Envolveu a gaze envolta do braço de Barry, ele fez uma careta quando ela apertou com força. Os anos podiam passar, mas ele ainda era o mesmo irresponsável de sempre, até Wally tinha mais cuidado que ele.
-Será que dá pra parar de me lançar esse olhar. - ele pediu.
-Que olhar?
-Esse de repreensão, me faz me sentir tão criança.
-Porque você age como criança de vez enquanto, tipo hoje. - disse se afastando. Barry riu.
-Desculpa, Cait. Deveria ter prestado mais atenção.
-Deveria mesmo. - tirou as luvas jogando-as no lixo. - Mas logo você se cura.
-Obrigada por cuidar de mim.
Sorriu se apoiando na cadeira.
-É para isso que eu estou aqui.
-Você pensou na proposta da Oliver? - ele indagou pulando da maca, ela torceu a boca.
-Ainda não sei.
-Por que não? A sua casa é aqui, as pessoas que te amam estão aqui. - Barry se aproximou pegando suas mãos, Caitlin abaixou os olhos meio nervosa. - Tudo o que você construiu está aqui.
-Nem tudo, eu apenas não sei, Bar. Ainda tenho muito o que fazer fora daqui.
-Se for algo relacionado a Killer Frost nós resolvemos juntos, como sempre fazemos. - ele disse e ela riu. - O que foi?
-Frost está sob controle, desde de que Savitar se foi, ela está quieta. Mas não é nada sobre ela, é um problema meu, só eu posso resolver.
-Então conte com a gente para o que quiser. - ele assegurou apertando suas mãos com carinho, Caitlin deu um sorriso e ergueu o corpo para lhe dar um beijo na bochecha, Barry virou o rosto de repente, seus lábios se encontraram. Por um segundo ela quis se afastar, mas a sensação de formigamento tomou conta de seu corpo, da ponta do pé até os fios de sua nuca, Barry soltou sua mão e então envolveu sua cintura, ela aprofundou o beijou levando a mão até o pescoço dele e puxando para perto.
Barry tinha gosto de café e ela de chocolate, uma mistura perfeita, os dedos dele cravaram em sua cintura como uma âncora. Todo o seu corpo parecia energizado, sobrecarregado. Se forçou ainda mais para frente, fechando qualquer espaço entre eles. Aquilo parecia ser tão terrivelmente errado, mas ao mesmo tempo tão certo.
Se afastou sentindo o ar lhe faltar, alguém pigarrou chamando atenção, ela virou o rosto encontrando Dominic parado na porta olhando para os dois. Barry a soltou.
-Agora faz sentindo. - Dominic disse soltando uma risada sarcástica. - Sério? Eu esperava mais de você, Allen.
-Cala a boca Dominic. - Barry mandou irritado. Dominic avançou em direção a ele, Barry se preparou para o ataque, Caitlin então se colocou no meio deles.
-Parem! Não ajam como crianças. - disse, Dominic soltou outra risada.
-Vou adorar ver a cara de Iris quando ela souber disso.
-Você não vai contar nada para ninguém. - falou usando o dedo indicador para empurrar o peito dele.
-Eu não, mas ele vai. - Dominic apontou para Barry.
-Dominic, para! - gritou quando viu Barry avançar sobre ele.
-O que está acontecendo aqui? - se virou para porta, Joe estava parado com Cisco e Iris ao seu lado.
Caitlin nunca havia tido um ataque de pânico, mas já havia estudado sobre ele, sabia que qualquer um poderia ter um ataque a qualquer momento, não importava onde estivessem. Os sintomas eram bem fáceis de se identificar, náuseas, tontura, calafrio, falta de ar, tremedeiras, palpitações, medo. Ela não sentiu tudo aquilo de uma vez, começou apenas com sua visão ficando turva, as vozes se afastando de pouco em pouco até não ouvir mais nada, seu coração então começou a bater desesperado e seus pulmões imploravam por ar.
Alguém a segurou antes que pudesse cair no chão, se segurou com força nessa pessoa, seu corpo tremia e inesperadamente começou a chorar silenciosamente, pequenas lagrimas escorriam pelo seu rosto até os soluços rasgarem sua garganta seguidos de gritos altos. Cada grito era uma frustação que estava presa em seu coração, um martírio guardado. Seu corpo tremia violentamente, a pessoa que a segurava a abraçou com força, prendendo seus braços ao lado do corpo, talvez temia que ela se machucasse com aquilo.
-Caitlin, para. - Barry sussurrou ao seu ouvido. - Por favor, para.
Ela queria, mas não conseguia, as lágrimas escorriam pelo seu rosto, ela já não tinha mais força para se aguentar em pé, caiu de joelhos no chão, Barry ainda a prendia contra seu corpo.
-Por favor. - ele implorou mais uma vez.
***
O vento batia contra a cortina do quarto deixando os raios de sol entrarem, esticou a mão imaginando o quanto seria delicioso sentir-se bem. Se ajeitou na cama observando os pequenos flashes do mundo lá fora através do balanço do tecido. A porta se abriu fazendo pouco barulho.
-Você está bem? - Joe perguntou com cautela, seu pequeno ataque de pânico havia rendido muitas perguntas, mas a principal era essa, a resposta nunca agradava aqueles que perguntavam.
-Melhor.
O detetive suspirou e se aproximou dela, Caitlin deu espaço para ele se sentar.
-Você não parece bem, Caitlin. O que aconteceu hoje mostra isso.
-Apenas me desequilibrei. - disse.
-Acho que ainda tem muita coisa guardada ai, muita coisa envolvendo tudo o que você passou nos últimos meses, tanto com seus poderes, como com Savitar e Barry.
Ela umedeceu os lábios desviando o olhar para a janela. Joe tinha razão, não tinha como negar. Ainda tinha muitos assuntos pendentes e cada vez mais eles aumentavam, aquilo que havia acontecido era apenas uma resposta do seu corpo e de sua mente a tudo aquilo, estava cansada demais para tentar arranjar uma desculpa boa.
-Acho que sim. Joe, você acha que eu estou fazendo a coisa certa?
-Você sabe muito bem a minha opinião, Caitlin. - ele disse com suspiro.
-Eu quero contar para ele, mas não tenho coragem. E se Barry odiar o bebê?
-Ele nunca faria isso, estamos falando de Barry, Caitlin, ele quis dar uma segunda chance a Savitar quando todos sabiam que ele nunca redimiria. - Joe passou a mão pelo seu cabelo com carinho. - Você e Henry fazem parte da família agora.
-É Josh. - disse.
-Mudou o nome?
-Não totalmente, agora é Henry Joseph. - sussurrou fechando os olhos. - Na verdade sempre foi.
-Descanse um pouco, mais tarde você desce para jantar. - Joe disse beijando sua testa.
-Joe.
-Sim?
-Obrigada por cuidar de mim, obrigada.
-De nada, Caitlin.
Ela ouviu a porta se fechar, colocou a mão sobre a barriga acariciando-a. Josh ainda era muito pequeno para entender a complexidade monumental que era a sua existência, ele era muito novo entender que apenas o fato dele ser quem ele era já causava uma distorção na vida de várias pessoas. Josh não era culpado de nada, nem mesmo de sua existência, ele era inocente diante de todos os fatores externos. Seu pequeno Josh era sua salvação.
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Snowflake
FanfictionCaitlin já havia passado por muitas coisas em sua vida, tinha traumas e cicatrizes que nunca se fechariam, fora quebradas tantas vezes que mal podia contar, não havia mais nada que não pudesse aguentar, havia criado uma barreira ao redor de si. Até...