Capítulo 09

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Mais um dia, vim trabalhar sem trocar uma palavra com Douglas, ele está sendo tão infantil, não consigo acreditar que um homem na idade dele, pai de dois filhos, casado á tantos anos possa ter esse tipo de atitude adolescente, pelo visto parece mesmo que os homens nunca crescem.

O trabalho segue normalmente, Célia mais animada do que nunca, fazendo piada de tudo e eu só consigo pensar no próximo quarto que iremos arrumar, o quarto dele, o tal ator, dono do perfume mais inebriante que já senti. Será que hoje ele estará na suíte? Uma parte de mim quer que esteja, quer descobrir o rosto do homem que carrega esse cheiro que me intriga, que me traz tantas sensações, mas outra tem medo da realidade ser decepcionante, ele poderia ser um homem horrível ou pior ser insuportável e odioso. É acho melhor permanecer na fantasia.

Bati na porta da suíte dele anunciando o serviço de quarto e não houve resposta, entrei na suíte e ela estava vazia, ele não estava, minha fantasia podia sobreviver mais um dia.

Como sempre Célia foi para o banheiro enquanto eu fiquei arrumando o quarto que hoje estava um pouco mais bagunçado. Comecei recolhendo umas roupas que estavam no chão e coloquei em um saco para mandar pra lavanderia. Havia uma camiseta branca perto da cama eu peguei pra por no saco, mas não resisti a tentação de inalar o cheiro dele mais uma vez antes de por no saco.

Quando eu entrava naquele quarto alguma coisa se modificava em mim, já faz três meses que estou trabalhando aqui e sempre tive uma atitude muito profissional, a maioria das camareiras mexe nas coisas dos hóspedes procurando coisas curiosas ou bizarras, pra rir daquelas pessoas que pareciam tão superiores e diferentes de nós, mas eu não, eu sempre respeitei a privacidade dos hóspedes como eu gostaria de ser respeitada, e agora estou tomada por um enorme desejo de abrir os armários, ver suas roupas, suas coisas, pra descobrir um pouco mais sobre ele, mas não faço. Continuo fazendo meu trabalho, recolho as roupas e vou trocar a roupa de cama e embaixo dos travesseiros encontro um lenço branco, ele está impregnado com o cheiro dele, o melhor cheiro do mundo, não resisti, peguei o lenço e guardei no bolso.

Eu termino o quarto, Célia também terminou o banheiro passamos para a próxima suíte, mas eu só conseguia pensar na loucura que eu havia feito, aquele lenço queimava no meu bolso e em vários momentos do dia me peguei afagando e cheirando mais uma vez aquele lenço.

Eu sabia que aquilo era errado e uma parte de mim se envergonha do que estava fazendo e eu dizia a mim mesma que não era nada de mais, que eu poderia colocá-lo junto com a roupa da lavanderia a qualquer momento, mas outra parte dizia, é apenas um lenço ele nem vai dar falta disso, o que para ele era um lenço insignificante para mim era algo divino.

O nosso horário de trabalho terminou e a parte obscura de mim venceu a batalha, eu permaneci com o lenço, era mais forte que eu.

Eu estava atordoada demais, precisava pensar e refletir sobre tudo o que estava acontecendo comigo, talvez eu devesse pedir pra mudar de andar, isso seria a coisa mais sensata a fazer para impedir esse lado inquerente que está aflorando em mim, mas isso poderia me prejudicar no trabalho, que justificativa eu daria para tal atitude.

Eu precisava de um café, um expresso duplo pra me acalmar e organizar meus pensamentos, vou até uma cafeteria que tem perto do hotel.

Eu estava indo em direção à uma mesa perto da janela, eu gostava de ver as pessoas caminhando e ficar imaginando como seria as suas vidas, isso me acalmava, pensar que talvez alguém ali no meio da multidão que caminhava de um lado para o outro tinha uma vida mais norma que a minha, sem grandes emoções, e como eu somente passa pela vida.

Eu estava tão distraída em meus pensamentos, tão absorvida pelas minha dúvidas, que nem vi de onde ele surgiu, quando dei por mim, meu café já estava no chão e por muito pouco não havia me sujado toda, quando levantei os olhos para ver quem tinha sido o imbecil que não olha por onde anda dei de cara um uma imensidão azul, um azul tão profundo quanto o oceano, eu poderia me perder naquele olhar, não era só a beleza daquele azul, era a sua expressão, ele não precisava dizer uma só palavra aqueles olhos diziam tudo.

“ Nossa me desculpe, eu estava distraído olhando o celular e não te vi.” Ele disse e só então consegui ver algo além dos olhos dele. Ele era perfeito, cabelos pretos, tinha uma barba bem feita, dentes lindos e uma boca pequena e vermelha como um morango. Eu estava hipnotizada e por alguns segundos não consegui dizer nada fiquei olhando aquela boca.

“ Eu também estava distraída, não vi você entrar.”

“ Bom, agora o mínimo que eu posso fazer é te pagar outro café.”

“ Não precisa acidentes acontecem, pode deixar que vou pegar outro.”

“ De jeito nenhum, eu faço questão.”

“ Bom se você insiste.”

Eu me sentei na mesa que eu já havia escolhido para esperar pelo meu café e estava torcendo para que ele se sentasse comigo.

Ele voltou com dois cafés e para minha felicidade pediu para sentar comigo e é óbvio que eu aceitei.

“ Acredito que agora depois desse desastre podemos nos apresentar como pessoas normais não é mesmo? Eu me chamo Marcos e você? “

“ Alice.” Eu disse depois de dar um gole em meu café.

Eu estava me sentindo tão tímida perto dele não sei dizer o por que, eu não era assim, eu sempre fui segura e determinada perante os homens, mas esse cara estava me fazendo sentir diferente.

“ E você é daqui mesmo Alice?”

“ Sim. E você? Você não parece ser paulista, tem um sotaque diferente.”

“ Estou aqui a trabalho eu sou de Florianópolis.”

“ Está gostando de São Paulo?”

“ Sim, muito. Bom, eu preciso ir. Foi um prazer te conhecer.”

“ Até qualquer dia.”

Ele se despede com um sorriso que congela meu coração e vai embora.

Eu termino meu café e caminho em direção ao metrô, estou ainda mais confusa que antes, o que está acontecendo comigo, primeiro toda essa coisa estranha com o cheiro do tal hóspede, agora esse cara, Marcos, acho que nunca vou me esquecer daqueles olhos, da expressão deles, e como eu tive vontade de morder aquela boca, esse pensamento me lembrou o livro que tanto me encantou o Cinquenta Tons de Cinza, a mesma vontade desesperada que Christian Grey tinha de morder os lábios da sua amada, tinha surgido em mim, não sei se eu poderia me controlar se estivesse mais perto dele.

E como me senti intimidada por ele. Não sei se foi a beleza dele, não sei explicar o que aconteceu, só sei que eu nunca me senti assim.

Fora todo esse furacão de emoções que estavam me enlouquecendo eu ainda tinha que resolver mais um problema, a liberdade que a dona Natália está tendo com o meu marido, teria que lembrar a ela que ela está lá em casa para trabalhar e que está sendo paga exclusivamente para isso e não para fazer companhia ao meu marido.

Eu gosto da Natália e gosto do trabalho que ela faz lá em casa, as crianças também gostam dela, mas ela é jovem e Douglas é um homem bonito, chama atenção, eu não posso dar espaço para que ela comece a fantasiar sobre ele, tenho que cortar o mal pela raiz, antes que eu acabe perdendo a funcionaria e o marido.





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O que será que está acontecendo com Alice?

A cabeça dela está um pouco confusa com todas essas sensações.

Ainda há muito pra descobrir é espero que vocês estejam comigo para desvendar o que se passa pela mente de Alice.

Beijos amoras 💋💋💋

Aprendendo a amarOnde histórias criam vida. Descubra agora