XIII

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Ezekiel estacionou em frente ao aeroporto, junto a alguns táxis. Pessoas caminhavam com malas para dentro e para fora do prédio, distraídas com seus afazeres e completamente alheias ao resto do mundo. Molly foi a primeira a descer do carro, indo até o porta-malas para retirar nossa bagagem. Me mantive sentada ao lado de Ezekiel, que me olhava curioso, esperando que eu descesse.

"As coisas estão se agitando, Ezekiel..." olhei para o retrovisor e vi Molly no celular, distraída atrás do carro, já segurando nossas malas "E se algo acontecer a ela?"

"Você é mais do que capaz de protegê-la."

"Não... Não sou. Há coisas além dos meus limites." minha voz era apenas um sussurro e, se não fosse a audição aguçada dele, ele talvez não conseguisse me ouvir "Trazê-la talvez tenha sido o maior erro que cometi. Eu a expus ao meu mundo e agora esse mundo pode matá-la. Enoch já se encarregou disso, pra falar a verdade."

Ezekiel me olhou, confuso e eu sorri soturnamente. Não precisou que eu explicasse nada para que ele entendesse que algo estava acontecendo. Ele voltou seus olhos para a estrada, pensativo, e eu pude ver os nós de suas mãos esbranquecerem ao segurar o volante com força.

"Eu vou para os Estados Unidos em alguns dias então." franzi o cenho e o encarei, sem entender "Quanto mais gente ao seu lado, melhor. Você não é a única que se preocupa com Molly, Olivia. Odeio admitir mas a garota humana conseguiu minha afeição assim como conseguiu a sua."

"Você é parte do Conselho, como vai conseguir convencê-los a sair do país sem motivo aparente?"

"Eu dou meu jeito, não se preocupe."

"Então vai me ajudar a protegê-la?"

"Como eu puder, sim."

Eu senti como se um peso estivesse sendo retirado do meu peito e sorri para Ezekiel. "Obrigada."

"Não me agradeça, apenas me prometa um bom chá quando eu for para lá."

Franzi o cenho. "Achei que você não tomasse mais chá desde que você cometeu o erro idiota de tomar de mais e suas veias ficaram entupidas."

"Eu sou britânico, Olivia, eu não resisto a uma xícara de chá." ele fez uma careta "Se bem que é difícil não lembrar do chá misturado com meu sangue saindo do meu braço depois do corte que você fez para evitar que eu morresse."

"Foi uma das coisas mais nojentas que eu já vi e eu não tomo mais tanto chá quanto tomava desde aquele dia." balancei a cabeça e ele riu

Ouvimos três batidas na janela do carro e viramos o rosto para ver Molly com as sobrancelhas arqueadas. Abaixei o vidro e a olhei sem emoção alguma.

"Sim, pois não?"

"Madame, vamos saindo do carro? Não quero perder o vôo."

"Já que pediu com tanta educação, tudo bem." me virei para Ezekiel uma última vez e lhe dei um abraço, sentindo-o retribuir "Vejo você em alguns dias."

"Se cuide."

Soltei uma risada fraca. "Nunca fiz isso."

Saí do carro, pegando as malas mais pesadas enquanto Molly se despedia de Ezekiel. Ficamos observando por um tempo enquanto ele dirigia para longe do aeroporto mas logo entramos no prédio para poder voltarmos para casa.

Meu celular marcava 6 da noite quando finalmente chegamos em Atlanta e pegamos nossas malas. Eu me sentia mais leve estando de volta aos Estados Unidos, o mais distante possível de Azriel e toda aquela bagunça.

Races - Livro 1: Vampiros (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora