Lágrimas de Rhanor - Coração de Naragon

UM ESTRANHO SOL VERMELHO (Revisado)

Quero agradecer de forma especial ao escritor Yuri Lima autor de O Príncipe da Paz. Pela ajuda com esta nova empreitada.

UM ESTRANHO SOL VERMELHO

A figura corria em direção a cabana, ela estava assustada. Orun era seu nome e ele era um goblin!
Um ser que muitos de nós descreveríamos como um pequeno monstro. Era baixinho e atarracado, porém rápido e inteligente. Ele não ligava para que os "Outros" pensavam dele ou de sua raça. Tinha pele cor de terra, e nela carregava suas orgulhosas cicatrizes, seus troféus, heranças de combates que muitas vezes havia perdido, mas que tinha tirado lições preciosas e que o deixavam cada vez mais sábio. Algumas pústulas ao redor do pescoço compunham a imagem do ágil goblin, seu cabelo era duro e mais escuro que a pele e ele fazia questão de deixar sempre preso. Seu rosto era fino, e pode-se dizer que era bonito para os padrões de um goblin, "se é que isto pode ser dito". Debaixo das grossas e pesadas pestanas se escondia um par de olhos verdes, incomuns para sua raça.
Fora da cabana o céu estava vermelho e nele, uma grande bola de fogo pairava sobre as cabeças de todos naquela aldeia como se tivesse um segundo sol entre as nuvens. Porém, a luz rubra não havia adentrado na rústica cabana. Dentro do casebre, o meio-orc Rhogar dormia. Os orc's e goblins de sua aldeia o chamavam de Mestiço, "Meio-o-que ou Meio-alguma-coisa", sempre em tom pejorativo, já que a única coisa que se sabia do seu passado é que sua pobre mãe era uma orc e que tinha morrido ao trazê-lo ao mundo.
Embalado pelos deuses do sono ele roncava alto, seu rosto estava sereno transparecendo que ele sonhava com algo bom. O Mestiço tinha um espírito aventureiro que sempre o guiava para fora dos limites da aldeia e em seu sonho provavelmente fazia o mesmo. Havia sido este mesmo espírito que o colocara no passado em grandes confusões perante os outros orc's e goblins da aldeia, o que aumentava ainda mais o preconceito que eles tinham contra ele.
O último integrante deste trio improvável era Sanuk, um tigre-leão albino que seguia o jovem goblin. Também carregava algumas cicatrizes e era o mais velho daquele estranho grupo. Somando a idade do Mestiço e do Pequeno, ainda faltaria muito para chegar na soma de todas as primaveras do animal. Seus pelos já estavam ralos e as pernas não mantinham a força da juventude, no entanto, Sanuk demonstrava um amor incondicional por Orun e por ele se sacrificaria se assim fosse preciso. O orgulhoso animal tinha uma dívida com o goblin por este ter salvo sua vida quando estava à beira da morte. A história de como os dois se conheceram é um tanto curiosa: "Houve um grande período de seca que atingiu toda a região próxima à aldeia, e muitos animais sofreram com aquela situação, inclusive Sanuk. O tigre-leão estava fraco devido à fome e foi emboscado por um grupo de caniçais que o espreitava há algum tempo. Preste a morrer em uma noite escura e sem luar, viu uma luz correndo em sua direção, era Orum carregando uma tocha e se colocando entre ele e seus algozes. Após espantar os monstros, o jovem Orum ficou ao lado do tigre-leão por dois dias até que a orgulhosa fera tivesse confiança nele e aceitasse a comida oferecida pelo goblin". Dali em diante um laço foi criado entre os dois e por muitas vezes a fera se perguntava por que Orun o tinha ajudado? Se Orun pudesse responder, diria que nada de muito especial havia acontecido naquele momento, ele apenas viu que alguém estava em perigo, tomou coragem esquecendo um pouco da sua fama de medroso e correu para ajudar. O goblin já havia passado por muitas situações parecidas, porém sempre teve ajuda de Rhogar para tirá-lo das enrascadas