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O abajur ao meu lado era a única fonte de luz no quarto. As cortinas espessas estavam fechadas, impedindo o sol de entrar, e não queria acordar Molly ao ligar as luzes do cômodo. Mas, felizmente, a parca luz do abajur já era o suficiente para me deixar ler os relatórios.

Renée estava certo, mortes num padrão estranho estavam acontecendo nas colônias, e até mesmo na Inglaterra, nosso centro de poder, aonde Azriel sempre manteve vista grossa. Haviam relatos de mortes semelhantes em quase todos os lugares do mundo - vampiros encontrados completamente desfigurados. E não eram tão poucas mortes assim. Na Rússia, 40 mortos nos últimos dois meses. Na Austrália, 35 mortos. Na França, 27 mortos. E assim a lista seguia.

Peguei os relatórios da colônia americana, curiosa em ver se havia algo lá. Eu não era encarregada dos relatórios, Nicolas era quem os fazia e entregava a mim. Mas, depois de alguns anos, parei de lê-los e Nicolas parou de tentar me entregar os papéis.

Li com atenção, vendo informações inúteis no papel até achar a lista de mortes.

"Acidentes: 8 mortos.

Derivadas de rivalidade (entre vampiros/entre raças): 2 mortos

Não identificadas: 52 mortos."

Senti minha garganta secar ao ler os números. 52 mortos com causas não identificadas.

Peguei o celular, procurando o número de Nicolas e ligando na mesma hora, levantando do divã, nervosa. Caminhei de um lado para o outro até que Nicolas atendeu o telefone, com uma voz sonolenta.

"Olivia?"

Franzi o cenho e olhei a hora num relógio que estava perto do divã. Duas da tarde. O que queria dizer que eram sete da manhã lá e que ele estava atrasado para os compromissos que eu o encarreguei de tomar conta enquanto eu estava fora.

Respirei fundo, resolvendo deixar aquilo de lado naquela hora, e comecei meu interrogatório. "Nicolas, por que não me avisou das mortes por causas desconhecidas?"

"Eu não achei que era importante..."

Parei de caminhar. "Não era importante? Nicolas, foram cinquenta e duas mortes. Geralmente essa estatística são duas mortes ou até nenhuma por mês! E você não achou importante falar?"

"Você não lê os relatórios!"

"Mas você lê! E cinquenta e duas mortes não é exatamente um número comum para nós." passei a mão no rosto, tentando me acalmar "Como foram encontrados os mortos?"

"Estavam estraçalhados, só conseguimos identificar que eram vampiros por causa das presas."

"Certo. Se você ouvir de mais algum caso desses, me avise imediatamente. Há alguma coisa grande acontecendo."

"O que você quer dizer com isso?"

"Quero dizer que essas mortes vão além de nossa raça. Aparentemente não somos os únicos perdendo tantos em tão pouco tempo..."

"Mesmo? Eu pensei em colocar a culpa nos lobisomens..."

"Você é idiota? Iria começar uma nova guerra civil!"

"Mas-"

"Não. 'Mas' nada. Apenas cuide do que foi designado para você, e tente não fazer nenhuma besteira."

"Sim, senhora."

Com isso, eu terminei a ligação. Sentei no divã e escondi o rosto em minhas mãos. Como eu não tinha notado aquilo antes? Era vergonhoso como eu havia deixado aquela informação passar, mas agora não havia mais o que fazer. Precisava agora me concentrar em abordar o assunto na reunião que começava daqui a uma hora.

Races - Livro 1: Vampiros (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora