Capítulo 8

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Passou no meio da guerra de olhares que Barry e Dominic trocavam, puxou o velocista pelo braço até Julian.

-Por que não nos avisou que havia tido alta? – indagou abraçando Julian.

-Acabei de sair, o médico me liberou agora. – ele disse. – Quem é ele?

-Dominic, o guarda-costas da Caitlin. – Barry falou com desgosto, Julian o olhou confuso. – Longa história.

Caitlin balançou a cabeça, Barry não gostava de Dominic, mas o estranho era que ele gostava de quase todo mundo.

-Vou atrás de River. – disse se afastando deles e saindo da sala. Não estava necessariamente procurando por ela, apenas queria sair daquela guerra fria entre Barry e Dominic, seguiu pelo corredor até o elevador, apertou o botão para o último andar, então subiu as escadas até o terraço do prédio. O vento bagunçou seu cabelo, seguiu até o parapeito, se inclinou observando a cidade, seu filho poderia crescer ali muito bem, podia alugar uma casa perto de uma creche, cuidar dele durante à noite, acalenta-lo quando tivesse um pesadelo. Mas sabia que não poderia fazer tudo aquilo ali, não com os caçadores e aquela velha louca atrás dela. Mesmo que tivesse a ajuda de Joe nunca ficaria em paz.

Mordeu o lábio e olhou para a cidade, dava para ver o prédio de Barry e Iris dali, os dois estavam felizes juntos, logo aumentariam a família, teriam que se mudar para um casa maior, com um quintal grande para que seus filhos corressem, fariam jantares em uma enorme sala e montariam um enorme árvore no natal. Joe seria um ótimo vô, Cisco seria um tio maravilhoso, era a cara dele levar presentes fora de hora e insistir para cuidar das crianças sem ter necessidade. Eles seriam uma família feliz e ela estaria longe com seu filho tentando mantê-lo seguro.

Ele teria os olhos de Barry, talvez o nariz e o formato do queixo, queria também que ele tivesse o sorriso dele, principalmente aquele que ele dava quando queria alguma coisa, quando apenas um canto de sua boca se erguia, os olhos piscavam e ele inclinava a cabeça um pouco para o lado...Deus, ela estava apaixonada por ele.

***

-Finalmente, em? Pensei que tivesse fugido. – River disse assim que a viu, Caitlin revirou os olhos e sorriu para Felicity que estava ao lado da Blossom.

-Estava refrescando um pouco a mente. – falou abraçando rapidamente Felicity. – Pronta para a reunião?

-Ansiosa para o que vocês planejaram. – ela disse entrelaçando seus braços, Caitlin caminhou com ela até a sala de reunião, todos estavam lá dentro conversando alto. – Onde está seu guarda-costas?

-Não sei e nem quero saber. – se soltou de Felicity e se sentou na cadeira de frente para Cisco ou foi isso que achou até Barry se sentar e sorrir para ela. Sorriu de volta, não tinha mais nada a perder mesmo.

-Bem, acho que todos os envolvidos já chegaram. – River disse se colocando à frente de todos.

-Acho impressionante o fato do prefeito de Central nunca estar aqui. – Felicity falou, ela riu.

-Na verdade isso é bom. – Cisco disse entregando as pastas com os documentos para cada um. – Assim podemos falar de coisas que não podemos na frente dele.

-Verdade. – Oliver concordou. – Vamos iniciar?

Caitlin adoraria dizer que havia prestado atenção no que River e Oliver falavam, mas sua cabeça havia se voltado para a consulta que tinha marcado para a hora do almoço, seria sua segunda ultrassom desde de que soubera do bebê, precisava saber se ele estava bem, se estava saudável e crescendo como devia. Ainda não tinha nenhum nome para ele, achava Henry maravilhoso, mas sentia que colocasse esse nome estaria roubando alguém, muito provavelmente esse era o nome que Iris colocaria em seu filho, não poderia roubar isso dela.

-Concorda Caitlin? – levantou a cabeça olhando para Oliver.

-Concordar com o que? – indagou. – Desculpa, mas não estava prestando atenção.

-A gente percebeu. – Cisco disse rindo junto com os outros, sorriu.

-Oliver propôs que a gente ficasse até as obras terminassem. – River explicou, Caitlin franziu a testa.

-Quanto tempo até o fim da obra?

-Acho que uns cinco meses. – Oliver disse, ela umedeceu os lábios, olhou para River. Não podia ficar ali por cinco meses, não podia ficar ali nem por um mês.

-Acho que preciso ir ao banheiro. – falou se levantando rápido e quase derrubando a cadeira. Saiu da sala ignorando os chamados, passou por Dominic que esperava no corredor, ele fez menção de segui-la. – Apenas ao banheiro.

Correu se trancando dentro do cômodo, não ficaria ali, simplesmente não podia, foda-se a casa, foda-se a reserva. Eles não podiam descobrir. Ele não podia descobrir. Olhou para seu reflexo no espelho, seus olhos já estavam avermelhados prevendo as lágrimas, estava tão nervosa que mal conseguia respirar, precisava tomar um ar puro, mas Dominic a seguiria, se virou para a janela, estava no segundo andar, mas talvez conseguisse fazer isso ou acabaria como uma panqueca no chão. Mordeu o lábio.

***

Nora Allen 1959-2000

 Esposa amada. Mãe querida.

Caitlin observava a frase gravada na pedra, nunca havia conhecido Nora pessoalmente, mas se sentia perto dela cada vez que Barry começava a falar de sua mãe. Havia criado um carinho especial por ela, sentia como se a conhecesse de verdade. Por isso não se surpreendeu quando inconscientemente acabou parando no cemitério de frente para o túmulo dela.

Sentou na grama molhada olhando para a lápide, havia flores frescas, margaridas, Barry. Riu consigo mesma.

-Ele sempre foi tão carinhoso, não é? – disse em um tom baixo, mesmo o cemitério estando vazio ela se sentia estranha conversando sozinha. – Barry sempre tentou deixar todos a sua volta felizes, mas no último ano ele meio que se esqueceu disso, na verdade acho que ele esqueceu até um pouco dele mesmo. Barry se perdeu nesse último ano, Nora, ele não era ele mesmo, eu fiquei até com um pouco de medo de algo acontecer com ele. –suspirou arrancando algumas folhas da grama com os dedos. – Eu sempre gostei dele, mas sempre soube que nunca daria certo, desde de o inicio Barry já estava destinado a Iris, não tinha nada que eu podia fazer, mas então veio Savitar, e de repente eu tinha um Barry apenas para mim, sei que pode soar errado, mas ele era o que eu estava precisando. Frost o amo tanto quanto eu amava Barry, e amo, esse bebê não é um erro como eu digo para eles, não, não foi. Eu apenas... – sentiu as lágrimas se acumularem. – Ai Nora, não quero atrapalhar a vida dele, não quero que Barry fique comigo apenas por pena, ele merece algo melhor do que está criança que sempre vai lembra-lo do que um dia ele pode se tornar. Por isso tenho que fugir, por isso não posso contar nada, Barry não merece reviver o passado,o futuro dele é Iris, é com ela que ele tem que ficar. – limpou as lágrimas e se levantou se preparando para sair, mas parou. – Nora, o que você acha de Henry? – indagou, o vento calmo soprou bagunçando seu cabelo e a copa das árvores. Sorriu satisfeita.     

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