VI

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A noite já estava sobre nós e a reunião parecia não acabar. Não haviam mais problemas reais a serem discutidos, apenas debatiamos como rivais.

Lorell nos olhava como se estivesse desapontada, e eu não podia culpá-la. Pareciamos crianças brigando por besteiras, mas, apesar de todos sabermos disso, não conseguiamos parar. Naquele momento, me perguntava se ela se arrependia de ter criado todas aquelas raças.

Em algum momento, quando o sol já estava se pondo e os assuntos de real importância já tinham sido debatidos, Lorell convidou Molly para sentar-se a mesa, pedindo que trouxessem uma cadeira para ela. Aquele foi o ponto em que entendi que ela não estava mais levando aquela reunião a sério.

Doía pensar que amanhã estariamos de volta naquele salão, ouvindo mais problemas que não importavam a ninguém.

Molly estava sentada entre mim e Riley, e, aparentente, os dois tinham se dado bem. Eles conversavam animados; Riley explicava a Molly o que era um animorfo e a garota ouvia com um brilho de admiração nos olhos.

"Então vocês podem se transformar em animais?"

"Sim, cada animorfo é um animal diferente. Tenho um amigo que é um castor. Ele vive perto de um rio no Canadá. Vive arranjando confusão."

"E você? Se transforma em que?"

"Eu me transformo numa raposa."

"É por isso que você é ruivo?"

Riley riu. "Não, acho que foi só mera coincidência."

Graças a recepção amigável que Molly recebeu, eu relaxei um pouco e mergulhei em pensamentos. Mais especificamente, nas mortes que estavam acontecendo.

A possibilidade de ser um Ghoul estava na mesa, mas, para que a possibilidade fosse real, teria que ter mais de um Ghoul a solta para que os ataques ao redor do mundo fizessem sentido. Será mesmo que o feitiço dos Ninphs estaria fraco, depois de todo aquele tempo?

Não fazia sentido, simplesmente não fazia. Os Ninphs eram conhecidos por sua organização e seu empenho. Não fazia sentido eles não checarem o feitiço, mesmo depois de tanto tempo. Além disso, lembrava-me de ouvir de Azriel sobre a guerra. Lembrava-me claramente de suas palavras quando me falou sobre o feitiço. Haviam Ninphs encarregados de checar o sono dos Ghouls de década em década. Quando teria sido a última checagem? E o que poderia ter mudado desde a última vez?

Fui tirada de meus pensamentos quando ouvi meu nome ser dito por Arin. Olhei para ele, sem saber ao certo o que ele havia dito, mas, pelo seu olhar, não havia sido coisa boa. Já irritada com ele, resolvi refutar o que quer que ele tenha dito com um pouco de grosseiria.

"Desculpe, o que disse? Não estava prestando atenção em sua voz irritante."

Arin cerrou os olhos. "Eu disse, chupa-sangue, que seu líder é tão irresponsável que teve de mandar uma novata para representar sua raça."

Soltei uma risada debochada e rolei os olhos. "Eu compareço a reuniões como esta desde antes de você sonhar em nascer, Lacamoire. O novato aqui é você. Quantos anos você tem mesmo? Vinte e oito? Que gracinha."

Percebi como todos pararam o que faziam para observar a briga. Nem mesmo Lorell parecia querer se meter.

"Eu comando uma raça inteira, e você?"

"A maior colônia de vampiros do mundo, além de ter sido pupila de Azriel."

"Você não é especial, vampira. Todos os líderes de sua raça já foram pupilos de Azriel. Conheço um pouco da história de sua raça, garota."

Races - Livro 1: Vampiros (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora