XIV

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Cinco dias.

Cinco dias foi o tempo necessário para eu perder toda e qualquer humanidade que ainda restava em mim. Era patético como em tão pouco tempo eu havia me tornado hostil.

Cinco dias haviam se passado e não havia sinal de Molly em lugar algum. Eu havia obrigado cada vampiro da colônia a procurar por ela, havia inclusive conseguido entrar em contato com Arin e Riley, e os lobisomens e os animorfos também entraram na busca, mas sem sucesso.

Eu não dormia e isso não ajudava em nada meu estado. Me mantinha acordada e viva a custo de litros e litros de sangue que me davam a energia que eu precisava, mas não me fazia sentir viva de jeito algum. Eu podia sentir minha sanidade indo embora pouco a pouco a cada segundo que passava, mas não era minha sanidade que me preocupava, e sim Molly.

Fui tirada de meus pensamentos quando as portas da sala do trono se abriram bruscamente e Ezekiel entrou, usando roupas formais. Eu não falei nada, apenas o encarei sem deixar emoções passarem pelo meu rosto. Ele parecia desapontado e triste com algo.

"Minha senhora." ele disse, o desgosto nítido em sua voz, e se curvou levemente "Tentei vir o mais rápido possível, peço desculpas pela demora."

"Por que está falando assim?" minha voz ecoou pelo salão vazio e ele ajeitou sua postura

"Você está na sua sala do trono, um dos lugares que você mais odeia no mundo. Está sentada dando ordens e me olhando como uma assassina." ele me olhava desafiador e parecia com raiva "Imaginei que já que você está se comportando como Azriel, eu deveria tratá-la como ele."

Arregalei os olhos e ele me desafiou a negar suas palavras, mas a raiva estava borbulhando em meu corpo. Como ele se atrevia a falar aquilo? Me comparar a Azriel?

Minhas presas se alongaram e, sem que eu mesma percebersse, eu já estava de pé, controlando o corpo de Ezekiel e o fazendo se curvar. Ele forçou a cabeça para cima e me olhou com desaprovação.

"Vê o que eu estou dizendo?" ele disse com dificuldade

Um pouco de sanidade pareceu voltar a mim e eu o soltei, vendo-o levantar vagarosamente enquanto eu o olhava com os olhos arregalados. Voltei a sentar em meu trono e escondi meu rosto em minhas mãos. Eu tinha que me controlar, eu estava me perdendo, deixando a raiva controlar tudo, mas era quase impossível. A sensação de que eu havia perdido parte de mim era gigante e eu sabia que eu só voltaria ao normal quando eu achasse Molly.

Se eu achasse Molly.

"Você está se deixando levar-"

"Ezekiel, eu perdi Renée e agora Molly. Não aja como se eu não estivesse agindo como deveria."

"Você matou quatro vampiros nos últimos cinco dias por raiva! Eu ouvi os boatos."

"Eles foram inúteis e insolentes."

"Você está falando como Azriel."

"NUNCA MAIS ME COMPARE A ELE, ME OUVIU?" gritei, minha voz falhando, enquanto eu me levantava rapidamente "NUNCA MAIS ME COMPARE ÀQUELE MONSTRO."

"Não, você tem razão, não posso comparar você a ele." ele se aproximou, me olhando com os olhos carregados de raiva "Você é pior."

Meus olhos se arregalaram e eu agi por instinto quando meu punho se fechou e eu o esmurrei no peito com toda a minha força. Ele voou pela sala, batendo as costas na parede e caindo de cara no chão. Me aproximei dele rapidamente e o agarrei pela gola do terno que ele usava, o levantando do chão. Meu rosto estava contorcido em raiva e mágoa, as lágrimas que eu não havia deixado cair nos últimos cinco dias pareciam vir todas de uma vez.

Races - Livro 1: Vampiros (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora