Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
- Codinome Beija-Flor - Cazuza
A Mônica dirigiu o curto caminho até a casa da Míriam como se o carro estivesse flutuando sobre o asfalto. Em especial naquela noite, ela não se importaria em obedecer ao toque de recolher do Eduardo e ter a desculpa perfeita para escapar da famigerada festa mais cedo. Mas parecia ingratidão com o destino não estar completamente feliz com a imensa vitória. E ninguém precisava saber do detalhe. Eles podiam ficar no aniversário até a meia-noite e fugir para sua casa por algumas horas. Os olhares quentes que o Eduardo lançava em sua direção, só podiam significar que ele não seria contra a ideia.
Era engraçado como não foi difícil encarar tantos meses de abstinência, para se tornar uma pervertida fixada em sexo nas poucas horas depois daquela tarde inacreditável. A Mônica tinha pronta a resposta que daria à sua amiga que, com certeza, ia querer saber: foi o melhor acontecimento de toda a sua vida. Verdade absoluta.
A inexperiência do Eduardo não atrapalhou em nada, ele foi muito mais que tudo o que a Mônica tinha esperado, carinhoso, generoso e mesmo sendo uma dificuldade nítida, se recusou a gozar sem ela. Nenhuma das quatro vezes. Ha! Ela queria ver sua amiga superar isso. Não era para qualquer um e, provavelmente, o próprio Eduardo teria dificuldades em repetir a façanha, afinal, ter dezesseis anos e perder a virgindade eram dois fatores impossíveis de se serem repetidos por mais de uma única experiência.
— Que droga! — A Mônica apertou o volante ao ver a rua da Míriam lotada de carros, e seguiu devagar à procura de uma vaga. Ela só teve sorte no segundo quarteirão.
— Ali. — O Eduardo apontou.
— Não vai cabe — ela bufou. — Teria sido melhor ter deixado o carro lá na sua casa e ter vindo a pé.
— Eu te ajudo. — Ele desceu e a Mônica não teve escolha a não ser fazer as cinquenta mil manobras que terminaram com o carro espremido entre os outros dois.
— Tomara que na hora de ir pra casa um deles já tenha ido embora. Se entrar foi difícil, sair vai ser pior. — A Mônica bateu a porta do carro com mais força que o necessário, secando a testa suada com um lencinho de papel.
Ainda bem que o Eduardo percebeu que ela não estava com espírito de ouvir alguma piadinha sem graça sobre entrar e sair, e os dois seguiram em silêncio.
E essa música estridente? Por que uma música tão alta numa reunião íntima, de poucas pessoas?
Se a Míriam tivesse feito o que a Mônica suspeitava, no mínimo um assassinato seria cometido essa noite.
— Boa noite, seu Raimundo — ela cumprimentou o empregado no portão. — Trabalhando de porteiro?
— Boa noite, dona Mônica. A gente faz o que precisa. — Ele retribuiu o sorriso e fez sinal para eles entrarem. — A dona Míriam pediu pra senhorita procurar por ela.
— Tá certo, obrigada.
Por que ela precisaria procurar a amiga no meio de no máximo vinte pessoas? Ela e o Eduardo iam chegar e a Míriam ia estar... lá.
A Mônica se agarrou à mão do namorado de um lado e ao pingente do colar que ele lhe deu do outro precisando mais do que nunca que os poderes de harmonização de relacionamentos da pedra fizessem efeito naquela noite.
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Eduardo e Mônica
Fiksi Penggemar"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão? " - Renato Russo O ano é 1986. Eduardo e Mônica se conhecem e embarcam numa louca história de descobertas e amadurecimento. Uma mãozinha d...