebeu que era verdade.
Marc pensou em chamá-la novamente, mas Nina já tinha saído, deixando-o sozinho com sua culpa.

CAPÍTULO ONZE

A primeira coisa que Nina viu ao descer com Geórgia na manhã seguinte foi um cheque em seu nome sobre o balcão da cozinha, o dobro do valor da mesada que Marc havia depositado no banco no dia anterior.
Não sabia se ficava zangada ou magoada. Ele estava pagando a aposta por culpa ou para insultá-la ainda mais? Amassou e atirou o cheque contra a parede mais próxima, ouvindo um resmungo de reprovação às costas. Deparou-se com Lúcia a encará-la com seu desprezo habitual, os olhos escuros mirando a bola de papel perto da parede.
— Quer que eu limpe, signora?
Nina, sem pensar, respondeu em italiano.
— No. Mi scusi. Eu jogo fora.
Lúcia ficou espantada, abrindo e fechando a boca feito um peixe.
Nina demonstrou arrependimento.
— Eu deveria ter contado antes. Falo italiano.
— Signore Marcello não me contou isso — Lúcia disse, estreitando os olhos.
— Ele não sabe. Lúcia ergueu as sobrancelhas.
— Não contou a ele? Nina meneou a cabeça e suspirou.
— Há muita coisa que não contei a ele. — Olhou Geórgia, que chupava a mão ruidosamente. — Muita coisa.
Percebeu que Lúcia a observava detidamente.
— Signore Marcello tinha negócios a tratar. Voltará para casa antes de sairmos para o aeroporto.
Nina exibiu um sorriso hesitante.
— Grazie, Lúcia.
— Ele será um bom marido — Lúcia disse depois de breve silêncio. — Precisa lhe dar tempo. Ainda está sofrendo; não tem agido como ele mesmo.
Nina sorriu por dentro devido à ironia contida nas palavras de Lúcia. Marc não era o único que não estava agindo como si!
— Geórgia é um belo bebê — Lúcia disse, admirando a menina. — Ela trouxe alegria à vida do Signore Marcello.
Nina brincava com os dedinhos da sobrinha.
— Você é meu mundo, não é, Geórgia?
— Você é uma mãe maravilhosa — Lúcia afirmou. — Ninguém duvidaria disso.
Nina ficou surpresa. Lúcia vinha sendo hostil há dias. O que causara aquela súbita mudança?
Lúcia a observava com tanto intento que Nina desviou o olhar, incapaz de afastar o pressentimento de que a governanta começava a juntar algumas peças daquele complicado quebra-cabeça.
— Ligaram para você enquanto estava no banho. Não queria que o barulho do celular acordasse Geórgia, então atendi. — Lúcia fez uma breve pausa.
Espero que não se importe.
— Não. — Nina engoliu em seco. — Não, claro que não me importo. — Tentou manter a voz calma. — Quem. quem era?
— Ela não disse, mas por um momento pensei que fosse você. Na verdade, foi estranho. A voz dela parecia familiar.
— Ela. deixou recado? — Nina perguntou, olhando para as mãozinhas de Geórgia com renovado propósito.
— Disse que ligaria mais tarde.
— Grazie.
Houve outro momento de silêncio.
— Signore Marcello quer que eu a ajude com as malas.
— Não precisa, Lucia. Eu cuido disso. Não tenho muitas coisas para levar mesmo.
Lucia ainda a fitou com ar pensativo antes de ir cuidar de suas tarefas.
— Se precisar de alguma ajuda, Signora Marcello, é só pedir. Será um prazer ajudá-la.
— Grazie, Lucia.
Nina esperou Lucia sair da cozinha para soltar o fôlego. Suspirou ao fitar a sobrinha, murmurando bem baixinho:
— Estou com água pelo pescoço, Geórgia. E estou afundando bem rápido.
Geórgia exibiu um de seus sorrisos desdentados e recolocou a mãozinha na boca.
Marc sabia da relutância de Nina em estabelecer contato visual. Ela falava educadamente com Lucia e foi abertamente carinhosa com Geórgia ao acomodá-la no ...

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