Capítulo 18

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- Tyler, você era muito novo... - o menino escutou Dr.Kripter dizendo, mas não prestava atenção.

Tudo que conseguia pensar era nos flash backs que ele havia tido todas essas semanas. Nada mais fazia sentido.

Tyler não se lembrava ao certo do que tinha acontecido, ele só se lembrava de pular daquele penhasco e depois, tudo era preto.

- C-como... como eu não morri? - ele perguntou para o doutor, com medo da resposta.

- Nós não sabemos ao certo. Seu pai o encontrou deitado na grama bem na beirada do penhasco. - apontou para Chris, que ouvia tudo em silêncio, sentado na cadeira.

- Por que eu não me lembrava? Por que...

- O trauma foi grande na época. Seus pais começaram a te trazer aqui. Você não se lembrava de nada, mas por algum motivo a sua mente ficou destruida. - ele falou calmo, tentando não pessionar o menino.

- Por isso eu sou do jeito que sou... - Tyler sussurrou, tentando processar tudo que estava acontecendo.

- Outras coisas também contribuíram para isso, Tyler... - o doutor olhou para Kelly, que enxugava uma lágrima.

Chris se mexia desconfortávelmente na cadeira, tentando se acomodar. Ele odiava ver o filho naquela posição, desde que Tyler começou a ter tantos problemas ele acabou se afastando um pouco, mas odiava o jeito que Kelly o tratava.

- Você tinha um amigo imaginário - Chris falou, recebendo um olhar de desaprovação de Kelly, porém continuou - Não me lembro qual era o nome dele, mas você vivia dizendo que ele falava coisas ruins. Acredito que foi esse seu amigo que...

- Já está bom, Chris. - Kelly falou, cortando a fala do outro.

- Não, não está! - o homem se levantou da cadeira, ficando de frente para Kelly - Você sempre quis esconder tudo dele, você sempre dizia que tudo o que queria era que o nosso filho fosse normal, mas não tem nada de anormal nele! Você diz que só quer que o Tyler melhore, mas tudo o que você quer é que o nosso filho seja perfeito. - suspirou, recuperando o fôlego - Nosso filho é perfeito do jeito que ele é, Kelly.

Tyler piscava várias vezes para o pai, não acreditando em tudo que ele havia dito.

- Agora eu sou a vilã da história? - Kelly pergountou, gesticulando com as mãos, indignada.

- Você sempre teve culpa em tudo, mãe. - Tyler respondeu, se ajeitando - Se eu soubesse disso antes...

- Iria ficar pior do que já é, Tyler. - ela bufou - Eu não te contei porque não queria que você se lembrasse de uma coisa que não tem necessidade, você só iria piorar.

- EU TENHO A MERDA DE PROBLEMAS MENTAIS, MÃE. EU JÁ SOU PIOR DO QUE EU PODERIA SER, ISSO É A MINHA VIDA! VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO...

- SIM, TYLER EU TINHA E TENHO O DIREITO DE ESCONDER COISAS DE VOCÊ SE ESSAS COISAS FOREM PRA TE PROTEGER! - ela gritou de volta, encarando o filho no fundo dos olhos, que já estavam cheios de lágrimas. 

- Tudo bem então. - respondeu, levantando-se da macia cadeira enquanto enxugava a única lágrima que escorria em sua bochecha direita. 

Foi até a porta do consultório, abrindo-a. Em seguida vendo Chris correndo para impedi-lo de sair. 

- Tyler... 

- Pai... - suspirou - preciso de um tempo para processar tudo... eu preciso... preciso me lembrar do que aconteceu. - deu uma última encarada nos pais e no doutor dentro do consultóro, saindo em seguida. 

O menino começou a caminhar pelas ruas de Columbus, ele havia somente um destino: o penhasco. Precisava ir para aquele lugar, precisava se lembrar o que tinha acontecido. 

Caminhou e caminhou por um longo tempo até chegar ao destino desejado. Já estava escurecendo e algumas estrelas apareciam no céu. 

Tyler encarou aquele lugar, fechando os olhos e tentando visualizar novamente o que havia acontecido. Ele não conseguia, tudo o que se lembrava era do sorriso maligno na sombra preta, nos olhos vermelhos e nas palavras. Quando você pular, eu vou gritar que você está sozinho, porque você sepre vai estar sozinho.

Assustou-se quando ouviu um barulho alto de motor e viu faróis ligados. Virou-se para trás rapidamente, vendo o carro de Josh. Josh

Tyler não havia visto o menino nos últimos dois dias. Sua mãe o privou de sair no final de semana dizendo que primeiro teriam que conversar com o Dr.Kripter. Ele sentia falta do namorado.

- Hey. - Josh falou, assim que desceu do carro, se aproximando do outro. 

O menino não respondeu o cumprimento, se jogando nos braços de Joshua e beijando-o. Josh sorriu, afastando-o rapidamente. 

- O que é isso? - perguntou, rindo do desespero do garoto. 

As bochechas de Tyler coraram quando lembrou-se do que havia acontecido na casa de Josh, quando os dois quase passaram o nível do relacionamento, e corou mais ainda percebendo que havia se arrependido por ter dado ouvido as vozes.

Encarou Joshua novamente, engolindo em seco e tomando coragem, voltando a beijar o garoto ferozmente. 

Encostou Josh no carro, enquanto ambos ainda se beijavam. Tyler desceu os beijos para o pescoço do maior, que se surpreendeu com as atitudes do outro.

- Ty... - arfou, se afastando um pouco - Você está bem? Nós não estamos indo rápido demais?

Tyler então bufou, se afastando mais. Encarou o garoto, tentando formular uma frase em sua cabeça. 

- Josh... - fechou os olhos, tomando coragem para falar - Eu estou pronto... eu quero... 

Josh havia entendido o recado. 

Voltou a beijar o menino, trazendo-o mais para perto de si, acabando totalmente com a distância entre os corpos.

migraine ; joshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora