Estava a quase 15 minutos gritando a Camila e mesmo assim ela não acordava.
Quando eu ia gritar novamente, a mesma apareceu na cozinha.
— Bom dia, flor do dia. — falei bebendo o café.
— Não grita, Alice, eu estou do seu lado. — Colocou os dedos nas têmporas massageando-as.
— Não acredito que você já está de ressaca, nós não chegamos a nem um dia.
Ela resmungou algum palavrão e pegou uma xícara de café.
— Bom, já que a senhorita vai ficar de mau humor o dia todo eu vou ir visitar minha avó. Te vejo mais tarde. Ah, tem aspirina no armário do banheiro, vai ver ajuda — falei e sai da cozinha indo pro meu quarto, peguei um sobretudo e vesti.
Saí do apartamento e fui em direção á casa de minha avó.
[..]
Como previsto, Dona Clarissa fez um banquete e praticamente me obrigou a comer tudo. Ela só me deixou voltar para casa quando teve a absoluta certeza que eu estava bem alimentada e quando prometi que iria visitar a mesma novamente.
Passar a tarde com a minha vó realmente me fez bem, eu precisava de alguns conselhos e algumas broncas que são boas de levar.
Eram quase 22:00 e as ruas de Londres estavam praticamente calmas e paradas, além de uma casa que provavelmente estava tendo mais uma daquelas festas que consistem dos veteranos fazerem o famoso "trote" com os calouros.
Espero que ninguém me force a tirar a roupa e correr nua pelo London Eye. Não quero ser presa por atentado ao pudor logo na minha primeira semana em Londres.
Fui tirada dos meus pensamentos quando ouvi um barulho de risos e garrafas sendo quebradas.
— Ei,gatinha,tá afim de ter uma noite inesquecível? — Um garoto disse dando um gole em sua cerveja enquanto os seus amigos riam.
— A noite inesquecível vai ser quando eu acertar o meu guarda-chuva no meio das suas pernas, idiota. — murmurei enquanto seguia o meu caminho de volta para o apartamento.
— Ela é uma gracinha. Ouviram isso, gente? Se não vai ser pelo bem então vai pelo mal, gatinha. — ele bateu a garrafa no meio fio e andou até mim.
Já estava preparada pra gritar e bater na porta mais próxima quando uma voz masculina me impediu.
Automaticamente virei o olhando.
— Algum problema aqui? — O homem desconhecido falou cruzando os braços na altura do peito.
Ele é bonito e deve ter bem menos de 30 anos e tem cabelo castanho escuro com uma barba rala da mesma cor.
Não perde o foco, Ali.
— N-Não tem nenhum problema não - o "bebum" falou gaguejando.
— Nós já estávamos indo embora,não é, gente? — um deles falou nervoso com a situação.
Podia jurar que eles temiam o homem.
Todos eles largaram as suas garrafas de cerveja e saíram correndo.
— Você está bem? — o homem desconhecido falou com um tom grosso e rude, como se ele não se importasse com a minha resposta de sua pergunta.
— Estou. Obrigada por se livrar daqueles homens, eles realmente eram repugnantes.
— É, isso é o que acontece quando você atiça alguns veteranos e depois diz um "não" na cara deles. — disse pegando uma das cervejas que os garotos deixaram logo após de fugir e bebeu.
Além de grosso é nojento.
Ele só deve ter me ajudado por que não queria uma cena de agressão na frente da sua casa. Eu estava a disposta a bater no "bebum" e nos seus amigos babacas.
— Perdão? Meu querido, eu não 'aticei' ninguém. — falei fazendo aspas com o dedo. — Eu retiro o meu agradecimento e realmente tenho coisas melhores a fazer além de ouvir grosserias de um qualquer.
— A única coisa que você está fazendo é tentar se matar. Essas ruas depois de uma certa hora são realmente perigosas. E não esqueça que o 'qualquer' aqui salvou a sua vida. — falou sarcástico.
— Além de Grosso é guia turístico? Foi um desprazer te conhecer. — falei dando as costas para o homem e segui o meu caminho para casa.
Eu bati o meu recorde de babacas em menos de dois dias.
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Para Sempre
RomanceO que você faria se o garoto de sexta á noite fosse o professor de segunda de manhã? Alice Becker deixou o Brasil fugindo de suas possíveis responsabilidades, com a ajuda de sua amiga Camila, elas puderam deixar o país em rumo à Londres. Mas ela não...