- Tem cereal? – Tentei não pular na cadeira assim que escutei a voz de Ashton.
Estava tomando meu café, quando o monstro entrou na sala.
Não demonstrei reação a sua presença (já que era a primeira vez que nos víamos desde o momento embaraçoso – para mim – no dia anterior) e apenas confirmei.
- No armário. – Piscou e seguiu em frente, secando seu cabelo normalmente com a toalha e colocando um pouco do alimento em uma tigela.
Sentou-se ao meu lado no balcão e ficou em silêncio, sem puxar conversa ou fazer nenhuma de suas brincadeiras.
Acabei de comer e coloquei tudo dentro da máquina de lavar louça, sentindo olhares em mim com minha pequena ação.
Virei-me e encarei seus olhos azuis, sem saber o que lhe dizer. Antes que eu me retirasse, chamou-me.
- Você está bem Andie? – Acenei fracamente, fazendo-o franzir o cenho e inclinar a cabeça de leve, quase como um cachorrinho prestando atenção. - É por causa do que ocorreu entre nós?
- Desde quando você se preocupa?
- Desde que Theodoro me mandou uma mensagem me pedindo para ficar de olho em você porque estava preocupado que algo houvesse acontecido. – Fitou-me em dúvida, analisando minha expressão. – Ele e Aaron estão preocupados.
- Eu sei. – Soltou um suspiro alto.
- Comprei flores para você...
- É, eu vi. – Levantou-se estressado.
- Mas que merda! - Dei um pulo automaticamente em surpresa. - Por que você está tão chateada?
- Por que eu não me lembrava de nada, caralho! - O sangue começou a borbulhar em minhas veias. - E você ainda foi um filho da puta quando acordamos!
- É esse o motivo? – Seus olhos pareceram se acalmar, mas àquela altura, eu já estava irada.
- E também porque você se aproveitou de mim. –Ele piscou algumas vezes. Logo, riu sarcasticamente.
- Eu não durmo com garotas que não estejam cem por cento certas do que querem. E pelos seus gemidos antes e depois de eu te fazer gozar, acredito que você estava muito satisfeita e conivente. – Sorriu irônico, fazendo-me abrir a boca em choque.
- Você é um babaca. Eu estava bêbada, não tenho como responder pelos meus atos. Mas você... O quanto bebeu naquela noite? Nada? – Um lampejo de culpa surgiu em seus olhos. – Para você foi só uma foda. Mas para mim... Como eu vou saber qual foi o significado se nem ao menos eu me lembro?
- Para você também deveria ter sido. – Senti uma pontada de dor no peito. Mas me recompus, prosseguindo minha fala.
- Não sou que nem você Ashton. Consigo dormir com estranhos, mas é quando eu quero, tendo plena certeza de meus atos. E porque eu sei que não os verei mais. Porém, você é meu... Colega de apartamento. - Pensei um pouco melhor. - Talvez amigo, ou sei lá... Não sou muito boa em dormir com as pessoas que são minhas amigas e ficar por isso só. – Agarrei minha bolsa em cima do sofá. – Sinto muito se não sou você.
Encaminhei-me para a entrada, não esperando uma réplica, sentindo meus olhos arderem.
Abri a porta com tudo e encontrei Eve com o punho erguido. Fiz cara de surpresa assim que vi sua expressão confusa e um pouco atrapalhada.
- Bom dia Andie. – Abriu um sorriso envergonhado, combinando com suas bochechas avermelhadas. – Já vai?
- É... – Recuperei o fôlego e lutei contra o caroço na minha garganta. - Pois é.
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Flatmates
General FictionQue a pessoa não seja bagunceira: "entro no quarto de Ashton e observo a montanha de roupa suja. Caixas de pizza se amontoavam no canto junto com garrafas vazias de alguma cerveja barata. Alguns de seus livros estavam espalhados pela cama e outros p...