Capítulo 11

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  Toda a minha noite envolveu intermináveis xícaras de café e pesquisas feitas no meu notebook que trouxera de casa. Acordei dez minutos antes do horários previsto, precisava dar um jeito nas bolsas negras que estavam logo abaixo dos meus olhos, mais conhecidas como olheiras.

  Terminei de guardar as pastas dentro da minha bolsa grafite que estava abarrotada de papéis.

  Todo aquele sacrifício iria me levar até o sonho que eu tanto almejava.

  — Por Deus, Alice. Sua cara está péssima. — Camila comentou enquanto terminava de ajeitar a alça de seu vestido vermelho que contrastava com sua pele negra. Ela sempre tivera o maior gosto pra moda, e parecia que qualquer coisa caía bem nela. — Não me diga que você já acabou aquela série e nem me esperou para ver junto!

  — Quem dera que fosse isso, Mila. — murmurei enquanto terminava de colocar o meu tênis preto. — Perder uma noite de sono fazendo pesquisas para um seminário vem com o pacote de assistente.

  Eu só não desistia dessa estória toda por que ela me ajudaria futuramente, na minha concepção alguém iria me contratar vendo que eu tinha essa experiência no meu histórico.

  — Ah, já ia esquecendo. — Camila praguejou por causa de sua péssima memória. — Hoje eu vou até o centro atrás de um emprego já que esse aluguel não vai se pagar sozinho. — sim, ela conseguiu torrar todo o dinheiro que restava da sua economia. Eu ainda tinha o dinheiro para mais um mês de aluguel, mas não custava nada procurar um trabalho.

  — Ok, mas nada de trabalho extremo. Nós estamos aqui para estudar. — coloquei a alça da bolsa sobre o ombro enquanto a relembrava o que nós estávamos fazendo lá. — Sara disse que vai chegar atrasada então não é pra esperar por ela.

  Coloquei a chave na fechadura e destranquei a porta de madeira, deixamos o apartamento indo de caminho até o Campus da faculdade.

  (...)

  — Aqui está o seminário, professor Whittemore. — coloquei as pastas sobre a mesa enquanto dava um sorriso amarelo para o mesmo. Ele estava ridiculamente lindo naquela blusa social branca. Foco, Alice! — Está catalogado em ordem alfabética para facilitar a sua vida.

  — Você facilitaria a minha vida se ficasse quieta por um segundo. — falou analisando as pastas e deu um grunhido que parecia ser de aprovação. — Superou minhas expectativas, senhorita Becker. — guardou as pastas dentro da gaveta e ficou me fitando sem falar nada.

Não que eu esperasse um troféu escrito "Bom trabalho, garota" mas talvez um "obrigado" serviria. Já estava começando a ficar incomodada com os seus olhos - que hoje estavam mais escuros - me observando.

Ele deu um suspiro enquanto mexia dentro de sua bolsa procurando alguma coisa, de dentro dela retirou um envelope branco e voltou a me fitar enquanto me entregava o envelope.

— O que é isso? — falei observando o envelope que tinha escrito em letras de forma "Alice Becker". Voltei a encarar ele procurando por respostas quando o mesmo sibilou algo que parecia ser um "abra". Então fiz o que Liam mandou, e agora encarava £ 150,00 em libras Esterlinas.

Ele pareceu notar o risco que se formou entre as minhas sobrancelhas, minha feição de dúvida permanecia a mesma enquanto encarava o dinheiro.

— Você sabia que irá receber uma certa quantia por cada trabalho que me ajudar, certo? — cruzou os braços sobre sua mesa de mármore. — Seria considerado trabalho escravo se o diretor não te pagasse por seus trabalhos. — terminou enquanto a minha feição voltava ao normal. Aquilo era bom, não é?

Se eu fizesse mais pesquisas como aquelas, talvez não precisaria arrumar um emprego. É óbvio que eles não iriam assinar a minha carteira ou nada parecido, mas eu estaria trabalhando e estudando ao mesmo tempo.

— Hm... obrigada, eu acho. — guardei o dinheiro novamente dentro do envelope branco. Ele não tirava os olhos de mim e muito menos disfarçava, aquilo me deixava mais envergonhada e eu podia sentir as minhas bochechas queimarem de vergonha. — Acho que eu vou indo, tenho que passar na cafeteria. — falei a primeira mentira que se passou por minha cabeça, eu só queria dar o fora dali o mais rápido possível.

Acho que se ele me olhasse mais uma vez daquele jeito, eu poderia derreter naquela sala de aula. Ele pareceu acreditar na minha mentira enquanto dava um sorriso de lado voltando para os seus papéis.

Considerei aquilo como uma oportunidade de ir embora, então marchei o mais rápido possível até a porta de carvalho escuro.

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