Dar o seu jeito

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Ezra prendeu a atenção no caminho que Aria acabara de tomar. Olhar aquele rastro era como desejar que ela ainda estivesse ali. E ela deveria, mas tudo e todas as coisas mudaram dramaticamente nos últimos tempos. Como ele poderia olhar-se ao espelho e não tomar a consciência que é pai. P-A-I, com todas as letras. Ezra Fitz é pai de um criança que ainda não conhece o mundo.

Ele deu um passo e rezou a Deus para que ela não estivesse tão longe dele.

─ Aria? ─ Ele gritou assim que tomou consciência do que estava acontecendo. Foi trago de volta a realidade. ─ Aria? ─ Ezra correu pelos quatro cantos da casa. Esbarrando nos corpos acumulados.
Ele correu até o quintal da frente e chutou a pequena mesa de madeira com linhas de pó branco em cima. Os garotos que o cheiravam olharam a grama granulada e até chegaram a levantar o dedo para reclamar, mas Ezra estava esbanjando tanta raiva que nem mesmo uma pessoa drogada tinha a audácia de entrar em seu caminho.

─ O trafico tá muito caro para você jogar droga no chão. ─ Uma voz vindo de cima da árvore o fez olhar para cima. Aria estava sentada de pernas abertas com um galho passando entre elas.

─ Desce daí, quero falar contigo.

─ Eu não, você acabou com a mesa.

─ E o que isso tem haver?

─ Acredito que a raiva seja de mim.

─ Vai me fazer te buscar aí em cima?

─ Tenta a sorte.  

O galho estava pouco a cima se sua cabeça. Os cadaços desamarrados de Aria balançavam sobre a cabeça dele. Ezra segurou o pé esquerdo da menina e o puxou para baixo com toda a força. Ele era extremamente forte e ela desprotegida. Não demorou nem dez segundos para que Aria caísse sobre ele.

─ Vamos dar um jeito ─ Ezra falou olhando fundo nos olhos verdes da garota. Ele segurava-a firme em seus braços, como se estivesse prestes a ninar ela. Aria passou os braços em volta do pescoço do rapaz e reprimiu os lábios evitando demostrar entusiasmo. ─ Vamos cria-lo.

─ E como vamos fazer isso?

─ Eu não sei.

─ Mas é muito inteligente mesmo. ─ Ela ironizou descendo no colo dele. Aria parou em sua frente e encostou os lábios no ombro de Ezra.

─ Você me menospreza muito.

─ Você que não usa o cérebro que lhe foi dado. ─ Aria ficou na ponta dos pés até sua boca alcançar o pescoço do menino. Ela abocanha sem excitar.

─ Fica difícil pensar desse jeito.  ─ Ele segurou a cintura dela.

─ É de se perceber. ─ O som soou abafado. Aria colocou as mãos sobre as de Ezra e as desceu até que chegasse a sua bunda, afastou a boca do corpo do menino e o lançou um olhar sereno. ─ Já deu meia noite. ─ Ela disse olhando para cima. Mantendo seu foco na casinha na árvore, rodada de pisca-pisca, com um relógio na madeira pendurado.

─ Faz um desejo.

─ Por que?

─ Porque é seu aniversário.

─ Tinha esquecido. ─ Aria fechou os olhos por longos segundos, e respirou fundo renovando o ar de seus pulmões. Ela sorriu como nunca antes.

─ O que pediu?

─ Nada. ─ Falou abrindo os olhos, mas logo percebeu que ele não acreditava. ─ Tá, eu pedi um sorvete de café com cantilly e fini.

─ Gastou seu pedido com comida?

─ Eu sou movida a comida, Ezra. 

Sleep on the floor • [E.A] (PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora