Capítulo 20

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Família, família

Cachorro, gato, galinha

Família, família

Vive junto todo dia

Nunca perde essa mania

Família - Titãs


A Mônica seguiu com a moto até o final da rua. Quando ela ligou na casa do Eduardo, mais cedo, foi onde a mãe dele disse que ele estava, jogando futebol com os amigos.

Eles não costumavam se encontrar nos sábados de manhã, mas depois do recomeço das aulas, os pais dele limitaram o namoro às noites em que o Eduardo não tinha escola no dia seguinte. Entre as obrigações dele, que além das aulas incluíam o cursinho de inglês e natação, e a faculdade dela praticamente em período integral, tempo virou artigo de luxo, e a Mônica não resistiu ao impulso de vir vê-lo. É verdade que eles tinham saído na noite anterior, mas só um encontro, depois de uma semana de pedacinhos de tardes roubados aqui e ali, não foi suficiente para matar a saudade.

Ela mal tirou o capacete, e o jogo já estava parado, o Eduardo correndo em sua direção, sem camisa, todo suado. Ela nunca se cansava de receber aquele olhar abobalhado, como se ela fosse a joia mais preciosa do mundo e ele ainda não acreditasse que ela era dele.

— Desculpa ter vindo sem avisar. Eu fiquei com saudades.

— Eu adorei a surpresa. — Ele segurou a sua mão. — Eu sei que eu tô nojento, mas posso matar meus amigos de inveja?

Não foi difícil adivinhar o que ele queria, e ela o puxou para perto. O Eduardo a beijou tentando não encostar nenhuma outra parte do corpo nela, mas a Mônica não via nenhum problema em um pouquinho de suor, pelo contrário, o cheiro dele, não de perfume ou sabonete, o cheiro que era puro Eduardo, atingiu seus sentidos como uma bomba. Ela nunca tinha usado drogas, mas devia ser assim que elas agiam, deixando a pessoa sem alternativa a não ser querer mais e mais.

Eles se separaram, rindo, quando os gritos e assobios ficaram exagerados.

— Satisfeito? — Ela não se importou com o sorriso bobo iluminando o rosto convencido. Ele tinha o direito de se comportar como um menino de dezesseis anos às vezes.

— Ridículo, eu sei. — Ele afastou os cachimbos da frente dos olhos, o rosto um pouco mais vermelho do que há alguns minutos. — Algum motivo especial pra visita?

— A gente não combinou nada ontem, mas os meus pais viajaram e não tem almoço na minha casa. Quer ir almoçar comigo? Depois que você terminar o seu jogo, claro — ela acrescentou rápido quando um dos rapazes gritou, perguntado se o Eduardo ia voltar ou não.

— Tô indo! — Ele virou para trás e respondeu com outro berro, antes de se voltar para ela novamente. — E isso inclui uma carona de moto?

— Eu não esqueci da minha promessa. — Ela apontou o capacete novinho preso ao pequeno bagageiro.

— Convite aceito. — Ele correu de costas de volta para os amigos. — Fica olhando. Eu vou fazer um gol pra você.

A Mônica não tinha mentido ao dizer para o Eduardo que jogava futebol, mas o que acontecia na frente dela não se parecia em nada com o que ela aprendeu nas aulas de educação física. Não havia nenhuma linha marcando o campo, só dois chinelos de cada lado delimitando o gol, ela não estava vendo ninguém que parecia ser o juiz, e sério, não dava nem para entender quem era do time de quem na confusão de meninos sem camisa correndo e xingando e se empurrando. Mas o Eduardo parecia estar se divertindo, e ela se sentou de lado na moto acompanhando a partida com os olhos colados nele.

Eduardo e MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora