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... o um pulo no peito por seu deslize.
Ficou agoniada esperando que Marc dissesse qualquer coisa. Mas a respiração dele estava amena, o peito se erguia a intervalos regulares, indicando que eleja dormia.
Nina se tranqüilizou, percebendo que seu segredo ainda estava a salvo.
Mas desta vez fora por pouco.
Muito pouco.


CAPÍTULO CATORZE

Nina acordou na manhã seguinte com Marc apoiado sobre um dos cotovelos, observando-a em silêncio. Sentiu o rosto esquentar e desejou ter a autoconfiança da irmã, pois assim acordaria ao lado de um homem sem corar até a raiz dos cabelos. Pensou em levantar-se, mas Marc a impediu.
— Não, não fuja. Lúcia está cuidando de Geórgia. Você terá uma folga. Como está se sentindo?
Ela desviou o olhar.
— Estou bem. As cólicas sumiram.
— Ótimo. — Nina ouviu Marc levantar-se da cama, mas não ousaria olhar para ele enquanto não estivesse vestido. — Tenho planos para você.
— Planos? — Ela o olhou brevemente nos olhos.
Marc vestia um robe.
— É a primeira vez que vem a Sorrento, não? Acho que seria bom deixar Lúcia com Geórgia enquanto passeamos. Podemos visitar a igreja de San Francesco e almoçar em um dos restaurantes da Piazza Tasso. Amanhã podemos explorar as ruínas de Pompéia e almoçar em Positano.
— Tem certeza de que Geórgia.
— Ela vai ficar bem. Meu pai passará algum tempo com ela, sob a supervisão de Lúcia, claro. Considerando o que aconteceu na noite passada, acho melhor não aparecermos.
Nina concordava, mas não disse nada. Ainda se sentia desconfortável com a discussão entre Marc e o pai.
— Se eu puder ajudar em alguma coisa. — Ela baixou o olhar novamente.
Marc demorou a responder.
— Apenas seja você mesma, Nina.
As palavras foram como uma adaga em seu coração. Se ao menos pudesse ser ela mesma!
A manhã estava ensolarada, as ruas de paralelepípedos cheias de turistas ávidos por conhecer aquela bela parte da costa amalfitana. A vista dos jardins acima da famosa Piazza Tasso era espetacular. Era como se as preocupações e os temores de Nina fossem lentamente levados pela brisa que remexia seus cabelos.
Estar na companhia de Marc era maravilhoso. Ele andava ao seu lado, o ombro esbarrando nela sempre que apontava locais interessantes, a voz profunda envolvendo-a feito uma doce carícia.
— Segundo a lenda, foi aqui em Sorrento que Ulisses ouviu a canção das sereias.
Nina olhou para as águas brilhantes, protegendo os olhos do sol enquanto tentava se concentrar no que Marc dizia, não no movimento de seus lábios ao falar.
— É tão bonito — ela afirmou. Depois de um instante, olhou para Marc. — Deve sentir saudades daqui agora que mora em Sidney.
Os olhos de Marc buscaram o mar.
— Sim, mas tive vontade de me afastar daqui depois da morte de minha mãe. — Suspirou, encostando-se nas grades do jardim. — Meu pai mandou André dirigir a filial de Sidney, mas logo se tornou claro que ele não estava fazendo um bom trabalho. Nina conteve o fôlego, imaginando que Marc acusaria sua irmã — ela, portanto — de distrair André do trabalho, mas não foi o que ele fez.
— André era um farrista, não um banqueiro, mas meu pai se recusava a enxergar isso. Ficava ressentido por saber que eu cuidava dos negócios melhor que seu filho favorito. Mas penso que o mimado do meu irmão acabaria como meu pai: um homem amargo, apoiando-se no álcool para seguir vivendo.
Nina segurou a mão dele, uma expressão de simpatia no rosto.
— Marc, sei que não acreditará, mas sei como é se sentir negligenciado. Dói demais pensar que por mais que tente, nunca conseguirá agradar os pais.
Marc franziu ligeiramente a testa.
— Pensei que fosse filha única. Nina ficou paralisada.
— E-eu. imagino como deve ser. Não se precisa vivenciar algo para saber como é sentir-se assim.
Para Nina, era como se um século tivesse se passado antes de Marc responder.
— Melhor voltarmos — ele disse, afastando-se da grade e segurando Nina pelo braço. — O sol está começando a queimar seu rosto. Deveria ter lhe lembrado de trazer um chapéu.
Nina andou temerosa até o carro, as batidas de seu coração aceleradas por causa de seu novo deslize.
Os dias seguintes se passaram da mesma maneira. Acordava a cada manhã nos braços de Marc, aconchegada em seu corpo quente e protetor. Embora ele não a tocasse intimamente, Nina sentia seu corpo ansiar por ser possuído. Depois do café-da-manhã, Marc a levava para passear. Lúcia cuidava de Geórgia. Assim Vito poderia passar algum tempo com a neta em seu jardim particular.
Nina ficou fascinada com Pompéia. Os prédios desmoronados, as relíquias antigas, incluindo os corpos congelados no tempo pelas cinzas vulcânicas, fizeram-na ficar em silêncio, imaginando o que as pessoas deveriam ter sentido ao tentar escapar da fúria do monte Vesúvio.
— É tão triste — disse ao saírem. — Pensar que não tiveram tempo de escapar, que não tinham onde se esconder, que não tinham como salvar seus entes queridos.
Marc observou a expressão perturbada de Nina ao admirar as ruínas. Em momentos assim, era difícil não considerá-la uma mulher de coração sensível aos que sofriam. Onde estava a mulherzinha egoísta e ambiciosa agora?
Vito Marcello andava fazendo as refeições sozinho em sua suíte. Mas na quarta noite, Nina se deparou com Marc e o pai a esperarem por ela na sala de jantar.
A situação parecia incômoda a princípio, mas logo se tornou aparente que Vito tentava se desculpar pela indelicadeza daquela primeira noite. Também parecia fazer o esforço de não beber em excesso.
— Geórgia é uma criança linda — ele disse a certa altura. — Tenho me divertido muito com ela pela manhã. Obrigado por me dar o privilégio de conhecer minha neta.
— Que bom que se afeiçoou a ela, Signore Marcello — Nina murmurou. — Ela é muito especial.
Vito lhe deu uma boa olhada antes de acrescentar:
— Lúc ...

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