Preciso de uma chance
De tocar em você
Captar a vibração
Que sinto em sua imagem
- Fixação - Kid Abelha
— Eu te disse que você ia conseguir. — A Mônica olhou seu aprendiz de patinador ganhando confiança.
Mesmo claramente desconfortável com o programa, o Eduardo foi em frente, levando tudo na esportiva, e tudo para agradá-la. Por isso, após um minicurso relâmpago, ela facilitou a vida dele. Se depois de uma volta, ele quisesse parar, tudo bem.
Na terceira volta, o Eduardo não dava sinais de desistência e estava se saindo melhor que todas as suas expectativas, ganhando pontos por não ter levado nem um tombo. É verdade que ele parecia um pedaço de pau em cima dos patins, massacrando sua mão com um aperto de ferro, mas quem se importava, quando eles estavam se divertindo tanto?
— Você tem certeza que patinação de pista não tá nas Olimpíadas? A medalha de ouro já é minha. — Os olhos brilhantes, com aquele jeitinho de menino brincalhão, iluminaram o rosto dele. No seu entusiasmo de gesticular, ele tinha soltado sua mão e ao notar que se equilibrava sozinho, levantou os braços. — E sem mão, galera!
Um idiota escolheu exatamente aquele momento para passar por eles, dando uma ombrada no Eduardo que não pareceu acidental. Ela tentou segurá-lo, mas não foi rápida, ou forte, o suficiente, e o Eduardo se esborrachou de quatro no chão.
— Imbecil! — a Mônica gritou por cima da música que não estava alta o suficiente para impedir o rapaz de escutá-la.
Ele fez uma curva e voltou até eles.
— Se o bebezão aí não aguenta o tranco, devia vir nas matinês.
— É, porque você saiu da barriga da sua mãe patinando pela sala de parto, né, espertinho? — A Mônica ajudou o Eduardo a ficar de pé. — Você machucou?
— Nada de mais. — Ele mostrou as mãos, que aparentavam estar bem.
— Agora que o seu irmão tá beleza, porque você não vem dar uma voltinha com alguém que sabe o tá fazendo? — O idiota se aproximou da Mônica, quase se colando a ela.
O Eduardo a puxou para o lado dele, passando o braço pela sua cintura, num claro sinal de posse. Os três estavam parados no meio da pista, obrigando os outros patinadores a se desviar do confronto prestes a acontecer.
— Você debochar das minhas habilidades nos patins, eu até entendo, mas tomar minha professora, infelizmente eu não posso deixar — o Eduardo disse com a voz firme, e com um tom de auto zombaria que desarmou o clima pesado.
— Você e ela? — O cara apontou de um para o outro. — Como é que você conseguiu essa façanha, meu irmão?
— Fingindo que eu não sei patinar pra ela me ensinar?
Os dois dividiram uma gargalhada, como velhos amigos, em alguma forma de ligação machista que mulher nenhuma entendia, e que fez com que o cara desse um tapa nas costas do Eduardo, desejasse boa sorte e fosse embora.
— Você tá fingindo que não sabe patinar? — A Mônica colocou as mãos na cintura.
— Claro que não. Eu não sei se é ruim ou maneiro você achar que eu sei fingir tanta incompetência com tanta competência. — Ele segurou sua mão e os dois voltaram a entrar na maré de patinadores. — Eu não estava a fim estragar a nossa noite com uma briga desnecessária.
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Eduardo e Mônica
Fiksi Penggemar"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão? " - Renato Russo O ano é 1986. Eduardo e Mônica se conhecem e embarcam numa louca história de descobertas e amadurecimento. Uma mãozinha d...