Capítulo II - Um lugar de lembranças

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Talvez eu saiba em algum lugar no fundo da minha alma, que o amor nunca dura, e temos que achar outras maneiras de fazer isso sozinhos, ou ficar com uma expressão séria. E eu sempre vivi assim, mantendo uma distância confortável. E até agora eu tinha jurado a mim mesmo que eu estava satisfeito com a solidão, porque nada disso algum dia valeu o risco. 

Bem, você é a única exceção.

— The Only Exception, Paramore.





— Você irá dormir comigo, huh? — Naruto caminhava apressado pelo quarto, puxando um colchão reserva próximo ao guarda roupa — O quarto pode não ser tão grande, mas cabe nós dois. Se estiver ruim, apenas venha para a minha cama que dormimos de conchinha. — Piscou, estendendo o objeto macio sobre o chão.

      Fiquei reparando Naruto caminhar de um lado para o outro, invejando dentro de mim sua personalidade e facilidade para lidar com outras pessoas. Fiquei analisando-o por um bom tempo, tentando decorar algum dos seus modos que poderiam me fazer ser um pouco mais normal.

      E se eu cortasse meu cabelo bem curtinho? Retirasse minha franja, mudasse as cores do meu traje para um tom mais vivo e alegre? E seu eu sorrisse mais, conversasse mais e fosse um pouco mais aberto para os outros? Será que assim Sakura pudesse voltar a me amar como antes?

— Mas aí seria o Naruto ... não eu. — Sussurrei frustrado, retirando a mão que se apoiavam sobre meu queixo. Apertei meus olhos, abrindo-os logo após afim de expulsar aqueles pensamentos absurdos — E onde Sakura dormiria? — Falei mais alto, chamando a atenção do garoto para mim.

— Ela tem sua própria casa. — Me olhou ao mesmo tempo em que paralisava o que estava fazendo — Estamos namorando e não acho que convém dormimos juntos. Não agora ... — Retornou seus afazeres - Também não estou dizendo que pretendemos esperar o casamento. Apenas esperando o momento certo para dar o próximo passo.

      Franzi o cenho ao ouvir Naruto proferir suas palavras, tentando conter ao máximo a careta que insistia em tomar completamente minha expressão. Minha mente fértil me obrigava a assistir no telão do meu cérebro a cena clara e nítida do Naruto conhecendo por completo o corpinho miúdo e precioso da Sakura.

      Droga! Desde quando eu me preocupava com a sexualidade alheia? Eu sequer pensava na minha!

      Com a voz entalada em minha garganta, ainda assim decidi por continuar a conversa ao tentar não aparentar uma ameaça. A última coisa que eu queria era me tornar um intruso entre eles.

— Quando irão se juntar em matrimônio?

— Não conversamos muito sobre isso, mas se eu fosse escolher seria amanhã, ou ainda hoje. — Respondeu sem mesmo direcionar seu olhar ao meu — Quando você foi solto, devo admitir que senti alegria e também tristeza. Não posso negar o fascínio que ela tem por você. Um casamento nesse momento me deixaria realmente tranquilo.

— Se acha que ela não o ama, por qual motivo se mantém junto a ela? — Juntei a sombrancelha em descrença. Aquele relacionamento estava começando a se tornar frágil demais para mim.

— Uma vez me disseram que vivemos dois intensos tipos de amores. O amor da sua vida e para a sua vida. — Parou de ajeitar o travesseiro, sentando-se na beirada da sua cama. Naruto entrelaçou seus dedos apoiado se sobre suas coxas, me encarando como quem conversasse com uma criança — O amor da sua vida é aquele que você queria que desse certo. O amor para a sua vida é aquele que você não queria, mas por um motivo deu. — Ele se levantou, caminhando alguns passos em minha direção — Você acha que me encaixo em qual dos dois?

Recomeçar - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora