Capítulo 8

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Tyler estava sentado na cadeira em seu quarto, tentando terminar o dever de matemática, quando escutou a porta se abrindo. Era sua mãe.

- Tyler, querido, posso conversar com você? - perguntou calmamente, se aproximando do filho.

- Se eu responder que não, você vai embora? - Encarou Kelly, seriamente. Não estava nem um pouco a fim de ouvir algum sermão ou ter uma discussão com a mãe.

- Eu estou tentando ter paciência, estou mesmo, mas você não colabora.

- Oh, então eu deveria concordar com tudo que você tem a dizer, mãe? - Bufou, voltando seus olhos para a apostila.

- Você vai começar a ir mais vezes ao consultório do Dr.Kripte e você vai conversar com ele, vai contar tudo que está acontecendo e...

- E o que? E se eu não fizer isso? - Seu tom de voz se elevou, mas o menino não estava gritando ainda.

- Tyler Robert Joseph! - A mais velha gritou - Você precisa colaborar comigo! Eu quero que você fique bem! Que volte a ser aquela criança feliz que era há anos atrás.

O menino continuava em silêncio, se esforçando ao máximo para não gritar com a mãe.

- Eu quero que você faça uma faculdade, que seja alguém na vida e não só... ficar aí dentro do seu quarto o dia todo esperando que alguma mágica aconteça. Você precisa ter força de vontade, precisa...

E então, Tyler explodiu.

- VOCÊ NÃO QUER QUE EU FIQUE BEM, MÃE! SÓ QUER QUE EU SEJA PERFEITO ASSIM COMO TODO MUNDO DESSA FAMÍLIA É! - Gritou, mas acabou parando quando viu a expressão assustada de Kelly - Me desculpe, mas eu não sou o seu filhinho perfeito, eu não sou quem vai fazer uma faculdade de medicina e te dar orgulho.

Se levantou da cadeira, já indo para fora do quarto, pisando duro. Não tinha ideia de onde estava indo, mas precisava sair dali, precisava ir para outro lugar que não fosse sua casa com sua família que não entendia pelo que o garoto estava passando.

- Onde você vai? - Perguntou Kelly, correndo atrás do menino.

- Dar uma volta, mãe. Você não vive dizendo que eu só fico trancado no meu quarto? - Respondeu, passando pela porta da frente, sentindo o vento gelado de fora.

- Chris! Faça alguma coisa! - Ouviu sua mãe gritando dentro da casa.

Não sabia como, mas depois de tanto andar e chorar sentindo dor ainda em sua cabeça, acabou chegando até a pequena montanha, onde havia ido alguns dias antes com Josh. Lembrou-se do menino dizendo que gostava de ir lá para ficar sozinho, sem seus pais enchendo o saco. Naquele momento, Tyler conseguia entende-lo e até que parecia uma boa ideia se jogar de lá de cima.

Ficou surpreso quando viu o carro do mesmo parado ali do lado, tocando uma música agradável e calma. Se aproximou mais, curioso, em meio às lágrimas, com a visão embaçada conseguiu ver, com dificuldade o menino do cabelo-de-algodão-doce deitado em cima do capô do carro, com os olhos fechados, segurando uma garrafa de cerveja.

- Quem está ai? - Joshua perguntou, se levantando rapidamente quando ouviu passos amassando as folhas secas.

Já firme no chão, Dun caminhou lentamente, ouvindo alguns gemidos e soluços abafados.

- Tyler? - Finalmente viu o rosto do menino, que estava todo vermelho por conta das lágrimas e do frio.

Ele estava em pé, como uma estátua enquanto mais e mais lágrimas desciam de seus olhos, encarava o chão, assistindo todas as lágrimas caírem em seu sapato.

O maior então, se aproximou com receio, devagar e quando viu que Tyler tremia devido ao frio e ao nervosismo, o abraçou forte, levando as mãos até a cabeça do garoto, fazendo com que a cabeça ficasse rente em seu peito, onde a jaqueta já estava começando a ficar molhada por conta das lágrimas que não paravam se cair dos olhos de Tyler.

- Você está tremendo... - Joshua sussurrou, esperando alguma resposta, mas apenas ganhando silêncio em troca.

Dun se afastou do menino por alguns segundos e tirou sua jaqueta, colocando no mesmo, que continuava paralisado no lugar.

- Vamos para o meu carro, lá é mais quente. - Sussurrou novamente, dessa vez recebendo uma resposta silenciosa de um "sim", com o gesto da cabeça do menor.

Então caminhou com um pouco de dificuldade por conta do garoto em seu peito. Abriu a porta de trás do carro, se sentando e trazendo o menino junto a si, o que resultou em uma posição constrangedora de Tyler em seu colo.

O mesmo não se importou com a estranha posição, ainda chorando, suas mãos estavam no peito de Josh, segurando a camiseta branca-molhada com força. Seus olhos estavam fechados.

- Tyler... - pronunciou o nome bem baixo, confortando-o, passando levemente as mãos em suas costas - Você quer conversar? Quer me contar o que aconteceu?

Não. Tyler pensou, mas não disse nada, estava muito ocupado chorando.

Ele não entendia muito bem porque estava chorando, só sabia que estava se sentindo mal pela briga mais cedo, porém também havia algo dentro de si o fazendo mal e ele não podia fazer nada a respeito, se sentia inútil e incapaz de lutar.

Mas Josh, o fazia se sentir um pouco melhor, o abraço do garoto o fazia se sentir melhor e Tyler só queria ficar ali.

- Tudo bem. - Josh concluiu, ainda bem baixo.

migraine ; joshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora