Episódio 7

11 3 0
                                    

  Após algumas horas naquela cela que possuía apenas alguns tijolos como cama, e um lugar para fazer as necessidades, o garoto continuava a pensar num modo de sair dali. Possibilidades passavam em sua cabeça, mas pareciam falhas para ele. Até que este teve uma idéia brilhante. E quando fossem dar-lhe comida, colocaria o plano em prática.
Uma hora depois, dois guardas vieram com um prato de comida. Naquele prato continha alguns grãos de milho cozido e arroz. Só que os pratos eram grandes demais para passar pelas grades da cela. Então os guardas tiveram que abrir a cela. Para a sorte dele, a porta fechava automaticamente, sem necessidade de chaves. Abriram então o portão da cela, e o entregaram o prato, logo puxaram a porta e a soltaram, para que fechasse sozinha. Nesta fração de segundo o jovem colocou o pé no espaço entre a porta e a grade, e bateu com o prato no ferro, para que fizesse um barulho parecido com o trancar da porta, e então conseguiu segurar a porta aberta.

  Esperou os guardas se distanciarem, e abriu a porta, saindo na ponta dos pés, seguindo eles a uma distância segura. Os guardas o levaram até o pátio, onde ficavam suas casas. Cada um dos guardas entrou em sua respectiva casa, e o jovem ficou sozinho naquele lugar. Andava de casa em casa, olhando as placas, que possuía o nome de cada um deles. Logo se lembrou do nome do guarda que encontrou na frente de sua casa, assim começando a procurar procurar pelo nome 'George' em alguma casa, pois possivelmente a ladra estaria lá.  Não demorou muito e ele encontrou, uma humilde casa feita de tijolos, com janelas pequenas, e uma porta de madeira, um pouco destruída, possivelmente por insetos. As luzes estavam acesas, o que facilitou saber que Sophie estava ali. Bateu na porta, e alguns segundos depois, ouviu passos, e abriu a porta, ela, ainda com sua farda, tomando um susto, e logo fechava novamente na frente dele, gritando.

— C-Como você fugiu ?! Vá embora antes que eu chamei os guardas! — Disse a garota, a se encostar na porta, para que não  entrasse.

O garoto a ignorou e abriu a porta, fazendo esta gritar e recuar. Enquanto este se aproximava dela, olhava a pequena casa, que tinha sobre uma estante o machado dele, o escudo que estava na casa abandonada, e sua ampulheta, que para seu alívio estava virada do lado certo, e ainda não havia chegado ao final. Sophie subiu na cama, ainda gritando bem alto, e o garoto pegou o machado sobre a estante, e preparou-se para atacá-la. Neste momento, os guardas ouviram os gritos femininos, e foram até a casa de George. A porta já estava aberta, e estes entraram, vendo a garota, procurada por toda a cidade, sendo rendida por um estranho. Ignoraram-no, correndo até Sophie, e a amarraram, fazendo a mesma gritar ainda mais. E os guardas agradeceram ao jovem, percebendo que ele invadiu o castelo para alertá-los da garota, devolvendo seu arco e suas flechas, e o deram moedas de ouro em agradecimento ao feito. Um dos guardas levou a moça para a prisão, enquanto o jovem pegava sua ampulheta e o escudo, e o outro guarda o encaminhou para a saída, apertando a mão deste, já na ponte do castelo, dizendo :

  — Ora, muito obrigado! Você conseguiu livrar Hexagon dessa maldita ladra ! Me diga, qual o seu nome ? Vou te colocar no jornal da cidade ! — Perguntou, com um largo sorriso no rosto, tirando o chapéu. E novamente, sem respondê-lo, partiu em direção à casa abandonada novamente, o deixando um pouco confuso. No caminho, encontrou George, já vestido, e o cumprimentou. Olhando o garoto com seus pertences novamente, percebeu tudo, apertando a mão deste também.

  Ao chegar na casa, o jovem abriu a porta rapidamente, e deixou suas coisas sobre a mesa, pegando algumas frutas, as comendo. Viu que sua ampulheta completava então sua metade, e ficou ainda melhor, pois faltavam ainda alguns dias para ele ter que voltar. Deitou-se na cama, olhando para o teto, a pensar no que havia feito, achando incrível a coragem e a destreza que este possuía, e nunca havia colocado em prática. Depois de algum tempo, caiu no sono tranquilamente.

  No dia seguinte, ao acordar, comeu mais algumas frutas, e, no pensamento de tentar ajudar o povo de Hexagon naquele dia, preparou seus pertences e ferramentas que poderia usar. Começou pegando um grande pano dentro de um armário, e o cortou em alguns pedaços. Um deles era em formato redondo, fez furos pelas extremidades e transpassou esses furos com uma corda, e fez um nó, de modo que fixasse como uma bolsa. Amarrou então a bolsa no cinto e pegou outro pano, maior que o anterior. Esse segundo pano também cortou em formato redondo, porém fez apenas dois cortes nas extremidades, um em frente ao outro. Passou por ali um cinto que estava pendurado no cabideiro, e o prendeu nas costas, passando a fivela em diagonal pelo peito. Colocou nesse segundo compartimento todas as flechas que com ele estava, que tinha que andar com elas presas na calça, e na bolsa que amarrou no cinto anteriormente, colocou algumas frutas, para que não passasse fome quando fosse voltar para o deserto. Após isso, amarrou a ampulheta novamente na cintura, e abriu a porta da casa, para talvez uma nova aventura.

  Saiu de Hexagon, andando pela margem de um rio, em direção à uma grande Floresta, sem ter noção do que esperar naquele sombrio lugar...

The HeroOnde histórias criam vida. Descubra agora