Capitulo 39

659 41 1
                                    

... rto amanhã.
Nina percebeu que fora vencida.
Passou por Marc sem deixar que ele visse o quanto estava abalada. Assumiu uma expressão indiferente, os ombros eretos e a cabeça erguida.
Quando chegou ao quarto, já não podia mais conter as lágrimas. Jogou-se na cama e chorou até ficar de olhos inchados. Após alguns minutos, levantou-se e guardou algumas coisas dentro da bolsa. Entrou de mansinho no quarto de Geórgia e tocou o rostinho da menina.
— Adeus, querida. Nunca me esquecerei de você. Faria qualquer coisa para continuar ao seu lado, mas Marc. — Ela mordeu o lábio. — Marc não me quer. — Conteve um soluço. — Mas ele te ama, querida. Ama muito. Sei que será um pai maravilhoso. Sinto isso no fundo do  coração.
Nina fechou a porta bem devagar e desceu a escada silenciosamente, saindo da casa e da vida de Marc.
Marc voltou ao salon, onde Nadia se servia um copo de seu melhor brandy. Ela exibiu um sorriso sedutor e ergueu o copo num brinde.
— Esclareceu as coisas, Marc? Ela confessou? Marc apertou os lábios, passando distraidamente a mão pelos cabelos.
— Ela sempre teve inveja de mim — Nadia continuou. — Sempre tive namorados, mas ninguém olhava duas vezes para ela. É tímida demais. Patético, não acha? E ainda é virgem, caso você não tenha cuidado disso. E com 24 anos! Pode acreditar?
Marc congelou.
Nadia sentou-se e cruzou as pernas, observando Marc especulativamente.
— Então quer ficar com Geórgia? Ele finalmente recuperou a voz.
— Sim.
Ela o fitou através dos olhos semicerrados, produzindo um ruído característico ao deslizar o dedo pela borda do copo.
— Não posso oferecer a ela o mesmo que você. — Nadia fez beicinho. — Mas se quer adotá-la. bem. — Ela sorriu. — Fico fora do caminho pelo preço certo, por assim dizer.
— Diga seu preço. Nadia pediu um valor que teria deixado Marc chocado caso as circunstâncias fossem diferentes.
— A papelada será preparada pela manhã. Nadia descruzou e cruzou novamente as pernas, um sorrisinho no rosto.
— Por que não me dá um adiantamento? Preciso encontrar um lugar para ficar. A não ser que tenha uma cama para me oferecer.
Marc forçou um sorriso educado.
— Quanto? — perguntou, pegando a carteira. Ela se levantou do sofá e tomou o maço de notas que ele oferecia. Então deslizou os dedos pela camisa dele.
— Sabia que você é mais bonzinho que seu irmão? Ele não queria me dar mais nada nos últimos tempos.
Marc afastou a mão dela.
— Ele lhe deu uma filha. Nadia fez beicinho novamente.
— Eu nunca a quis. Só a tive por insistência de Nina.
Marc queria atirá-la porta afora. Mal acreditava que duas irmãs gêmeas pudessem ser tão diferentes.
— Chamarei um táxi — ele disse, aproximando-se do telefone.
— Tem certeza de que não quer companhia? — Ela deu uma piscadela enquanto deslizava a mão sedutoramente pelo quadril.
— Não. — Ele abriu a porta para ela. — Quero vê-la fora daqui.
Assim que Nadia partiu, Marc foi procurar Nina, ensaiando um pedido de desculpas na cabeça. Como fora capaz de julgá-la tão mal? Claro que Nina faria qualquer coisa para proteger Geórgia de uma mãe daquelas.
Como não adivinhara? Ela era completamente diferente de Nadia. Era leal, devotada, abnegada, tímida e — Marc engoliu em seco — fora virgem.
— Nina? — Bateu na porta, mas não houve resposta. Entrou no quarto e viu algumas peças de roupa espalhadas sobre a cama. — Nina! — chamou ainda mais alto ao entrar no quarto de bebê, fazendo com que a porta batesse na parede.
Geórgia acordou assustada e começou a chorar, os soluços arrancando Marc daquele torpor momentâneo.
— Ei, calma, pequenina — murmurou ao pegá-la no colo, afagando-lhe as costas enquanto saía para procurar Nina pelo resto da casa.
Geórgia parecia inconsolável, chorava cada vez mais alto, como se também sentisse o pânico que ele estava sentindo.
— Não chore — Marc implorou enquanto vasculhava o andar de baixo. — Vamos encontrá-la, não se preocupe. Precisamos encontrá-la.
Depois de vinte minutos, deu-se por vencido. Nina tinha desaparecido. E agora ele estava com um bebê nos braços — um bebê muito descontente — que chorava por aquela que considerava sua mãe.


CAPÍTULO QUINZE

Nina já estava na casa de Elizabeth há uma semana. Mal saía do quarto, os olhos vermelhos de tanto chorar, tornando-se visivelmente mais magra a cada dia.
Elizabeth se sentou na beirada da cama, parecendo preocupada.
— Vamos, Nina. Não pode continuar assim. Procure por ele e diga o que sente. Vi no jornal de ontem que ele está na cidade.
— Não posso — Nina soluçou.
— Pode sim — a amiga insistiu. — Você o ama. Ele precisa saber.
— Ele me odeia.
— Como pode saber? As coisas podem ter mudado. Talvez uma boa dose de Nadia o tenha recolocado nos eixos. Quem sabe?
Nina esfregou os olhos.
— A culpa é minha por não ter contado a verdade desde o começo. Ele tinha todo o direito de ficar zangado. Casou-se com a mulher errada.
— Que tolice! Ele casou com a mulher certa, se quer saber. Você é leal, fiel, prefere sofrer a magoar alguém. O que mais um homem poderia pedir?
O queixo de Nina tremia.
— Eu só queria me desculpar. Elizabeth se levantou.
— Então faça isso. — Estendeu o telefone da mesinha de cabeceira para Nina. — Ligue para ele.
Nina encarou o telefone por um bom tempo.
— Vamos! — Elizabeth insistiu. — Diga o número e eu disco para você.
Nina pegou o telefone.
— Não. não. Eu ligo.
— Boa menina. — Elizabeth exibiu um sorriso encorajador. — Vou deixá-la sozinha. Boa sorte.
Embora só tivesse dito que ligaria para que a amiga parasse de insistir, Nina ficou surpresa ao notar que já tinha discado quase todos os números. Respirou fundo e discou os três últimos.
— Nina? — Lúcia atendeu no segundo toque. — Diol Onde você está? Ficamos preocupados! Geórgia ...

Romance Proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora