Capítulo 11

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Josh ria sem parar da atitude repentina de Tyler de fugir de casa. A risada do garoto era contagiante.

- Sério, o que deu em você? - perguntou, parando de rir - Sua mãe vai te matar quando você voltar para casa.

Voltou a rir ao lembrar-se da cena, enquanto mantinha os olhos focados na estrada.

- Eu queria não ter que voltar. - Tyler suspirou tristemente, olhando para a paisagem que se passava por trás do vidro do carro.

Josh se calou por um instante. Não sabia o que pensar sobre a mãe de Tyler. Ela parecia tão legal e simpática...

- Ela é tão ruim assim? - Joshua perguntou, por fim, parando de rir, porém ainda prestando atenção na estrada.

Tyler assentiu, enquanto mais e mais montanhas vinham e iam fora do carro.

- Você não faz ideia... - suspirou - Ela quer que eu seja o filho perfeito, mas não posso ser o que ela quer. Sou cheio de problemas e minha mãe simplesmente não quer aceitar. - respondeu, ainda olhando para a paisagem - Ela quer me curar de todo jeito, mas não entende que eu não tenho cura.

O sol já estava se pondo, o que dava uma beleza ainda maior para as montanhas que tinham que atravessar para chegar até o penhasco. Tyler imaginou como seria explorar todas aquelas montanhas e como havia tanto mistério dentro delas, se pegou perguntando-se como nunca ouviu falar e nem viu as montanhas em dezesseis anos morando em Columbus.

E então, uma imagem estranha começou a se passar em sua cabeça.

Ele era criança e estava correndo com outro menino envolta das montanhas que os cercavam. O menino parecia ser da mesma idade que Tyler e ele ria sem parar, assim como Tyler. Eles estavam com brinquedos nas mãos e o sol também estava se pondo, como naquele exato momento. Tyler então encarou o menino e o mesmo ficou todo preto, ele parecia uma sombra desaparecendo e gritando. Tyler está sozinho. Tyler está sozinho. Gritava sem parar.

Joseph abriu os olhos assustado, se encostando mais no banco. Josh percebeu como o garoto estava tenso e assustado, posicionou sua mão em cima da mão do outro, que estava no banco.

Isso foi uma lembrança? Um sonho?

Várias alternativas se passavam na cabeça de Tyler. Tudo aquilo era muito estranho.

Joshua finalmente estacionou o carro, puxando o freio de mão e encarando o menino. Suas mãos ainda estavam uma em cima da outra, porém a mão do menor parecia suar cada vez mais.

- Está tudo bem. Eu estou aqui com você. - ele disse lentamente para que o garoto pudesse digerir todas as palavras.

Tyler ainda estava pálido e com o rosto completamente assustado.

- Respire. - Joshua sugeriu, ainda encarando-o - Inspire e expire. Inspire e expire - sussurrou.

Continuou sussurrando as palavras e Tyler o fez, sentindo-se mais calmo.

Inspire e expire. Inspire e expire. Nada é real. Inspire e expire.

- Quer sair do carro? - Josh perguntou, vendo que o amigo já estava melhor.

O menor assentiu, saindo junto com Josh. Ambos se sentaram em frente ao carro, olhando para o horizonte, assistindo as estrelas começarem a aparecer, em silêncio.

- Eu não consigo ser normal... - foi Tyler quem começou - Você sempre tenta me fazer sentir normal, mas eu não sou.

- Não é verdade.

- É sim! - virou-se para Josh, abraçando suas pernas com força - Jishwa... - suspirou, vendo o amigo sorrir, sem entender o motivo - Precisa parar de querer me ajudar, eu só atrapalho a sua vida como atrapalho a de todo mundo.

- Você não atrapalha a minha vida! - Josh exclamou, um pouco alto demais - Tyler, além de você eu não tenho mais ninguém. Todos os meus amigos se afastam de mim depois que descobrem que eu sou filho do prefeito da cidade, ou se aproximam por interesse.

Ficou surpreso. Josh era filho do prefeito? Isso explicava a enorme casa do menino, mas o pior era que Tyler nem sabia qual era o nome do prefeito da cidade em que mora a vida toda.

- Você nem faz ideia de quem meus pais são, e também não se importa. - Joseph sorriu, deixando de abraçar seus joelhos agora e chegando mais perto do outro.

Não entendia o porquê, mas sempre sentia essa necessidade de chegar mais perto do amigo. Seu cheiro era tão bom e Tyler ainda queria sentir a textura de seu cabelo, só para ter certeza que não era mesmo um algodão doce.

Josh voltou a encara-lo. Estavam a milímetros de distância e agora, um podia sentir a respiração do outro. Ambas estavam calmas, mas Tyler estava nervoso. Muito nervoso.

Desviou o seu olhar para a boca de Josh, voltando a se perguntar qual era o sabor de seus lábios.

Porém, saiu de seus devaneios quando ouviu um grito estridente que se aproximava cada vez mais, gritando a mesma coisa repetidas vezes.

TYLER NÃO ESTÁ MAIS SOZINHO. TYLER NÃO ESTÁ MAIS SOZINHO.

migraine ; joshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora