O telefone da casa tocava.
Tyler estava sozinho, sua mãe havia acabado de sair, ela iria ao mercado.
O garoto se levanta lentamente, indo até a sala de estar, onde o telefone continuava tocando. Ele conhecia o número.
Incerto, pegou o aparelho e apertou o botão verde para atender. Ouviu uma voz rouca de fundo.
— Ty... — ele escutou. Era Josh. — Ty, me escute. Eu não tenho muito tempo.
— J-Josh?
— Escute, Tyler. — ouviu a voz do outro lado — Eu te amo, está bem? Eu te amo como nunca amei ninguém antes e eu vou até aí. Se precisar eu te tiro dessa casa, mas preciso que você me espere...
— Josh, o que está acontecendo? — lágrimas já escorriam em suas bochechas.
— Escute, eu estou com problemas, mas isso não importa agora. — ouve-se um suspiro triste do outro lado — Eu te amo, vou sair daqui logo. Eu vou te ver, Tyler. Hoje.
— Eu- — Tyler começou a falar, mas foi em vão. O outro já havia desligado.
Mas que porra foi essa?
Ele se perguntou, voltando a colocar o celular em seu devido lugar e subindo as escadas novamente.
Sua mente parecia um turbilhão de coisas ao mesmo tempo. Ele não parava de pensar no que o Dr.Kripter havia dito sobre o garoto que aparentemente o havia salvo. A sua cabeça doía novamente e parecia que o curativo não estava ajudando em nada, fora a enxaqueca do garoto que estava piorando.
Parece que voltei a ser o que eu era antes do Josh.
Suspirou, se jogando na cama.
Em sua cabeça, toda a cena de sua mãe dizendo coisas ruins à ele se repetia. Todas as vezes que ela disso algo ruim. Tudo vinha à tona. De novo e de novo, em um ciclo que nunca se acabava.
Olhou para sua cabeceira. Lá havia alguns potes de remédios que o Dr.Kripter o havia dado, mas Tyler não os tomava há um tempo. Para ele, os remédios não estavam ajudando em nada, mas dessa vez, decidiu obedecer o médico que desde a última consulta trocou os antidepressivos mais leves para outros mais pesados, que fariam um efeito melhor.
Tomou o primeiro comprimido do pote e logo depois, o segundo comprimido do outro pote. Deitou-se em sua cama, fechando os olhos.
Pensava em tudo, principalmente em Josh. Sentia tanta falta do menino e só faziam duas semanas que ele não o via. Pensou na ligação mais cedo, no que ele havia dito, tudo que Tyler queria era abraçá-lo novamente.
Eu estou sendo idiota. Ele pensou, abrindo os olhos assustado quando ouviu alguma coisa batendo contra sua janela.
Se levantou rapidamente, indo até e janela e olhando para ver o que era. Abriu, sem sucesso de conseguir enxergar, quando finalmente viu fios de cabelo rosa em cima da árvore ao lado da janela. Sorriso largo, vendo quem era.
— JOSH!!! — gritou animado, vendo o outro entrar na casa pela janela.
Tyler estava sorrindo como nunca, esperando Josh se virar para finalmente poderem se abraçar, mas quando o menino o fez, a alegria de Tyler acabou, se tornando preocupação, medo e desespero.
O olho de Joshua estava completamente roxo, suas bochechas estavam com machucados horríveis, assim como os braços dele.
— Josh... — Tyler sussurrou, se aproximando devagar, viu lágrimas escorrendo no rosto do outro, tocou seu rosto, onde os machucados estavam.
Tyler então, puxou o outro para um abraço, ouvindo um gemido de dor em resposta.
Ficaram ali, se abraçando por um bom tempo. Tyler conseguia sentir as lágrimas de Josh caindo em seu ombro.
— Me desculpe por demorar... me desculpe... eu não deveria ter ido embora aquele dia... eu... eu... — Josh falou se soltando do abraço, enquanto mais e mais lágrimas caíam.
Tyler foi até a porta de seu quarto, fechando e trancando-a, para evitar visitas inesperadas. Voltou a se aproximar de Josh, pegando em sua mão e levando-o até a cama.
— Não se desculpe. O que aconteceu? — perguntou, secando as lágrimas que ainda caíam dos olhos de Joshua.
O de cabelo colorido só balançou a cabeça, olhando para baixo.
— Só... não se preocupe, Ty.
— Joshua. — Tyler respondeu, apertando a mão do outro delicadamente — Me conte o que aconteceu.
O menino soltou a mão do outro, levando até seu rosto. Começou a chorar mais e mais.
— Meu pai. — sussurrou por fim.
— Foi ele quem fez isso com você? — Tyler perguntou, recebendo em resposta a cabeça de Josh balançando em forma de sim.
— Depois daquele dia... sua mãe foi até a minha casa, ela contou para o meu pai sobre eu e você. — ele respondeu, tentando secar as lágrimas — Meu pai ficou bravo. Ele me falou que isso era uma abominação, disse que eu era um monstro e você também. Eu não me importei com as coisas que ele disse sobre mim, mas quando meu pai começou a falar coisas horríveis sobre você... eu... — suspirou, voltando a segurar a mão do namorado — Eu fui pra cima dele.
Tyler escutava tudo em silêncio. Se aproximou mais de Josh, o beijando delicadamente. Joshua soltou um gemido de dor, por conta da mão de Tyler que estava em seu ferimento.
— Ty, eu te amo, e digo isso sério. Eu nunca amei ninguém como te amo, você é tudo pra mim Tyler. Por favor... n-nunca me abandone.
Joseph sorriu minimamente com as palavras do outro, voltando a abraçá-lo.
— Eu não vou.