Capítulo 28

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Estou na porta do quarto dele, é o último de hoje, meu coração está batendo descompassado e sinto que se eu abrir a boca ele vai sair voando.

Sou mesmo uma idiota depois de tudo o que aconteceu ontem, depois de eu ter dado uma de mulher moderna e depravada na nossa conversa na cafeteria, deveria estar confiante e segura, porque era essa a imagem que quero passar e não a de uma mulher frágil e apaixonada que tem medo da rejeição.

Minha colega bate na porta e anuncia o serviço de quarto, e o que eu mais temia acontece ele está no quarto e autoriza a nossa entrada, quando escuto a sua voz dizendo que podemos entrar meu corpo inteiro trava e fico estática com os olhos arregalados quase em estado de choque, minha colega percebe e me dá uma chacoalhada que me tira do transe.

Entramos no quarto e como sempre eu fico com o quarto e quem estiver de parceria comigo fica com o banheiro e assim fizemos.

Ele está sentado no sofá lendo uma revista qualquer e nem se digna a levantar os olhos para nos olhar.

Eu é que não vou ficar tentando fazer ele me notar, vou fazer o trabalho o mais rápido possível e sair logo daqui.

E seguindo o que eu tinha em mente ele nem saberia que sou eu quem esta no quarto por que está tão concentrado na leitura, e meras camareiras não são dignas nem de um olhar.

Eu já tinha forrado a cama e estava indo ligar o aspirador de pó, estava tudo certo até que:

“ Aliceee pega pra mim um pano seco.”

Minha querida colega de trabalho resolve fazer o favor de berrar meu nome, por que ela fez isso, não sei, onde já se viu berrar com o hóspede no quarto? Acho que ela perdeu o bom senso e faltou nessa aula durante o treinamento, afinal temos que ser no mínimo discretas e não incomodar o hóspede, o que inclui não berrar dentro de sua suíte.

Nesse mesmo instante percebo pela visão periférica o Marcos levantar o olhar em minha direção.

Droga!

Era tudo o que eu não precisava hoje.

Vou até o carrinho onde ficam os nossos materiais de trabalho e pego um pano.

Percebo ele vindo em minha direção.

Levo o pano até o banheiro e o entrego a minha querida colega.
Quando me viro para voltar ao trabalho dou de cara com Marcos me encarando com um sorrisinho cínico.

“ Sabe que esse uniforme é quase um fetiche?”

Eu o ignoro e volto ao aspirador de pó, ligo e começo a passar no carpete do quarto.

“ Por que está me ignorando?” Ele pergunta enquanto me puxa pelo braço.

Que situação mais constrangedora ele quer mesmo conversar com a minha colega no banheiro, agradeço aos céus pelo aspirador estar ligado abafando o som da nossa conversa com seu barulho irritante.

“ Só estou fazendo o mesmo que você?”

“ Do que está falando Alice?”

“ Estou dizendo que essa não é a primeira vez que eu limpo a sua suíte com você dentro dela, e em todas as vezes eu fui ignorada por você. Sabe por que? Por que pra gente como você, pessoas assalariadas, uniformizadas, subalternos são invisíveis.”

“ Você está ouvindo o que está dizendo? Eu nunca ouvi tanta besteira nos somos amigos.”

Poderia dizer que pelo tom de sua voz ele parece indignado por minha acusação.

Aprendendo a amarOnde histórias criam vida. Descubra agora