Sleep on the floor • [E.A] (PAUSA)

18

A janela de Spencer sacudiava com o vento forte que batia contra ela. O barulho era repugnante, mas o silêncio era o verdadeiro veneno daquela tarde. Rosewood high school dava aos alunos um tempo para o almoço, apenas 30 minutos de liberdade antes de voltarem a prisão chamada ensino médio. Foi graças a esses 30 minutos que costumava passar rápido, que agora elas estavam presas umas as outras.
  Era difícil falar sobre isso, ninguém as ensaiou para falar sobre um bebê de sua melhor amiga. Pior do que falar sobre o bebê é falar sobre o aborto.
Como elas podiam a apoiar nisso? Mas como elas também podiam descordar disso? Não era sobre um labrador que Aria achou na rua e levou para casa. Era um bebê! Com mãozinhas e perninhas que todas sonham em fazer algum dia.

─ Você tem certeza que irá fazer isso?

─ Eu não sei. ─ Aria perdia as forças nas palavras. ─ É o meu bebê, Emily. O futuro dele ou o meu.

A morena sentada ao chão colocou a mão sobre a de Aria. Seu polegar acariciava as costas da mão da amiga que agora já não conseguia mais prender o choro. O ar abafado conseguia deixa-la mais nervosa. Sua garganta parecia fechar, e o estômago ─ com os restos de uma maçã verde ─ borbulhava. Aria se sentia mal por pensar nisso e mais ainda por querer criar-lo.

─ Conversa com o Ezra, ele vai apoiar você independente de qual for a escolha. ─ Emily continuou. ─ Nós vamos te apoiar, sempre, ok?

─ Apoiar? Como eu posso apoiar ver a minha melhor amiga deixar de lado todos os planos por uma criança que complicará tudo? E Harvard? Miami?A faculdade de fotografia? Eu não posso vê-la se destruir por um feto. ─ Ela pausou para respirar ─ Simplesmente não posso. ─ Spencer limpou uma lágrima presa no cateiro de seu olho.

─ E o que você quer que ela faça? Que Aria simplesmente tire a vida do bebê que ela quer? Plano principal de Aria sempre foi Ezra! É a família deles, Spen. Você mais do que ninguém sabe que na maioria dos abortos a mulher custa a engravidar novamente. ─ Alison alterou a voz deixando os testes em cima da mesa. Aria, que apenas observava, se encolheu nos braços de Emily, ela nunca viu as amigas reunidas em uma decisão sobre seu futuro. Era aterrorizante. Preferia morrer a ter que decidir sobre isso.

─ São estatísticas Alison! Pequenos porcentos!

─ E você quer falar de porcentagem pro bebê que superou cinco e sete porcento?

Elas ficaram em silêncio.

─ Eu acho... ─ Hanna se manifestou suavemente. ─ Que essa escolha é dos pais, e não nossas.

Dos pais? Pensou Aria. A duas semanas atrás a única escolha que ela precisava fazer era sobre ir na Forever 21 ou Gucci do shopping. Como ela poderia fazer a escolha sobre a vida de um pequeno e inocente bebê? Na verdade ─ No fundo de seu peito. ─ Ela desejava que a discussão das meninas pudessem a levar a uma escolha lógica. Que as amigas pudessem decidir quanto ao seu bebê sem que ela opinasse.

─ E se eu der a adoção?

─ Não acha que seu pai se preocupará com a imagem da família?

─ Se ele não aceitar minha escolha, seja lá qual ela for, ele não é minha família.

{...}

Aquele raios alaranjados passavam entre os pinheiros do campus, iluminando o gramado verde. Os alunos costumam ficar por ali. Tanto para matar aula, quanto para estudar. O som do assobiar de alguns pássaros, de diversas espécies, melodiavam o local. Debaixo de uma das árvores, degustando da sombra, estava Ezra com os fones de ouvido brancos intubados em seus ouvidos. Sua cabeça estava encostada na perna de Aria, que olhava Noel Kahn correndo pela grama, jogando e pegando o boomerangg com Holden. Ela estava distraída, pensando em como o objeto conseguia ir e voltar. Óbvio que havia física envolvia nisso, mas ela não conseguia imaginar uma teoria para isso, pois em sua cabeça passava apenas como ela conseguiria contar isso para o garoto que estava deitado em seu colo. Talvez devesse esperar até o baile, já que não parecia correto contar a Ezra que ele seria pai dois dias antes de seu aniversário de 18 anos. Afinal, quando se faz um aniversário as pessoas esperam um carro de presente e não um filho.