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... Oh, sério? — Ela imitou um dos olhares mordazes de Nadia. — E já me conhece tão bem depois de. — Conferiu a data no relógio. — Menos de uma semana?
— Já estou acostumado com tipos como você.
— Então basta conhecer uma para conhecer todas?
Marc sorriu cinicamente.
— Reconheço perigo quando o vejo.
— Perigo, é? — Ela sorriu com ar convencido. — Então me considera perigosa? O que o ameaça tanto? Meu sex appeal?
A boca retesada mostrou que ela marcara mais um ponto. Era irônico que ele estivesse lutando conta a atração que sentia por uma mulher que fingia ser outra pessoa. Que chances teria de atraí-lo como Nina. a verdadeira Nina? A Nina sem má-reputaç�o? A Nina sem roupas de grife? A Nina que corria o risco de se apaixonar por um homem que a desprezava.
— Seu ego deve ter sido bem amaciado ao longo dos anos, mas não me juntarei ao seu bando de ávidos admiradores. Se espera cumprimentos, terá de procurar em outro lugar.
Nina ergueu as sobrancelhas.
— Mas você me acha atraente, não é? Vamos, admita.
— Mulheres como você se acham irresistíveis, mas permita-me dizer que você não é. Acha que me deixo encantar por seios fartos e olhos sedutores?
Nina fingiu confiança.
— Posso sentir seu interesse daqui — ela murmurou. — Aposto que se eu colocasse a mão por baixo da mesa e examinasse a evidência por mim mesma, você estaria em sérias dificuldades.
Os olhos dele eram provocadores, abalando Nina por inteiro, mas ela não recuaria. Sustentou-lhe o olhar com um desafio do qual não se julgava capaz.
Mesmo que Marc tentasse disfarçar, Nina notou como ele se remexeu na cadeira, como se temesse que ela fizesse exatamente o que disse que faria. Sua mente começou a vagar. Como seria sentir sua ereção? Ele estremeceria ao toque de seus dedos? Gemeria de prazer? — É hora de irmos. — Marc já estava de pé ao falar.
Geórgia resmungou com o súbito movimento, mas logo se aninhou novamente no peito do tio, os olhinhos se fechando, os dedinhos ainda agarrados ao bolso da camisa.
Nina não se levantou com tanta pressa, demorando-se para pegar a sacola de fraldas e a própria bolsa.
— Acha melhor colocá-la no canguru? — perguntou a Marc.
Marc olhou a menininha e meneou a cabeça. —Não. Eu a levo. — Olhou a conta deixada pela garçonete e acrescentou: — Nós precisamos comprar mais alguma coisa?
Foi o "nós" que mexeu com ela. Vendo-o com Geórgia no colo, não pôde deixar de lamentar as circunstâncias. Como as coisas teriam sido diferentes se tivessem se conhecido sem o peso da inconseqüência de seus irmãos. Talvez descobrissem que tinham muitas coisas em comum. Ele era o tipo de homem confiável, qualquer um notava isso, e ela. Bem, não era a farrista que ele acreditava ser. Se ele ao menos soubesse!
— Não. — Evitou os olhos dele para que não visse o brilho das lágrimas. — Acho que já temos o bastante. — Colocou as bolsas no ombro e o seguiu de cabeça baixa.
As ruas da cidade estavam tão cheias que tornavam qualquer conversa difícil e desnecessária. Nina estava feliz pelo recolhimento. A culpa a dominava. Deveria ter sido mais firme com Nadia, insistido para que assumisse suas responsabilidades. Mas desde quando Nadia assumia qualquer responsabilidade? Sua política era trocar um desastre por outro, deixando que a irmã gêmea remendasse os pedaços deixados para trás. Nina fizera o mesmo com a mãe, assumindo responsabilidades na tentativa de garantir certa segurança para todas. E de nada adiantara, pensou com tristeza. A mãe continuou bebendo e cavando o próprio túmulo, não havia nada que Nina pudesse fazer para impedi-la.
Marc apertou o botão de pedestres e deu uma olhada na figura silenciosa ao seu lado enquanto esperava que a luz do semáforo mudasse.
— Ficou tão quieta de repente.
Nina escondeu sua angústia e exibiu um sorriso vazio.
— Só estou cansada. — Bocejou longamente. — Geórgia me acordou cedo. — Forçou outro sorriso. — Crianças: quem em sã consciência as teria?
Marc foi poupado de responder pela mudança no sinal. Estava claro que dinheiro era a preocupação principal de Nina, que tratou de ficar grávida do homem mais rico que encontrou. Mas ainda era um mistério que ela não tivesse pedido uma montanha de dinheiro quando ele propôs casamento. Esperava que Nina pedisse milhões, mesmo assim parecia ter ficado surpresa com o valor da mesada. Fingir desinteresse pelos bens de André não seria apenas uma maneira de fazer com que acreditasse que estava mudada?
Sabia que Nina só representava problemas. Ela tinha o terrível hábito de misturar sedução e inocência, como se quisesse confundi-lo. Se André não tivesse dito o quanto ela era manipuladora, teria acreditado estar lidando com outra pessoa.
Deu uma olhada nela, percebendo o quanto parecia ansiosa.
Marc suspirou. Casar-se seria a parte fácil; contudo, se não fosse cuidadoso, seria difícil manter as mãos longe dela.

CAPÍTULO SEIS

Assim que Nina percebeu que não havia mais qualquer sinal de machucado em Geórgia, decidiu voltar ao trabalho. Contudo, no dia seguinte, quando pretendia deixar a creche, sua pequena sobrinha chorou desconsoladamente no colo da funcionária, os bracinhos esticados em sua direção.
— Não se preocupe, Srta. Selbourne — a mulher assegurou. — Ela vai se acalmar depois que você partir. É o que sempre acontece.
Nina mordeu o lábio, indecisa. O rostinho de Geórgia estava vermelho, os olhinhos cheios de lágrimas, o pranto cada vez mais alto.
— Talvez fosse melhor ligar para o trabalho e dizer que não posso ir.
— Nada disso — disse a mulher. — Ela vai ficar bem. Eu a levarei para ver os brinquedos enquanto você sai. Pode ligar quando chegar ao trabalho, mas garanto que não há razão para preocupação. Vamos, Geórgia — ela disse para a menina com um sorriso. — Vamos ver aqueles lindos ursinhos ali.
Ni ...

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