Capítulo 15

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Meu bem, você me dá água na boca

Vestindo fantasia, tirando a roupa

Molhada de suor de tanto a gente se beijar

De tanto imaginar loucuras

- Mania de Você - Rita Lee


O Eduardo voltou a olhar para a frente, ainda tonto com o que tinha acabado de acontecer.

Ele teve realmente coragem de contar para a Mônica sobre o sonho?

E que conversa foi aquela?

Assim é como os adultos resolvem seus problemas, seu coração deu um pulo como se também estivesse satisfeito com a descoberta. É claro que o mérito era todo da Mônica e daquele jeitinho de sacar seu estado de espírito, e de uma maneira, ao mesmo tempo, brincalhona e séria, ela o deixou à vontade para falar sobre um assunto que ele nunca tinha concebido um dia discutir com uma namorada. Isso porque todas as meninas que ele tinha cogitado namorar não possuíam um pingo da maturidade e sensatez da Mônica.

Namorada.

O que ele tinha feito para merecê-la? Alguma coisa formidável, que bateu o recorde de pontos no andar de cima. E cara, ele não podia ficar comendo mosca, ele precisava resolver essa situação e voltar para o lado dela. O seu, não foi o único olhar guloso que acompanhou a saída da sua sereia do mar, e demorar, era dar chance para o azar e para algum marmanjo tentar roubar seu lugar.

Seu. Sua. A Mônica era sua. O corpo do Eduardo ainda queimava pelo abraço da namorada quase sem roupa.

Namorada!

Ele deu um mergulho e começou a nadar. Após alguns minutos de concentração no ritmo das braçadas e em manter a respiração regular e calma, ele estava pronto para voltar para ela.

— Melhor? — Ela o recebeu com um sorriso e ele se jogou na toalha estendida ao lado da cadeira.

— Você tinha razão, o exercício ajudou. — Ele aceitou a garrafa de água mineral que ela ofereceu e tomou um gole. — E, por incrível que pareça, a conversa também.

Não precisar mais se preocupar em disfarçar uma coisa que a Mônica sabia que acontecia e que, ao contrário do que o afligia antes, não a ofendia, tirou um peso dos seus ombros.

— Que bom. — Ela escorregou a mão pelos cachinhos molhados. — Porque além de namorada, você lembra que eu também sou sua amiga. Eu queria que a gente pudesse conversar sobre tudo.

— Eu vou tentar. É que... não é a coisa mais fácil do mundo de se admitir.

— Claro que é, quer ver? — Ela fez sinal para que ele se aproximasse e falou baixinho. — Eu sei que eu sou mulher, e pra mim é mais fácil disfarçar, mas eu queria que você soubesse que eu morro de tesão por você.

— Droga. — Ele virou de bruços na toalha antes que a praia inteira visse como ele era um adolescente sem um pingo de auto controle. Também, nem um santo escutava uma declaração dessas com indiferença. — Você não pode fazer isso comigo.

— Desculpa. — Ela deu uma risada, sem parecer arrependida. — Só mais uma coisinha e a gente muda de assunto. Pode ser fácil disfarçar, mas eu tenho tanta dificuldade pra resistir à tentação quanto você. Só que eu preciso de um pouco de paciência. Eu preciso de um tempo até a gente transar.

Imagens dele e da Mônica enroscados numa cama encheram sua cabeça e ele engoliu em seco. Ele respirou fundo várias vezes porque não era hora de imaturidade. Agora era hora de ele se comportar como um adulto e dizer para ela o que ele precisava dizer. O que ele queria dizer.

Eduardo e MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora