Capítulo 14

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Estacionei o Audi preto na vaga preferencial para funcionários do Pub. O letreiro azul e vermelho piscava escrevendo "Black Falcon", que era o nome do bar de acordo com o papel que Sara me dera.

Ela também tinha me emprestado o seu carro que fora o seu presente de aniversário de 18 anos. Ao adentrar ao ambiente cheio, pude inalar o cheiro de bebida e suor que estava presente por todo o pub. Alguma música animada tocava na junkebox enquanto as pessoas dançavam em sua frente.

Andei até o balcão abaixando a saia a cada passo que eu dava - e falhando a cada passo - Ouvi algumas cantadas repugnantes e assobios nada discretos. Em minha frente um cara cheio de piercing limpava o balcão com uma flanela laranja. Olhei a plaquinha dourada sobre o seu peito direito e lá estava o seu nome. Trevor, o dono do pub.

— Hm, com licença. — dei um sorriso em direção ao moreno e ele apenas me lançou uma cara não muito feliz. — Eu estou aqui para substituir a Sara Hall.

Parou de limpar o balcão e jogou o pano sobre o seu braço direito.

— Você jura? Pensei que você só estava usando o uniforme do meu bar por que achou bonito. — ironizou e checou o relógio em seu pulso esquerdo. — Está atrasada e avisa para a sua amiga que isso não pode se tornar uma rotina, não pago o seu salário para mandar incompetentes em seu lugar. — murmurou antes de dar às costas me deixando com uma cara de tacho.

A educação passou longe, pensei.

— Garota, essas mesas não vão se servir sozinhas! — gritou de dentro da cozinha. Por que tão idiota e chato? Peguei o bloquinho amarelo de anotações e coloquei no bolso do uniforme vinho, me guiei até a mesa mais próxima em que um casal conversava calmante.

— Boa noite, o que vão querer? — sorri tentando ser o mais educada possível, a mulher loira abaixou o seu olhar até o cardápio enquanto o seu acompanhante aguardava calmante.

Meus dedos tamborilavam nervosamente sobre o bloco amarelo pálido, servir café para velinhas é bem diferente que servir bebidas para pessoas que não possuem uma feição agradável e feliz.

— Pode me trazer duas cervejas, querida? — afirmei positivamente com a cabeça enquanto anotava o pedido. — Só vamos querer isso. — finalizou me entregando o cardápio, por um momento foquei num assobio que ouvi de longe. Uma mesa cheia de homens barulhentos e mal educados chamavam a minha atenção para que eu os atendesse.

— Com licença. — suspirei indo em direção aquela mesa, arrepios passavam pela a minha espinha a cada passo que me aproximava. — O que vão querer?

Eles se entreolharam de um jeito malicioso, até que um barbudo que devia ter o dobro da minha idade se pronunciou.

— Eu adoraria o seu número, amor. Mas acho que isso está fora de cogitação, não é? — abriu um sorriso divertido enquanto todos os seus amigos riam.

— Ainda bem que o senhor é uma pessoa inteligente. Os pedidos? — lancei um sorriso falso ao mesmo tempo que segurava a caneta esferográfica vermelha tão forte fazendo os nós do meu dedo esbranquiçarem.

— Você é direta, gostei disso. Nós vamos querer quatro cervejas e quatro doses de vodka. Não demore muito, não sei se vou conseguir ficar tão longe de você, mi amore.

Todos voltaram a rir escandalosamente me causando uma onda de enjôo, como eles achavam aquilo tudo engraçado? Minha única reação foi voltar ao balcão para efetuar os pedidos.

Enfiei os dois papéis num objeto pontiagudo — que na minha opinião parecia uma agulha gigante — junto com as outras notas que já estavam lá. Anotei os pedidos em duas comandas presumindo que aquilo era uma forma de controle para que o bar não saísse em prejuízo.

Servi a vodka em pequenos recipientes, o cheiro de álcool invadia as minhas narinas causando uma irritação. Retornei a garrafa no lugar em que ela estava antes, na minha esquerda estava uma geladeira cervejeira complemente preta. Na porta marcava a temperatura em graus que já estava negativa.

Segurei a trava que fez um click ao destravar, retirei seis cervejas de dentro da geladeira antes de fechar a porta. Coloquei todos os pedidos sobre uma bandeja prata redonda. Suspirei antes de empurrar a portinha do balcão com o quadril ao passar com a bandeja na mão.

Não faça burrada, Alice, não estrague tudo. — repeti num mantra equilibrando a pesada bandeja em minha mão direita, andei o mais rápido que conseguia até a mesa dois onde o casal estava. — Com licença. — intrometi-me de forma educada enquanto colocava as duas cervejas sobre a mesa.

— Obrigada, querida. — o homem se pronunciou agradecendo.

Fiz um aceno com a cabeça antes de ir até a outra mesa, se o idiota e seus minions fizessem mais alguma gracinha eu não responderia por mim mesma.

— Olha quem não conseguiu ficar longe de mim. — o idiota falou assim que me aproximei da mesa.

— São quatro vodkas e cervejas. — falei ignorando o seu comentário idiota, servi as bebidas e abracei a bandeja. — Aproveitem.

Lancei uma carranca para ele que não pareceu ficar satisfeito, assim que fiz menção de voltar para o balcão ouvi outro assobio. Inferno, odeio quando fazem isso.

O barulho veio da mesa quatro em que um homem estava sentado na cadeira de madeira envernizada de costas para mim, o seu modo de respirar mostrava que aguardava impacientemente.

— O que vai querer? — falei encarando o pequeno bloco, não ia ser capaz de aturar mais algum idiota.

— Uma dose de Whisky, por favor. — aquela voz rouca causou um arrepio por todo o meu corpo. Aquilo não podia estar acontecendo.

Meu coração palpitava cada vez mais rápido, aquilo já estava se tornando uma perseguição.

— Está me seguindo? — falei a primeira coisa que me veio à cabeça, ele também tinha um misto de surpresa e diversão. Acho que ele não tinha reconhecido a minha voz por causa do som da música.

— Acho que você está me seguindo, ...Sara. — falou de jeito divertido ao encarar a plaquinha dourada no meu peito esquerdo. — Você tem dupla personalidade? — mordeu o lábio ainda encarando a plaquinha, torcia para que ele ainda estivesse encarando só a placa.

— Meus olhos estão aqui, ok? — praguejei anotando o seu pedido. — Mais alguma coisa?

— Não, só vou querer isso mesmo. Se cuspir na minha bebida não vai ganhar gorjeta.

Tive vontade de mandar ele enfiar a gorjeta em outro lugar, mas o horário não me permitiu fazer isso. Então eu só fui até as bebidas e servi o whisky - que tinha cheiro de coisa velha - e voltei até a mesa dele.

— Sua bebida, senhor. — murmurei colocando o copo de whisky sobre o guardanapo branco.

— Obrigado. — eu escutei aquilo mesmo?? Liam Whittemore sendo educado, acho que tem alguma coisa errada.

De nada, se quiser mais alguma coisa é só chamar. Mas pelo amor, não assobia. — voltei até o balcão enquanto ele bebia.

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