Episódio 6

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  Após os primeiros raios de sol, o garoto acordou lentamente, se espreguiçando e sentando sobre os lençóis. Foi até o armário e pegou um pão que lá estava. Sentou-se na mesa e comeu do pão tranquilamente. Ao olhar para a outra ponta da mesa, perceberia que sua ampulheta não estava mais ali. Tomou um susto, e só aí percebeu que Sophie já não estava mais com ele. Olhando melhor a casa, o jovem percebeu que tudo estava mudado. Não havia mais um escudo pendurado na porta, o resto dos pães, e algumas das miniaturas da estante. Então, depois de segundos de ira ao perceber que fora enganado, ouviu gritos do lado de fora da casa. Pegou o arco que esta tinha deixado, correu até a porta, e a abriu, encontrando um homem a alguns metros do terreno. Correu pelo mato alto em volta da casa, e foi até ele, que estava no meio da rua. O homem vestia apenas sua roupa íntima, e estava sujo, e possuía um corte enorme em seu braço. Ele também cuspia sangue, e entre esses cuspes, disse ao jovem :

— Você.. mora aí com ela, certo? Ela é uma ladra, procurada em toda Hexagon! Ela me abordou de surpresa a algum tempo, e levou minhas roupas.. M-Meu nome... É George...

  Ele então mostraria seu distintivo, ele era um guarda. Neste momento a verdade veio à sua mente : Ela estava sendo perseguida pois havia roubado algo, e estava fugindo dos guardas reais. O garoto então ficou em uma fúria tremenda. Deixou um pão com o guarda para ajudá-lo, devia estar ali a horas, e foi em direção ao castelo, pois em sua mente esta havia se disfarçado para adentrar e roubar a realeza. Voltou pelo caminho em que esta fugia, aproveitando para pegar flechas lançadas pelos guardas, e guardá-las para usar seu arco com elas. Andava com os punhos cerrados, e o arco pendurado nas costas, coberto de ira.

   Chegando já próximo ao castelo, percebeu que a segurança era forte demais para passar pelos portões, então tentou pensar em um plano para se vingar de Sophie. Viu um rio que passava por dentro do castelo e pela parte de fora. Sabia que se qualquer guarda percebesse sua presença, seria expulso dali ou preso por invasão, ainda mais com seu arco. Mas não podia o largar também, por uma possível tentativa de matá-lo.
Decidiu então mergulhar, porém, segurando o arco e as flechas pela superfície, para não danificá-los. Até por quê a passagem de ar era um pouco larga. E logo fez, mergulhou a segurar sua arma, e em alguns segundos já estava dentro do castelo.
  O lugar era imenso, parecia uma outra cidade dentro das muralhas. Cada guarda possuía sua casa lá dentro para si e suas famílias. Andava na ponta dos pés com cautela por trás das casas, para não ser encontrado.
   Avistou a alguns metros deste uma torre, que não tinha ninguém. Para a sorte deste, os guardas estavam reunidos para um treinamento, possibilitando o jovem de subir naquela torre tranquilamente. Foi até as escadas em espiral, e rapidamente subiu degrau por degrau. Daquele ponto era possível ver toda a região de Hexagon, e no topo se encontrava uma luneta, e com ela via-se muito além da cidade. Direcionou o instrumento para os guardas, e começou a procurar por Sophie no meio deles. Todos eles eram normais, nenhum parecia realmente com uma garota. Depois de algum tempo a procurar, reparou em alguém com um escudo parecido com o que na casa estava. Aproximou melhor a visão, e em sua mão destra, estava a ampulheta que o ancião havia o dado. Estava muito certo que era ela.
   Olhando melhor para seu rosto, reparou que não havia barba, diferente de todos os outros, e os olhos escuros, junto com alguns fios ruivos de cabelo fugiam do capacete, dando ainda mais certeza para ele. Deixou a luneta na mureta da torre, pegou então seu arco, e cuidadosamente mirou no escudo desta. Não queria acertá-la, apenas fazê-la fugir para que ele pudesse recuperar suas coisas. E então atirou, fazendo Sophie e os outros guardas tomar um grande susto, e rapidamente avistaram o jovem no alto da torre, e correram na direção dele. Ele já não sabia o que fazer, não havia pensado nesta possibilidade. Desceu rapidamente as escadas da torre, e tentou fugir, mas foi cercado logo depois, se rendendo, levantando os braços. Tiraram seu arco, o seguraram pelos braços e o levaram até a prisão do castelo, enquanto via Sophie de longe, a rir baixo, o observando. Ao chegarem, o carregaram até uma cela pequena, e o jogaram, empurrando-o com força, e trancaram-na. O garoto se lamentava, socando a parede com força algumas vezes. Imaginou então no tempo em que o restava, mas logo se lembrou de, quando observou a garota, viu que a areia da ampulheta havia acabado de passar da metade, e tinha certeza que ela não virou-a, pois havia uma marca no vidro que indicava o lado que caía, e estava do mesmo lado, suspirando, ficando um pouco mais calmo. Sentou-se na cela, e ficou a olhar o teto, ainda a ser lamentar...

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