Prólogo

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"Temos medo de ter mais coisas importantes para nós.
Vivemos nos fechando, mas parece que vamos acabar nos aproximando de qualquer maneira.
Então se o destino tentar nos separar
Quero protegê-lo, mesmo se isso destruir este mundo!

Mesmo sabendo que esse sonho é passageiro,
Eu ainda quero viver minha vida com alguém.

Mesmo se eu aprender a dor da perda
Eu irei sempre estar ansiando por alguém."

— Sayonara Moon Town, Scenarioart

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     Passei longos anos preso em uma terrível escuridão. Eu, Uchiha Sasuke, dono de olhos capazes de ver movimentos tão rápidos, impossíveis ao olho nu, não conseguiu enxergar o caminho obscuro que traçava.

      Perdi meu clã, mas ganhei amigos. Cego por vingança, não hesitei em quebrar esses laços. Eu sempre estava certo em tudo.

      Mas, e se eu parasse ao menos para ouvir, tentar entender o que todos eles me falavam a respeito de uma nova vida? Talvez eu não estaria nessa situação; preso em segurança máxima, sem o direito de ver ou falar com alguém. E ainda que eu  tivesse a chance, essa seria a última coisa que faria. Em mim existia uma recusa, um medo em meu peito do julgamento que fariam à mim, ainda que eu mereça. E pior do que isso, era ter de lidar com ela; Haruno Sakura. Aquela quem fez crescer em mim o amor como flores nascem nas cerejeiras. E depois da tempestade, meu coração se encontrava carregado delas, como em uma primavera.

     Eu sei que dentre todos foi a que mais sofreu, e a que mais suportou. E não nego em dizer que a amava. Eu a amava inconscientemente, de um jeito que ninguém seria capaz de entender pois Sakura conseguia me fazer perder o juízo — ou encontrar ele — quando tudo me puxava para o inconsequente.

     Esse era o seu problema: conseguir penetrar um coração que deveria se manter impenetrável, imutável, blindado.  E de tanto amar, ela se tornou meu mais perigoso inimigo.
 
     Lembro-me vagarosamente da noite em que aceitei ao chamado de Orochimaru e por um momento, enquanto ouvia a voz de Sakura ecoando em meus ouvidos, eu estremeci. Pensei em retornar, em recuar, em desistir dos planos que me empurraram a perdição.

     As propostas de Sakura eram tentadoras ao ponto de me fazer querer ceder a todas elas. Ela era boa em tentar me fazer olhar para trás.

     Quando ela se ofereceu para ir comigo, eu quase aceitei. Eu a queria por perto, ao meu lado, dentro da meu campo de visão para que eu viesse a protege-la. Mas no fim eu percebi que precisava lhe proteger de mim mesmo, pois eu era meu pior inimigo e como faria para proteger Sakura dos meus surtos, dos meus medos, da minha fúria?

      Eu a queria por perto, mas muito além disso eu queria vê-la feliz. Uma felicidade que Sakura não encontraria ao lado de um garoto com o coração esmagalhado, torturado, arrebentado. Temia que o único amor que existia em meu peito, que era constantemente alimentado por ela, não fosse o suficiente para mantê-la bem como deveria.

     Eu aprendi da pior maneira que amar, também significa deixar. E por falta desse amor, meus dias se tornaram sempre mais cinzas, apagados, até que um dia a última pétala de cerejeira se tornou incolor também e eu me perdi de mim mesmo.

      Mesmo em meu ódio, mesmo em minhas dores, minha intenção nunca foi a ferir. Ainda que tenha feito coisas do qual me arrependo diariamente, essa nunca foi minha intenção. Ainda que por pouco tenha manchado minhas mãos com seu sangue, não era o que eu realmente desejava. Mas ainda assim, com todos os meus defeitos e com meu coração quebrantado, arrependido dolorosamente, eu ainda procuro por mais do seu jardim. Eu ainda quero fazer as árvores em meu coração florescerem com o seu amor e somar todo o sentimento que ainda tenho guardado em minhas memórias.

      E por todo esse tempo preso num castigo merecido, eu me pergunto assim que tiver minha liberdade concedida: Será que ela ainda estará disposta a cuidar de um jardim abandonado, de um canteiro pisoteado e de uma árvore quase morta? Será que eu terei a oportunidade de usufruir dos desejos que tanto tenho tido, do amor que sempre sonhei?

Recomeçar - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora